IA na saúde: como funciona e quais os benefícios
Saiba como a inteligência artificial impacta a área de saúde e pode mudar a relação entre médico e paciente
Pouco tempo atrás, quando pensávamos em Inteligência Artificial, era comum imaginarmos algo distante, apenas presente nos filmes de ficção científica. Porém, a cada dia que passa, essa tecnologia está mais presente na nossa vida, facilitando a rotina e aumentando o bem-estar.
Neste artigo, você vai ler:
Mas, o que é realmente a IA e como funciona na saúde? Primeiramente, você deve esquecer aquela ideia de robô típico dos cinemas. Quando falamos em inteligência artificial, falamos de programas de computador e algoritmos matemáticos de última geração.
Sendo assim, por meio de diversos dados, é possível solucionar um problema específico, de forma bastante detalhada, em frações de segundos e ainda propor soluções.
Parece complexo, mas na prática a IA ajuda a ter diagnósticos mais rápidos, otimiza recursos e oferece cirurgias mais precisas. Por tudo isso, tem contribuído com a melhoria do atendimento médico e da experiência dos pacientes.
Esta nova tecnologia simplifica a vida de pacientes, médicos e administradores de hospitais, realizando tarefas que normalmente são feitas por humanos, mas em menos tempo e com menos custos.
“Quando pensamos na medicina do futuro, a IA ocupa posição de destaque nesta evolução. O avanço tecnológico com acelerada transformação digital tem impactado de forma significativa a condução da promoção da saúde”, afirma Heron Werner, médico do IEPD (Instituto de Ensino e Pesquisa da Dasa).
A seguir, você acompanha como a inteligência artificial já mudou o rumo da medicina e como pode salvar mais vidas.
Mudanças na medicina e benefícios para a população
Nas últimas décadas, a inteligência artificial tornou-se a mais poderosa ferramenta de transformação no setor de saúde. Desde o diagnóstico até a escolha dos procedimentos de tratamento, por meio da IA é possível realizar intervenções mais eficientes e precisas e contribuir com o controle e rastreamento de diversas doenças. Mas, os benefícios vão além disso.
“Fazer diagnósticos mais precoces e de forma mais precisa, ajudar os médicos a cometer menos erros, além de quantificar vários biomarcadores que não conseguimos ver a olho nu são algumas das vantagens da IA na saúde”, resume Felipe Kitamura, neurorradiologista e superintendente de inovação aplicada e inteligência artificial na Dasa.
De acordo com o especialista, a IA é benéfica tanto para os médicos quanto para os pacientes. “Para os médicos, funciona como uma ferramenta adicional que permite maior precisão e segurança. Já para pacientes, é benéfica devido ao diagnóstico mais precoce e a possibilidade de ter mais informação sobre a sua saúde”, complementa Kitamura.
Veja abaixo algumas mudanças e contribuições da IA na saúde:
Otimização de recursos
Os sistemas de saúde estão usando cada vez mais a inteligência artificial para melhorar processos, aumentar a produtividade e otimizar o desempenho.
Algumas ferramentas de IA podem, por exemplo, melhorar o rendimento e o uso de instalações, priorizando serviços com base no cuidado com o paciente e na disponibilidade de recursos.
Também é possível melhorar e automatizar tarefas rotineiras para aproveitar melhor o trabalho da equipe da área de saúde.
Contribuição com pesquisas
A IA hoje é um pilar fundamental na pesquisa clínica. Imagine que atualmente são publicadas milhões de artigos científicos a cada ano!
Sem esta tecnologia, ficaria um pouco mais difícil para um profissional da saúde ter acesso a toda esta informação. Por isso, a IA serve como ferramenta que auxilia o acesso e também no desenvolvimento de novas pesquisas.
Com a IA, os pesquisadores analisam milhares de artigos científicos, garimpam milhões de diferentes compostos moleculares e fazem ensaios em escala massiva. E também simulam e preveem efeitos colaterais e níveis de toxicidade de fármacos.
“A IA também agiliza as pesquisas em relação a medicamentos. É possível processar as informações de forma ágil e buscar elementos químicos e soluções mais rapidamente”, completa Taurion.
Melhora o atendimento
A inteligência artificial capacita o indivíduo a ter maior controle de seus próprios cuidados de saúde e a compreender melhor suas necessidades na área da saúde. É o caso, por exemplo, de saber quais são suas condições biológicas, além de como sua genética e hábitos de estilo de vida podem aumentar o risco de determinada doença.
Além disso, a tecnologia melhora a experiência de atendimento ao impulsionar a eficiência operacional. Sendo assim, a pessoa espera menos para ser atendida e ganha tempo para outras atividades.
“A tecnologia da IA pode ser usada como uma espécie de lente de ampliação. E assim conseguimos aproveitar todo o seu potencial para enxergar melhor cada um dos pacientes, nos aproximar mais”, opina Taurion.
Redução de custos
A IA pode reduzir de forma significativa custos em clínicas, hospitais ou em todo o ecossistema na área da saúde. Isso ocorre porque melhora os fluxos, facilita a gestão de recursos humanos, torna diagnósticos mais precisos e acessíveis a toda população por reduzir o custo total.
“A crescente modernização da tecnologia das instituições de saúde aumentou de forma significativa os serviços clínicos e terapêuticos. Os custos em saúde tendem a reduzir com as atividades de maior precisão. Como exemplo, a redução do tempo de internação contribui de forma significativa para diminuir os gastos das operadoras de saúde”, acrescenta Werner.
Aliada do diagnóstico precoce
Ninguém deseja receber a notícia de que tem uma doença, principalmente se ela coloca nossa vida em risco. No entanto, receber um diagnóstico precoce aumenta bastante a expectativa de vida e diminui o risco de intervenções mais agressivas.
Os algoritmos de IA podem ajudar a captar os detalhes sutis que apontam para a detecção de doenças, muitas vezes, em estágio inicial.
A IA pode sugerir um diagnóstico e apontar um tratamento mais rápido e com maior assertividade do que um médico faria sem o apoio desta tecnologia. Isso é possível por meio de algoritmos preditivos, que analisam sintomas, combinam com exames e comparam com bases de dados científicos.
“A IA está presente no estudo e rastreio do câncer em geral. Imagine no campo da genética? Bancos biológicos globais podem ser criados com maior diversidade. Ela está presente em todo o domínio do conhecimento médico – do diagnóstico ao tratamento e até na prevenção”, diz Werner.
Outra forma de prever o diagnóstico é por meio dos biomarcadores, ou seja, moléculas encontradas no sangue que determinam se o paciente tem ou não uma doença.
E há ferramentas específicas de IA que facilitam esse rastreio. Com isso, é possível identificar a presença de uma doença com antecedência, o risco de desenvolver o problema de saúde, seu progresso e a resposta a determinado medicamento.
Entre as doenças que podem ser diagnosticadas precocemente com o uso de IA, estão:
- Diversos tipos de câncer (como pulmão, pele e mama);
- Risco de morte súbita cardíaca ou outras doenças que afetam o coração;
- Retinopatia diabética (doença que afeta a retina de quem tem diabetes) por meio de imagens oculares.
Tratamento personalizado
Cada pessoa é única: tem suas características físicas, genéticas e hereditárias. Por isso, a forma com que reagirá a determinado tratamento e medicamento poderá ser diferente.
Portanto, o tratamento personalizado tem um enorme potencial para aumentar a expectativa de vida dos pacientes. A IA pode automatizar a pesquisa estatística e ajudar a descobrir quais características indicam que o indivíduo responderá adequadamente a um tratamento específico.
Para Kitamura, o desafio ainda é fazer com que as informações rastreadas por algoritmos cheguem até o indivíduo e reduzam o risco de doenças no futuro.
“O intuito é que sejam desenvolvidos e implementados outros algoritmos voltados à medicina diagnóstica para auxiliar na gestão da saúde de milhões de brasileiros”, completa.
Saúde mais precisa
- Maior precisão nos diagnósticos;
- Melhoria no armazenamento e recuperação de dados;
- Banco de dados para diagnósticos precoces;
- Softwares mais rápidos e prontuários eletrônicos;
- Alerta sobre o quadro dos pacientes;
- Novos medicamentos podem ser descobertos com o uso de algoritmos.
O que vem aí e principais desafios
Segundo os especialistas consultados, o céu é o limite para os avanços da Inteligência Artificial na saúde. A verdade é que ainda estamos começando a usufruir dos benefícios dos softwares e ferramentas utilizadas por essa tecnologia.
Vale destacar que alguns métodos ainda são muito caros e envolvem equipamentos de laboratórios que nem sempre são acessíveis. Além disso, são poucos especialistas que têm um conhecimento especializado e amplo sobre o tema no Brasil. Há ainda diversos desafios e limitações para chegar aos algoritmos que analisam os dados de saúde.
Mas a boa notícia é que a cada dia aumenta o interesse e o investimento na área. De acordo com o relatório anual Future Health Index, 60% dos líderes de saúde estão em busca de tecnologias de Inteligência Artificial.
Segundo Werner, a expectativa é que cada vez mais máquinas inteligentes interajam com o profissional de saúde. “O diagnóstico será cada vez mais preciso e o tratamento personalizado uma realidade. A interação entre os profissionais de saúde e o próprio ensino médico se beneficiará de forma exponencial”, diz.
Outra questão importante é que a Inteligência Artificial não tem o objetivo de substituir o médico. “A IA é uma ferramenta tecnológica que serve para a prevenção e visa diminuir erros. Com esse conjunto de fórmulas matemáticas, é possível identificar padrões, mas a análise e a conclusão dependem da visão humana. É uma forma de ajudar o médico, oferecendo dados precisos para chegar a uma tomada de decisão”, destaca Taurion.
As ferramentas de IA podem ainda tornar a medicina mais humanizada. Parece bastante fora da nossa realidade, mas a tecnologia está aí para restaurar a conexão humana e a empatia na relação médico-paciente. Muitas vezes, por conta dessa tecnologia sobra mais tempo para o atendimento.
“Não é diferente de qualquer outra ferramenta médica. É como se fosse um estetoscópio. A IA é um suporte para a atuação médica. Portanto, não substituirá as funções do especialista. A conversa e o contato entre médico-paciente continuará a ser fundamental”, finaliza Kitamura.
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