Leucemia prejudica o funcionamento das células sanguíneas
Alterações na quantidade e nas características das células do sangue podem ser identificadas pelo hemograma

Pacientes com leucemia podem apresentar vários sinais e sintomas, como anemia, maior suscetibilidade a infecções e sangramentos. Essa é uma doença que tem evolução rápida em algumas situações e lenta em outras, sendo importante buscar atendimento médico caso surjam manifestações suspeitas.
Neste artigo, você vai ler:
Leucemia: o que é?
A leucemia é uma neoplasia maligna (ou seja, um câncer) em que leucócitos malignos se multiplicam em excesso e prejudicam o funcionamento normal das demais células do sangue. Há diversos tipos de leucemias, e elas são classificadas conforme algumas características da doença – por exemplo: se a evolução é mais rápida ou mais lenta e qual o tipo de célula envolvida.
Causas
As células sanguíneas desempenham diferentes funções. Existem os glóbulos vermelhos, que são responsáveis pelo transporte de oxigênio; os glóbulos brancos, que fazem parte do sistema imunológico e ajudam a combater agentes invasores; e as plaquetas, que participam da coagulação, prevenindo e combatendo sangramentos.
Apesar de serem distintas, essas células têm uma origem comum: são produzidas pela medula óssea (tecido esponjoso localizado no centro dos ossos). Em um primeiro momento, elas surgem como células-tronco e, depois, passam por um processo de maturação e diferenciação, adquirindo características específicas de glóbulos vermelhos, glóbulos brancos ou plaquetas.
A leucemia se desenvolve devido a mutações genéticas que interferem na maturação e na diferenciação das células. Em outras palavras, a doença resulta de alterações cumulativas no DNA de células precursoras (mais jovens), o que leva a falhas no seu desenvolvimento e aumento da capacidade de proliferação e sobrevivência celular.
A imensa maioria das mutações genéticas não são herdadas, e sim adquiridas ao longo da vida e ao acaso. Existem alguns fatores de risco que podem desencadear mutações:
- Tabagismo;
- Exposição excessiva à radiação ionizante;
- Exposição excessiva a determinadas substâncias químicas (como o benzeno);
- Alguns tratamentos prévios contra câncer;
- Idade acima de 60 anos;
- Algumas síndromes genéticas (como síndrome de Down).
Tipos de leucemia
As leucemias são classificadas principalmente por dois aspectos: de acordo com a linhagem celular de origem (linfoide ou mieloide) e se evoluem de maneira rápida ou lenta (agudas ou crônicas).
As leucemias linfocíticas ou linfoblásticas têm origem nos glóbulos brancos chamados linfócitos. Já as leucemias mieloides vêm de glóbulos brancos como neutrófilos, eosinófilos, basófilos, monócitos, mas também dos glóbulos vermelhos e plaquetas.
Quando a doença é aguda, as células leucêmicas se multiplicam com alta velocidade e causam manifestações clínicas graves, o que exige diagnóstico e tratamento rápidos. Já na doença crônica, as células continuam exercendo algumas funções normalmente e os sinais e sintomas surgem de maneira mais lenta.
Leucemia linfoblástica aguda (LLA)
A leucemia linfoblástica aguda se origina de linfócitos B ou T, tem evolução rápida e agressiva e se destaca por ser o tipo mais frequente em crianças. Embora seja uma doença agressiva, as crianças apresentam altas taxas de cura com o tratamento oncológico.
Leucemia linfocítica crônica (CLL)
A leucemia linfocítica crônica também afeta células linfoides, mas apresenta desenvolvimento lento. Atinge mais a população idosa, e o objetivo do tratamento não consiste na cura e sim no controle da doença e dos sintomas – muitas vezes, com medicações de uso contínuo, assim como acontece em outras doenças crônicas.
Leucemia mieloide aguda (LMA)
A leucemia mieloide aguda representa cerca de 80% das leucemias em adultos, está relacionada às células mieloides e tem desenvolvimento rápido. O tratamento clássico é quimioterapia, mas sempre adaptado à condição clínica do paciente.
Leucemia mieloide crônica (LMC)
A leucemia mieloide crônica também vem da linhagem mieloide e apresenta elevação progressiva dos níveis de leucócitos. A história da LMC foi modificada drasticamente com o surgimento de uma medicação oral que “bloqueia” a alteração genética da célula leucêmica, dando aos pacientes uma sobrevida semelhante à da população em geral.
Sintomas de leucemia
A presença de várias células anormais na medula óssea prejudica a produção de glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas saudáveis. Assim, a quantidade de células sanguíneas normais diminui e o paciente pode apresentar:
- Anemia (que cursa com fadiga, falta de ar, palpitação, dor de cabeça, entre outras manifestações);
- Maior suscetibilidade a infecções recorrentes e/ou graves;
- Sangramentos nasais e gengivais;
- Manchas roxas (equimoses) e pequenos pontos roxos (petéquias) na pele.
Além disso, outros possíveis sinais e sintomas de leucemia são:
- Gânglios linfáticos inchados;
- Febre ou suores noturnos;
- Perda de peso sem motivo aparente;
- Aumento do baço e/ou do fígado;
- Dor nos ossos e nas articulações.
Qual médico procurar?
O hematologista é o médico especializado em condições que comprometem a produção ou o funcionamento dos componentes do sangue. Esse profissional está apto a conduzir uma avaliação clínica do paciente, considerando o histórico de saúde e os sinais e sintomas apresentados, além de solicitar exames complementares para aprofundar a investigação.
Exames que auxiliam no diagnóstico de leucemia
O hemograma completo está entre os principais exames utilizados no diagnóstico de leucemia. Esse exame de sangue permite avaliar se as células sanguíneas estão em quantidade adequada e com características normais. Podem ser solicitadas também outras dosagens sanguíneas para estudar a coagulação e o funcionamento de alguns órgãos (como fígado).
Para confirmar o diagnóstico, o hematologista conduz a punção de medula óssea para realizar mielograma, biópsia e outros. Por meio desses exames, é possível analisar amostras de medula óssea, observando diversos aspectos das células (tais como forma das células, fenótipo, cromossomos e mutações).
Tratamentos para a leucemia
A abordagem mais adequada varia conforme o quadro particular e as características individuais de cada paciente. Por isso, é imprescindível consultar um médico para obter as orientações corretas.
De maneira geral, podem ser indicados quimioterapia, imunoterapia, terapia-alvo e até mesmo o transplante de medula óssea.
Formas de prevenir a leucemia
Considera-se que não seja possível prevenir ou rastrear a leucemia, pois são alterações na medula óssea que ocorrem sem uma causa identificável. No entanto, há fatores ambientais que predispõem a leucemia e outros cânceres que podem ser evitados, como tabagismo e exposição a benzeno e radiação ionizante.
Portanto, ter hábitos de vida saudáveis como não fumar e evitar a exposição desnecessária a agentes cancerígenos são medidas que podem auxiliar a reduzir os riscos de desenvolver leucemia.