Líquen escleroso: doença de pele afeta a região íntima e não é contagiosa
Condição crônica é mais comum em mulheres após a menopausa, mas também pode afetar homens e crianças

Condição crônica é mais comum em mulheres após a menopausa, mas também pode afetar homens e crianças
Os sintomas mais comuns do líquen escleroso são coceira intensa e manchas brancas, principalmente na região genital e anal. Trata-se de uma doença inflamatória crônica, e não um simples problema passageiro.
Apesar de afetar principalmente a região genital, essa condição não é contagiosa. E, com o diagnóstico e o tratamento certos, é possível controlar os sintomas e prevenir complicações.
Neste artigo, você vai ler:
Líquen escleroso: o que é?
O líquen escleroso é uma doença inflamatória crônica e não contagiosa que afeta a pele. Ela se manifesta principalmente por meio de manchas brancas, brilhantes e finas, que podem evoluir para cicatrizes.
As áreas mais afetadas são a pele da vulva, na mulher, e a glande do pênis, no homem; mas também pode pegar a região ao redor do ânus, em ambos os sexos. Em casos mais raros as lesões podem acometer outras regiões do corpo, como tórax e membros.
Na doença, a inflamação persistente leva a uma desorganização das fibras de colágeno na derme, a camada intermediária da pele. Como consequência, a epiderme (camada superficial) sofre um afinamento.
Isso torna a pele mais fina, frágil e suscetível a fissuras e ferimentos. Com o tempo, ela também pode adquirir com uma aparência enrugada e esbranquiçada.
Líquen escleroso e atrófico
O termo “líquen escleroso e atrófico” também costuma ser usado para definir a doença. A palavra “atrófico” se refere à atrofia, que é a diminuição ou o afinamento de um tecido do corpo.
No caso desta doença, a inflamação crônica causa uma atrofia da epiderme, a camada mais superficial da pele. A pele se torna extremamente fina e delicada, quase como um papel de seda. Assim, ela pode se rasgar com facilidade, mesmo com um atrito leve, o que causa dor e desconforto.
Causas
Embora a causa exata do líquen escleroso ainda não seja totalmente conhecida, a teoria mais aceita é que se trata de uma doença autoimune. Nela, o sistema de defesa do corpo ataca, por engano, as próprias células saudáveis da pele.
Além da questão autoimune, outros fatores parecem estar envolvidos no desenvolvimento da doença, como:
- Predisposição genética: a doença pode ser mais comum em pessoas que já têm casos na família.
- Desequilíbrios hormonais: a maior frequência em mulheres após a menopausa sugere uma possível ligação com a queda nos níveis de estrogênio, bem como a ocorrência também em crianças antes da puberdade.
- Traumas ou irritação na pele: lesões prévias na pele podem, em alguns casos, desencadear o surgimento das lesões em pessoas predispostas.
Líquen escleroso é transmissível?
Não, líquen escleroso não é uma infecção sexualmente transmissível (IST). Você não pode “pegar” líquen escleroso de outra pessoa por meio de contato físico, sexual ou compartilhando objetos como toalhas e roupas íntimas. Trata-se de um processo inflamatório interno do próprio organismo.
Qual a relação entre líquen escleroso e o câncer?
O líquen escleroso é uma condição benigna, ou seja, não é câncer. Contudo, a inflamação crônica que ele causa na pele, se não for tratada adequadamente, aumenta o risco de desenvolvimento de um tipo de câncer de pele chamado carcinoma espinocelular, principalmente na região da vulva.
Estudos como o divulgado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) investigam justamente os mecanismos que ligam a inflamação do líquen escleroso a esse risco aumentado de transformação maligna.
Por isso, o acompanhamento médico regular é fundamental. Realizar o tratamento corretamente ajuda a controlar a inflamação e a reduzir esse risco.
Sintomas de líquen escleroso
O sintoma mais comum e incômodo do líquen escleroso é uma coceira intensa e persistente na região afetada. A doença geralmente se manifesta no início com o surgimento de pequenas manchas brancas, de superfície lisa e brilhante, que podem aumentar e se juntar com o tempo.
Com a progressão da inflamação e da atrofia da pele, outros sinais aparecem e a textura da região se modifica. É importante ficar atento a estas mudanças:
- A pele perde sua estrutura, tornando-se fina, frágil e com uma aparência enrugada, muitas vezes comparada a um papel de seda.
- Facilidade em ter fissuras, bolhas ou hematomas na área, mesmo com atritos leves.
- Dor durante a relação sexual, um sintoma conhecido como dispareunia.
- Sensação de ardência ao urinar, que acontece principalmente quando a urina entra em contato com a pele ferida.
Em casos mais avançados e sem tratamento, a formação de cicatrizes pode levar ao estreitamento da abertura vaginal, bem como apagamento de lábios menores e maiores e clitóris. Em homens, pode dificultar a exposição da glande (no pênis).
Qual médico procurar?
Ao perceber sintomas como coceira persistente e alterações na pele da região íntima, é importante procurar um médico. No caso das mulheres, os especialistas mais indicados são a ginecologista, principalmente com experiência em patologia do trato genital inferior, e a dermatologista.
Para os homens, os especialistas indicados são o urologista, que cuida da saúde do sistema genital masculino, e o dermatologista.
Esta abordagem conjunta entre os especialistas pode ser a melhor opção, já que a doença envolve tanto aspectos ginecológicos/urológicos quanto dermatológicos.
Diagnóstico
O diagnóstico do líquen escleroso geralmente começa na consulta. O médico avalia a aparência das lesões e o histórico de sintomas do paciente. A aparência das manchas brancas e da pele fina já é bastante característica.
Para uma avaliação mais detalhada da região da vulva, o médico pode realizar uma vulvoscopia. Neste exame, um aparelho chamado colposcópio amplia a imagem da pele, permitindo a observação de detalhes que não são visíveis a olho nu.
Para os homens, o processo é similar. O urologista ou dermatologista fará o exame clínico do pênis e da região perianal. A avaliação visual é o primeiro passo para identificar as lesões suspeitas.
Em ambos os casos, para confirmar o diagnóstico de forma definitiva e descartar outras condições, o exame padrão-ouro é a biópsia. Nele, um pequeno fragmento de pele da área afetada é removido e analisado em laboratório. Assim, o médico patologista confirma (ou não) as alterações celulares típicas do líquen escleroso.
Tratamentos para o líquen escleroso
O tratamento inicial mais comum para o líquen escleroso é o uso de pomadas ou cremes de corticosteroides de alta potência. Esses medicamentos são aplicados diretamente na pele afetada e ajudam a controlar a inflamação, aliviar a coceira e prevenir a formação de novas cicatrizes, bem como do pré-câncer e do câncer.
Em casos de falha na terapia com o corticoide, outras opções podem ser consideradas em casos específicos, como os descritos a seguir:
- Terapia fotodinâmica: utiliza uma substância sensível à luz e uma fonte de luz para destruir as células anormais, fazendo com que o tecido local reaja à inflamação.
- Tratamento a laser: pode ser usado para remodelar o tecido e melhorar a aparência da pele.
- Inibidores de calcineurina: outros tipos de pomadas anti-inflamatórias que podem ser uma alternativa aos corticosteroides.
O líquen escleroso não tem cura definitiva, mas o tratamento consegue controlar os sintomas. O objetivo é colocar a doença em remissão, ou seja, fazer com que ela fique inativa e sem sintomas.