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    Meningite Bacteriana: infecção grave exige tratamento imediato e pode causar sequelas 

    Gotículas de saliva são a principal forma de transmissão da doença

    Por Samantha CerquetaniPublicado em 13/06/2025, às 14:19 - Atualizado em 13/06/2025, às 14:19

    meningite

    Febre alta, dor de cabeça intensa e rigidez no pescoço. Estes costumam ser os primeiros sinais da meningite bacteriana, uma infecção grave que afeta as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal.

    A doença pode evoluir rapidamente, provocando vômitos, alterações neurológicas, aumento da sensibilidade à luz, convulsões e, em casos extremos, coma.

    Em 2024, o Brasil registrou 3.200 casos confirmados de meningite bacteriana, representando 41,5% dos casos de meningite no país até setembro, com 700 óbitos, segundo o Ministério da Saúde.

    Diante da gravidade do caso, é fundamental o diagnóstico precoce, com início imediato do tratamento antibiótico por via endovenosa, a fim de evitar complicações.

    Meningite Bacteriana: o que é?

    A meningite bacteriana é uma infecção grave que compromete as meninges, membranas responsáveis por proteger o cérebro e a medula espinhal. Essa condição é causada principalmente por bactérias como Streptococcus pneumoniae (pneumococo), Neisseria meningitidis (meningococo) e Haemophilus influenzae tipo b.

    No entanto, outras bactérias também podem provocar meningite bacteriana, como o Staphylococcus aureus e bactérias gram-negativas, especialmente em casos associados a traumatismos cranianos ou cirurgias neurológicas.

    Em algumas situações, a Mycobacterium tuberculosis, bactéria associada à tuberculose, também pode provocar meningite, especialmente em crianças pequenas. A doença atinge com maior frequência crianças e adolescentes, podendo apresentar evolução rápida e grave.

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    O que são as meninges?

    As meninges são três camadas de tecido que envolvem e protegem o cérebro e a medula espinhal, formando uma barreira essencial contra impactos e infecções. Elas são compostas pela dura-máter, a camada mais externa e resistente; pela aracnoide, uma camada intermediária com aparência semelhante a uma teia; e pela pia-máter, a mais interna, que fica em contato direto com o cérebro e a medula.

    Além de sua função protetora, as meninges também desempenham um papel importante na manutenção do líquido cefalorraquidiano, responsável por nutrir e amortecer o sistema nervoso central. Quando essas membranas sofrem um processo inflamatório, ocorre a meningite — uma condição potencialmente grave que exige atenção médica imediata..

    Outros tipos de meningite

    Os principais tipos de meningite são classificados de acordo com o agente causador da inflamação nas meninges. Os mais comuns são: 

    • Meningite viral: é a forma mais comum de meningite e, geralmente, apresenta menor gravidade em comparação à meningite bacteriana. É provocada por vírus, como os enterovírus, o vírus da caxumba e o vírus do herpes. A meningite herpética, por sua vez, é potencialmente mais grave e requer diagnóstico precoce, além de tratamento com antiviral por via endovenosa. Nas demais meningites virais, a recuperação costuma ocorrer espontaneamente, com repouso e medidas de suporte. 
    • Meningite fúngica: menos comum, costuma afetar pessoas com imunidade comprometida, como indivíduos com HIV/AIDS ou em tratamento oncológico. Um dos fungos mais associados a esse tipo de meningite é o Cryptococcus neoformans 
    • Meningite parasitária: bastante rara, essa forma de meningite é causada por parasitas como o Trypanosoma cruzi, responsável pela doença de Chagas, e a Naegleria fowleri, causadora da meningite amebiana primária. A infecção ocorre, respectivamente, pela picada do barbeiro e pelo contato com água contaminada. Ambas as formas podem evoluir rapidamente e apresentam alta taxa de mortalidade. 
    • Meningite tuberculosa: é provocada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, a mesma que causa a tuberculose pulmonar. É mais comum em crianças e em pessoas com o sistema imunológico enfraquecido. Costuma se desenvolver lentamente e exige tratamento prolongado. A vacina BCG, administrada na infância, contribui para reduzir a incidência dessa forma grave de infecção causada pelo Mycobacterium tuberculosis. 
    • Meningite química ou medicamentosa: nesse caso, a inflamação das meninges não tem origem infecciosa. Ela pode ser desencadeada por medicamentos, substâncias químicas ou até por procedimentos médicos que irritam essas estruturas protetoras do sistema nervoso central. 

    Como ocorre a transmissão da meningite bacteriana?

    A meningite bacteriana é transmitida, predominantemente, por meio do contato direto com secreções respiratórias de indivíduos infectados, como saliva, gotículas de espirro ou tosse.  

    A transmissão ocorre com maior facilidade em ambientes com aglomeração de pessoas ou convivência prolongada, como escolas, creches e residências.  

    O uso compartilhado de objetos de uso pessoal, como talheres, copos e escovas de dente, também pode favorecer o contágio.  

    Vale destacar que pessoas assintomáticas, ou seja, que abrigam a bactéria nas vias respiratórias sem apresentar sintomas podem disseminar o agente infeccioso, contribuindo para a propagação da doença. 

    Sintomas da meningite bacteriana

    A meningite bacteriana pode se manifestar com febre alta, dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos, irritabilidade e alterações no estado mental, como confusão. Um sinal que merece atenção é o aparecimento de manchas avermelhadas na pele, que podem indicar um quadro mais grave da infecção pela bactéria Neisseria meningitidis. 

     Já na meningite em bebês com até um ano de idade, os sinais costumam envolver irritabilidade constante, sonolência excessiva, recusa para se alimentar, febre alta ou, em alguns casos, queda da temperatura corporal. Vômitos, crises convulsivas e erupções cutâneas também podem surgir e evoluir rapidamente. 

    Já em crianças maiores e adolescentes, é comum o surgimento de febre, dor de cabeça persistente, vômitos, rigidez na nuca, alterações no comportamento e convulsões. 

     Exames que auxiliam no diagnóstico

    Para diagnosticar a meningite bacteriana, o médico realiza uma avaliação com base nos sintomas apresentados pelo paciente.  

    Um dos sinais clínicos observados é a rigidez na nuca, verificada ao solicitar que o paciente tente encostar o queixo no peito. Caso haja dor ou dificuldade para realizar esse movimento, a suspeita da doença se torna mais forte. 

    A confirmação do diagnóstico geralmente é feita por meio da punção lombar, um procedimento que coleta o líquido cefalorraquidiano da região da coluna.  

    Esse material é analisado em laboratório para verificar a presença de alterações características, como aumento do número de leucócitos, redução da glicose e presença de bactérias. A cultura do líquor é fundamental para identificar o microrganismo causador da infecção e orientar o tratamento mais eficaz. 

    Em algumas situações, especialmente quando há suspeita de complicações neurológicas, lesões cerebrais ou aumento da pressão intracraniana, exames de imagem podem complementar a investigação clínica. Os mais comumente solicitados são a tomografia computadorizada e a ressonância magnética.

    Tratamentos para a meningite bacteriana  

    O tratamento da meningite bacteriana deve ser iniciado com urgência, em ambiente hospitalar. A principal medida é a administração de antibióticos intravenosos, que variam conforme a bactéria causadora. Corticosteroides podem ser usados para reduzir a inflamação e prevenir complicações, como perda auditiva e danos neurológicos.  

    Além disso, o paciente recebe cuidados de suporte, como hidratação, controle da febre e, se necessário, suporte respiratório.  

    Em casos mais graves, pode ser necessária a internação em UTI. Quando há risco de transmissão, como nas meningites por meningococo e H. influenzae, é indicado o isolamento nas primeiras 24 horas de tratamento.   

    Formas de prevenir a meningite bacteriana  

    A vacinação é a principal forma de prevenção contra a meningite, protegendo contra os principais tipos da doença, como a meningite meningocócica, pneumocócica e a causada pelo Haemophilus influenzae tipo b (Hib). 

    Além disso, manter boas práticas de higiene, como lavar as mãos regularmente, evitar compartilhar objetos pessoais, evitar aglomerações especialmente em períodos de surtos, e garantir que os ambientes estejam bem ventilados ajudam a reduzir a transmissão dos agentes causadores da meningite.  

    Em casos de contato direto com pessoas infectadas, antibióticos preventivos podem ser indicados. 

    Possíveis sequelas  

    As possíveis sequelas da meningite bacteriana variam de acordo com a gravidade da infecção, o tempo até o início do tratamento e a idade do paciente.  

    Mesmo com o tratamento adequado, a doença pode deixar sequelas. As principais são: 

    • Perda auditiva: podendo variar de leve a profunda, principalmente em crianças pequenas. 
    • Déficits neurológicos: causa dificuldades motoras, paralisias e atraso no desenvolvimento. 
    • Convulsões ou epilepsia: podem surgir após a infecção e necessitam de acompanhamento especializado. 
    • Alterações cognitivas: como dificuldades de atenção, memória, concentração e aprendizado. 
    • Distúrbios comportamentais: irritabilidade, agitação, hiperatividade ou mudanças emocionais podem ocorrer após a recuperação. 

    Além disso, as sequelas menos comuns da meningite bacteriana são: 

    • Problemas de visão: em alguns casos, podem ocorrer visão turva ou perda parcial da visão. 
    • Hidrocefalia: acúmulo de líquido no cérebro, que pode levar à necessidade de cirurgia para drenagem. 
    • Dano cerebral grave: em quadros mais graves, pode ocorrer comprometimento das funções mentais e necessidade de apoio para atividades diárias.
       

    Qual médico procurar?  

    O médico mais indicado para conduzir o tratamento da meningite bacteriana é o infectologista. Esse profissional é especializado em doenças causadas por agentes infecciosos, como bactérias, e realiza o diagnóstico clínico, solicita os exames necessários e define a conduta terapêutica mais apropriada. 

    Em casos suspeitos, principalmente quando os sintomas se desenvolvem rapidamente, é fundamental buscar atendimento emergencial. Após os primeiros cuidados, o acompanhamento com o infectologista garante que o tratamento seja eficaz e ajuda a prevenir possíveis complicações ou sequelas.

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    Fonte: Dra. Cristhieni Rodrigues – Infectologista

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