Menstruação irregular: causas e tratamentos
Embora seja comum em algumas fases da vida, a irregularidade deve ser avaliada por um ginecologista
A menstruação é classificada como irregular quando atende a pelo menos uma das seguintes características: vem antes de completar 24 dias da anterior, demora mais do que 38 dias para descer novamente, dura mais do que 8 dias ou, então, tem um volume de sangramento que interfere nas atividades cotidianas.
Neste artigo, você vai ler:
Esses são os parâmetros estabelecidos pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia.
Para saber se o ciclo menstrual e a menstruação em si estão com duração adequada, basta registrar direitinho quando a menstruação começa e quando ela termina. Assim você entende quantos dias o sangramento está durando e qual o intervalo entre um ciclo e outro.
Mensurar o volume de menstruação, porém, é algo um pouco menos objetivo. “Quem diz se o volume é normal ou não é a mulher”, afirma a ginecologista Cristina Laguna Benetti-Pinto, presidente da Comissão Nacional de Ginecologia Endócrina da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e professora associada da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Caso a menstruação esteja intensa a ponto de atrapalhar a vida da pessoa, comprometendo, por exemplo, o trabalho e a esfera pessoal, podemos considerá-la irregular.
“A queixa da paciente deve ser valorizada, independentemente de ter ou não anemia por conta do sangramento”, observa Benetti-Pinto.
O que regula a menstruação?
São vários os fatores responsáveis por regular o ciclo menstrual. Em resumo, há uma complexa interação entre uma série de hormônios produzidos em diferentes lugares do organismo: hipotálamo, hipófise, ovários, glândulas supra-renais e tireoide, por exemplo.
Junto aos hormônios, características estruturais do corpo e individuais de cada pessoa influenciam a menstruação.
“Dormir bem, ter uma dieta balanceada, praticar exercício físico regularmente, controlar o estresse, ter um bom funcionamento de órgãos endócrinos (como a tireóide e o pâncreas) e ausência de patologias do útero e ovários ajudam a regular o ciclo”, esclarece Danielle Imperador, ginecologista do Hospital Nove de Julho.
Deu para perceber que bastante coisa interfere no ciclo, certo? É por isso que existem diversas explicações para a menstruação irregular.
Quais as principais causas da menstruação irregular?
É bem comum que irregularidades menstruais aconteçam na adolescência, nos primeiros anos após a primeira menstruação, quando o organismo ainda está amadurecendo.
Também é frequente que as irregularidades ocorram no período em que a mulher está quase deixando de menstruar em função da menopausa. É uma fase da vida em que há mais distúrbios ovulatórios.
Além disso, puérperas e mulheres que estão amamentando podem ter irregularidade menstrual com mais frequência.
“Apesar de irregularidades serem mais esperadas nesses momentos, muitas vezes elas exigem tratamentos. Quem vai julgar a necessidade de intervenção é o médico conversando com a paciente”, ressalta Benetti-Pinto.
Mas não é só a época da vida reprodutiva que interfere na regularidade menstrual. O ciclo também é afetado por alterações estruturais no útero, como pólipo, adenomiose, mioma e alterações do endométrio (camada interna do útero) que podem ser malignas ou benignas.
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E mesmo fatores fora do útero podem contribuir para a irregularidade. É o caso de distúrbios ovulatórios e alterações na coagulação do sangue.
“A causa mais comum de irregularidade menstrual é a síndrome do ovário policístico, mas disfunções como as da tireoide, diabetes, alterações de prolactina, ganho ou perda excessivos de peso também podem causar irregularidade”, afirma Imperador.
A menstruação irregular pode ainda sofrer influência de medicamentos, como pílula e DIU (dispositivo intrauterino) – especialmente DIU medicado (chamado de SIU, sistema intrauterino).
Quando é preciso buscar um médico?
É recomendado buscar avaliação ginecológica sobretudo em duas situações: quando a irregularidade menstrual se repete por três ciclos consecutivos ou quando o volume de sangramento é excessivo e incomoda a paciente.
“Considerando a grande prevalência de irregularidade menstrual nas mulheres, esta é uma alteração que deve ser sempre valorizada”, reforça Benetti-Pinto.
Se a menstruação irregular for pontual e não atrapalhar a vida da mulher, a princípio não é necessário procurar atendimento especializado.
Como tratar a irregularidade menstrual?
Os tratamentos para a irregularidade menstrual dependem da causa – daí a importância de consultar um ginecologista.
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“A maioria dos casos é tratada com mudança de estilo de vida: baixo consumo de carboidratos e açúcar, prática regular de exercício físico e higiene do sono”, comenta Imperador.
Mas, dependendo do quadro, é preciso utilizar medicamentos hormonais ou anti-inflamatórios. E em algumas doenças como mioma, adenomiose e câncer, pode ser necessário realizar uma intervenção cirúrgica.