nav-logo
Compartilhe

    Narcolepsia: o que é a doença que causa muito sono

    Condição neurológica é considerada rara e tem outros sintomas além da sonolência excessiva

    Por Danielle SanchesPublicado em 29/10/2022, às 08:27 - Atualizado em 25/05/2023, às 19:29
    Imagem: Shutterstock

    Talvez você já tenha estado em uma situação em que foi impossível controlar o sono e tenha cochilado – na mesa durante um jantar, na aula da faculdade ou até durante uma reunião entediante. 

    Mas e se esse episódio tivesse acontecido em situações em que deveríamos estar alertas e responsivos, como durante o banho, ao praticar sexo ou até dirigindo um carro? 

    Esse quadro é o mais característico da narcolepsia, uma doença neurológica que provoca os chamados ataques de sono – uma sonolência tão, mas tão forte, que é impossível resistir e a pessoa acaba dormindo durante o dia ou atividades em que normalmente estamos engajados e atentos. 

    É uma doença considerada rara e que atinge cerca de três milhões de pessoas no mundo – sua prevalência varia de população em população, mas geralmente gira em torno de algumas dezenas para cada 100 mil habitantes. 

    Entenda mais sobre o que essa condição clínica provoca e seus tratamentos a seguir. 

    O que é narcolepsia? 

    Narcolepsia é uma doença neurológica que provoca uma sonolência excessiva, culminando em ataques de sono durante o dia. Ela geralmente se manifesta a partir da segunda década de vida do indivíduo.

    Na maioria dos casos, a narcolepsia está ligada aos baixos ou inexistentes níveis de hipocretina, um neurotransmissor responsável por regular nosso período de vigília, isto é, quando devemos ficar acordados.

    No entanto, essa nem sempre pode ser a causa, já que existem pessoas que sofrem da doença e possuem níveis normais dessa substância no cérebro. 

    Outras causas que estão sendo investigadas são doenças autoimunes e infecções virais prévias. Embora ainda mais raro, lesões traumáticas também podem causar narcolepsia se atingirem a região que regula o sono no cérebro. 

    Existem dois tipos de narcolepsia: 

    • Com cataplexia (tipo 1): cataplexia é a perda de tônus muscular que ocorre geralmente quando o paciente experimenta uma emoção forte (boa ou ruim). Ela pode ser sutil ou acometer grandes grupos musculares, fazendo a pessoa cair. Neste caso, o paciente costuma ter baixo nível de hipocretina. 
    • Sem cataplexia (tipo 2): neste caso, o paciente não apresenta perda de tônus e tem níveis normais de hipocretina.

    Quais os principais sintomas da narcolepsia? 

    Além da sonolência excessiva durante o dia, dos episódios chamados de “ataque de sono” e da cataplexia, existem outros sintomas que estão presentes no quadro da narcolepsia. São eles: 

    • paralisia do sono (quando o cérebro da pessoa desperta, mas ela não consegue se mexer);
    • alucinações no início do sono;
    • insônia e/ou despertares noturnos constantes.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico da narcolepsia é feito por meio de suspeita clínica, em que o médico ouve os sintomas do paciente; e, depois, confirmado por dois exames: 

    • Dosagem de hipocretina no líquor (líquido cefalorraquidiano), por meio de punção;
    • Polissonografia, em que é possível avaliar como o paciente dorme durante a noite e também qual a velocidade com que ele cai no sono e se entra ou não na fase REM. 

    Infelizmente, é bastante comum que os pacientes demorem a receber o diagnóstico, já que, por ser uma doença rara, não é a primeira suspeita da maioria dos médicos quando o indivíduo chega ao consultório.

    Por isso, é comum que a narcolepsia acabe abrindo espaço para o desenvolvimento de transtornos mentais (como ansiedade e depressão) e até aumento de risco para  suicídio (já que o impacto na qualidade de vida da pessoa é grande). 

    Quais os tratamentos para a narcolepsia?

    A narcolepsia não tem cura, mas existem hoje algumas alternativas para manejar o quadro e oferecer mais qualidade de vida ao paciente. 

    Se o quadro for causado pelo baixo nível de hipocretina, pode-se lançar mão de medicamentos que estimulam o sistema nervoso central, aumentando o estado de vigília, como as anfetaminas. 

    Já a cataplexia pode ser amenizada com o uso de antidepressivos. Eles também podem ser usados para tratar as comorbidades associadas, como depressão e ansiedade. 

    Outra medida importante é criar o hábito de fazer cochilos programados, geralmente no final da manhã e no meio da tarde. Isso reduz as chances dos ataques de sono. 

    Por fim, praticar atividade física, manter uma alimentação equilibrada e bons hábitos de sono (como evitar o uso de celulares e tablets antes de dormir e reduzir o consumo de cafeína próximo à hora de deitar) são medidas que também auxiliam o paciente a lidar com o problema. 

    Fonte: Alan Luiz Eckeli, professor do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP; NHI (National Institute of Neurological Disorders and Stroke) – EUA. 

    Encontrou a informação que procurava?
    nav-banner

    Veja também