Nefropatia: o que é e quais são os tipos?
Disfunção dos rins pode prejudicar a filtração sanguínea levando à insuficiência renal
Neste artigo, você vai ler:
A nefropatia é um termo médico que se refere a qualquer doença renal. Muitas vezes silenciosa e assintomática em seus estágios iniciais, a nefropatia pode levar a graves complicações, como insuficiência renal, se não for diagnosticada e tratada precocemente.
Siga a leitura para conhecer os tipos mais comuns de nefropatia, além dos sintomas, causas, métodos de diagnóstico e as principais opções de tratamento disponíveis.
O que é nefropatia?
A nefropatia se refere a qualquer lesão, disfunção ou doença dos rins. Pacientes com essa condição podem possuir alterações na filtração sanguínea, na regulação de água, sódio, potássio e de outros eletrólitos, e até mesmo na produção de hormônios, necessitando de um acompanhamento constante.
O que pode causar nefropatia crônica?
Diversas condições podem levar à nefropatia crônica como a doença renal do diabetes, a hipertensão arterial, as glomerulopatias e as nefropatias hereditárias.
Doença renal do diabetes
É uma doença renal secundária ao diabetes em que a hiperglicemia leva a inflamação e fibrose do tecido renal, além de causar alterações nas artérias que levam sangue aos rins e prejuízo na filtração do sangue.
Um dos principais fatores para a progressão da doença renal do diabetes é o diabetes mellitus descontrolado, ou seja, quando o paciente é diagnosticado com diabetes, mas não mantém os níveis de açúcar no sangue equilibrados.
Glomerulopatias
As glomerulopatias são doenças adquiridas (como as nefrites) ou hereditárias (como a Síndrome de Alport) que afetam a estrutura responsável pela filtração do sangue, chamada de glomérulo. Geralmente, são identificadas por meio da presença de sangue ou de proteínas na urina.
A glomerulopatia primária mais comum no mundo é a nefropatia por IgA. Também conhecida como Doença de Berger, caracteriza-se pelo depósito de anticorpos IgA nos glomérulos, causando inflamação e lesão progressiva ao longo dos anos, podendo levar à insuficiência renal.
Nefropatias hereditárias
Nefropatias hereditárias são doenças de causa genética em que diferenças na formação de estruturas do rim comprometem a função adequada dele. Nestes casos, é importante que os familiares dos pacientes também sejam submetidos à avaliação médica, pois possuem o risco de ter a mesma doença.
A doença genética que pode levar à insuficiência renal mais comum é a doença renal policística autossômica dominante. Esta doença leva à formação de múltiplos cistos nos rins do paciente e estes cistos causam fibrose e inflamação do tecido renal, culminando na perda progressiva de função renal.
Estas então são as condições que podem levar à nefropatia crônica. Já em relação às nefropatias que ocorrem de forma aguda (injúria renal aguda), podemos citar como prováveis causas: infecções, medicamentos nefrotóxicos, desidratação e até mesmo glomerulonefrites mais agressivas.
Quais são os sintomas de nefropatia?
Os sintomas das nefropatias são variados, mas podem envolver:
- Presença de sangue na urina
- Presença de “espuma” na urina
- Ardor ao urinar
- Necessidade de urinar com frequência
- Febre ou tremores
- Dor nas costas
- Dor no lado inferior das costelas
- Náuseas, perda de apetite e emagrecimento
- Inchaço e falta de ar
- Confusão mental
Vale lembrar que as nefropatias podem não trazer sintomas precocemente, podendo ser diagnosticadas por alteração em exames ou pela presença de sintomas mais tardios.
Como é feito o diagnóstico?
Geralmente, o diagnóstico das nefropatias é feito com exames que avaliam as funções renais, entre eles:
Exames de sangue:
- Creatinina: níveis elevados de creatinina indicam redução da função renal.
- Taxa de Filtração Glomerular (TFG): estima a capacidade dos rins de filtrar resíduos do sangue a partir do nível de creatinina e/ou de cistatina.
- Ureia: altos níveis de ureia no sangue podem indicar insuficiência renal.
Exames de urina:
- Urina Tipo 1: avalia a presença de proteínas, sangue, glicose e outros componentes na urina.
- Albuminúria: quantifica a albumina, um tipo de proteína na urina que indica que há um dano na barreira de filtração do rim.
- Clearance de Creatinina: compara os níveis de creatinina no sangue e na urina para avaliar a função renal.
Exames de imagem:
- Ultrassonografia Renal: visualiza a estrutura e tamanho dos rins, detectando anomalias.
- TC (Tomografia Computadorizada): fornece imagens detalhadas dos rins e do trato urinário.
- RM (Ressonância Magnética): avaliar as lesões renais e fluxo sanguíneo nos rins.
Como é feito o tratamento para nefropatia?
As nefropatias, um conjunto de doenças que afetam os rins, exigem tratamentos individualizados que consideram a causa subjacente, a gravidade da doença e o estado geral de saúde do paciente. O objetivo principal é retardar ou prevenir a progressão da doença, preservar a função renal e melhorar a qualidade de vida.
Controle da Doença de Base
O tratamento inicial se concentra em controlar a doença primária que causou a nefropatia, como diabetes, hipertensão ou doenças autoimunes. Isso pode envolver:
- Medicamentos: Anti-hipertensivos, antidiabéticos, imunossupressores, entre outros.
- Mudanças no estilo de vida: Dieta com baixo teor de sal, controle do peso, exercícios físicos regulares e abandono do tabagismo.
Tratamento específico para a nefropatia em questão
Dependendo do tipo de nefropatia, diversas medidas podem ser tomadas:
- Corticosteroides e outros medicamentos imunossupressores: reduzem a inflamação nos rins e controlam a progressão da doença em nefropatias glomerulares.
- Anticoagulantes: previnem a formação de coágulos sanguíneos em nefropatias que cursam com risco de trombose.
- Diuréticos: eliminam o excesso de líquido do corpo, reduzindo o inchaço e controlando a pressão arterial.
- Quelantes de fósforo: controlam os níveis de fósforo e de potássio no sangue em pacientes com doença renal crônica, que muitas vezes não conseguem eliminar essas substâncias pela urina.
- Reposição hormonal: pacientes com doença renal crônica avançada podem necessitar de reposição de hormônios sintetizados no rim como a eritropoetina e a vitamina D ativa.
Terapias de Suporte Renal
Em casos mais avançados, quando a função renal está comprometida, medidas de suporte mais invasivas podem ser necessárias. Uma delas é a terapia de suporte renal artificial, que remove toxinas e excesso de líquidos do sangue quando os rins não conseguem mais filtrar adequadamente. E possui dois tipos:
- Hemodiálise: terapia realizada através de um cateter implantado em grandes veias do pescoço ou através de fístula arteriovenosa localizada nos braços, onde o sangue passa por um filtro externo e retorna livre de toxinas para o paciente. Este tratamento geralmente é realizado nas clínicas de hemodiálise.
- Diálise peritoneal: realizada através de um cateter localizado no abdome do paciente, onde é injetado um líquido livre de toxinas, e é retirado após um período levando consigo toxinas do paciente. Este tratamento geralmente é realizado de forma domiciliar.
Outra medida de suporte seria o transplante renal. Esta intervenção cirúrgica substitui a função dos rins dos rins doentes por um rim saudável de um doador, restaurando a função renal.
Cuidados gerais
- Monitoramento: consultas frequentes com o nefrologista para acompanhamento da doença, ajuste de medicamentos e realização de exames.
- Dieta renal: adequação da alimentação para controlar a pressão arterial, níveis de proteínas, fósforo e potássio, de acordo com as necessidades individuais.
- Atividade física orientada: prática regular de exercícios físicos sob orientação médica para melhorar a saúde geral e cardiovascular.
- Prevenção de infecções: cuidados com higiene pessoal, vacinação em dia e controle rigoroso de diabetes e hipertensão para reduzir o risco de infecções que podem agravar a doença renal.
Vale ressaltar que é fundamental conversar com o profissional de saúde responsável pelo acompanhamento do paciente sobre todas as contraindicações e prescrições de medicamentos antes de iniciar qualquer tratamento.
Qual médico trata a nefropatia?
O nefrologista é o médico especializado no diagnóstico e tratamento de doenças renais, sendo capaz de tratar a maioria das nefropatias.
Lembrando que o tratamento da nefropatia envolve uma equipe multidisciplinar, incluindo, além do nefrologista, profissionais como nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais e outros especialistas, para garantir um cuidado abrangente e individualizado.
Fonte: Dr. Eduardo Valle, urologista do Hospital Nove de Julho