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    Covid-19: estamos entrando em uma nova onda?

    Alta de casos da doença em alguns estados brasileiros lembra que a pandemia não terminou

    Por Danielle SanchesPublicado em 08/11/2022, às 18:23 - Atualizado em 25/05/2023, às 19:45
    Imagem: Shutterstock

    A tendência de alta em testes laboratoriais e internações para casos de covid-19 em alguns estados brasileiros acendeu o alerta de especialistas no país para uma possível nova onda nas próximas semanas em terras brasileiras.

    Levantamento feito pela Dasa mostrou que o índice de positividade para a doença quadruplicou no país nas últimas semanas. A procura por testes também aumentou quase 32% na última semana do mês de outubro.

    Em outro levantamento, feito pelo Instituto Todos pela Saúde (ITpS), a taxa de testes positivos no país saltou de 3% para 17% em apenas um mês. 

    O aumento é creditado à subvariante BQ.1, derivada da cepa ômicron e que atualmente está circulando na Europa, elevando o número de casos por lá também. Nos Estados Unidos, já se tem notícia até de uma outra subvariante, a BQ.1.1

    Quais as características da subvariante BQ.1?

    A BQ.1 é descendente da BA.5, uma subvariante da ômicron que, junto com a BA.4, era até aqui o tipo mais prevalente do novo coronavírus em todo o mundo.

    Sua principal diferença é aprensentar a mutação R346T, que também está presente na subvariante BA.5 da ômicron, e está associada a uma maior capacidade de escapar da ação de anticorpos (tanto produzidos pelo estímulo da vacina como após a infecção pela doença).

    Os especialistas também acreditam que o grau de transmissibilidade dela é maior, o que explica em parte o aumento rápido de casos por onde essa subvariante passa.

    Quais os sintomas causados pela subvariante BQ.1?

    Até aqui, os sintomas da nova subvariante não se mostraram diferentes do que as outras cepas causaram. Os sintomas permanecem semelhantes ao de um resfriado:

    • Febre;
    • Coriza;
    • Dor de garganta;
    • Tosse;
    • Dor de cabeça;
    • Dor do corpo;
    • Cansaço.

    A perda de olfato e paladar, embora esteja menos frequente, ainda é possível de acontecer.

    Covid-19: nova onda era esperada?

    Sim. Embora estejamos desesperados para acreditar que a pandemia está chegando ao fim, ao observar o histórico do vírus até aqui, os especialistas já sabiam que uma nova onda chegaria neste fim de ano – já que o intervalo no aumento de casos costuma ocorrer a cada quatro ou seis meses. 

    “Ou seja, observando esses dados, sabemos que uma nova variante surge nesse intervalo de tempo, mais transmissível e capaz de escapar à resposta imune do corpo”, explica o virologista José Eduardo Levi, superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento de Novos Produtos da Dasa Genômica e responsável pelo projeto de vigilância genômica da rede

    Outra questão importante é que a resposta imune do corpo gerada a partir das vacinas disponíveis começa a apresentar uma queda a partir de quatro ou cinco meses após a dose aplicada. 

    “Por isso, hoje, alguns especialistas defendem que o mais importante não é saber quantas doses foram aplicadas, mas quando foi a última dose”, afirma o especialista, que acredita que podemos ver um aumento de casos significativo já nas próximas semanas. 

    As vacinas protegem contra essa nova variante?

    Sim, mas o nível de eficácia é menor. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o risco de se infectar e se reinfectar com a variante BQ.1 é maior, já que ela tem uma maior capacidade de escapar das defesas do nosso corpo.

    Mesmo assim, é importante estar com a carteira de vacinação em dia e tomar todos os reforços disponíveis. As vacinas são seguras e eficazes para o que se propõem a fazer: prevenir casos graves e mortes causados pela covid-19.

    Já existem vacinas novas para combater a ômicron?

    Sim. Alguns países já disponibilizaram vacinas bivalentes, consideradas de nova geração. “Elas têm, além da cepa original da doença, a variante ômicron na composição”, explica Levi. 

    O problema é que a ômicron é uma variante bastante instável e que está mudando a uma velocidade maior do que antes. “A cepa contida na vacina já não é exatamente igual à que temos hoje circulando, mas ainda assim, é uma proteção importante”, pondera. 

    Devemos voltar a usar máscara?

    A recomendação dos especialistas é de que pessoas mais vulneráveis (como idosos e imunossuprimidos) devem, sim, voltar a usar máscara sempre que tiverem contato com qualquer pessoa. Também recomenda-se evitar aglomerações.

    Por outro lado, a orientação é que pessoas saudáveis usem máscara apenas em locais fechados, sem circulação de ar ou em aglomerações.

    Deve-se tomar uma 5ª dose da vacina?

    As pessoas que estejam com as doses de reforço atrasadas devem procurar fazer suas vacinas o quanto antes para se proteger contra a infecção durante essa nova onda.

    Vale lembrar que as festas de fim de ano estão chegando e, com isso, é fundamental que idosos acima de 75 anos, imunossuprimidos e pessoas com doenças autoimunes estejam vacinadas com pelo menos 15 dias de antecedência do encontro com a família (já que o imunizante precisa desse período para fazer efeito no organismo).

    Quem está com a carteira em dia pode checar se no seu estado está sendo oferecida a quinta dose da vacina, geralmente disponível apenas para grupos específicos como idosos ou pessoas com comorbidades.

    Por fim, vale dizer que, por enquanto, não houve a detecção de nenhuma nova variante (apenas subvariantes, ou seja, derivadas da ômicron) associada ao aumento de casos positivos. Mas isso não é algo garantido para sempre. 

    “Nos próximos meses, podemos ver novas sublinhagens surgirem e, por isso, precisamos nos prevenir a partir de agora”, alerta Levi, que reforça que, no atual momento da pandemia, sem medidas de controle, pode criar um ambiente favorável para a disseminação de novas cepas, caso elas cheguem ao país. 

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