O que é testosterona?
Obesidade interfere mais do que idade nos baixos níveis do principal hormônio masculino
Embora seja predominante nos homens, a testosterona também pode ser encontrada nas mulheres (nos ovários e nas glândulas adrenais), ainda que em doses inferiores.
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Nos homens, é o hormônio responsável por desenvolver os órgãos sexuais, produção de espermatozoides, além de características como aparecimento e crescimento da barba, engrossamento da voz e crescimento dos músculos do corpo. Tem importância também para a libido e função sexual de forma geral.
Já nas mulheres, a testosterona é fabricada nos ovários e nas glândulas adrenais em uma proporção muito menor, cerca de 15 a 20 vezes menos. Ainda assim, o hormônio exerce um importante papel no processo de reprodução, pois estimula a libido no período de ovulação. Além disso, ajuda a aumentar a disposição física e a massa muscular.
Relação da obesidade com a testosterona
Um novo estudo sobre testosterona, divulgado em dezembro de 2021, realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Feira de Santana, na Bahia, aponta que o principal fator para a diminuição do hormônio não é a idade, mas sim a obesidade.
Na pesquisa foram avaliados 3.479 homens acima de 45 anos de idade, e os pesquisadores mostraram que o excesso de gordura, especialmente aquela localizada na região do abdômen, pode fazer com que homens de 45 e 64 anos tenham níveis semelhantes aos de outros homens com mais de 80 anos.
E por falar em obesidade, segundo dados do Ministério da Saúde, 21,8% dos homens no Brasil estão obesos. Já 57,5% deles têm sobrepeso.
Esses baixos níveis de testosterona, que estão diretamente associados ao sobrepeso, também podem causar a disfunção sexual e infertilidade, pois esse é o principal hormônio masculino. Essa diminuição hormonal também pode resultar em disfunção erétil, afetar diretamente a libido, a produção de espermatozoides e, consequentemente, a fertilidade.
Mas existem alguns caminhos para resolver os baixos níveis de testosterona. “O controle do peso com uma alimentação completa e balanceada pode favorecer a produção natural de todos os hormônios e de outras substâncias que nosso corpo produz naturalmente”, afirma Erica Fernanda de Oliveira, nutricionista do Hospital 9 de Julho.
Testosterona e idade
Como dissemos anteriormente, a pesquisa aponta a relação da obesidade com a queda dos níveis de testosterona, mostrando inclusive que ela pode ser menor em homens mais jovens com sobrepeso. Porém, é fato que a idade também é um fator que contribui nessa diminuição.
Isso acontece porque, com o passar dos anos, passamos por um processo natural de envelhecimento das nossas células que reflete diretamente no nosso organismo, inclusive na função hormonal.
A partir dos 40 anos, o homem perde 1% de testosterona a cada ano em um déficit gradativo chamado de Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM).
Sinais e sintomas da baixa testosterona
Como saber se estou com baixos níveis de testosterona?
Os exames são feitos a partir de uma coleta de sangue e podem ser descritos de dois tipos:
- Testosterona total: irá avaliar a quantidade total de testosterona que o corpo produz.
- Testosterona livre: verifica a quantidade do hormônio que está disponível para ser absorvida pelo corpo. Corresponde a cerca de 3% da testosterona total.
Só um médico pode avaliar se seus níveis de testosterona estão normais. Mas, só para você ter uma noção, nos homens adultos essas taxas variam entre 300 a 1.000 nanogramas por decilitro (ng/dl) de sangue, enquanto nas mulheres, ficam entre 12,09 a 59,46 ng/dl.
Vale ressaltar que a coleta de sangue para dosagem de testosterona não deve fazer parte de um check-up de rotina, e sim ser solicitada pelo médico apenas na presença de sintomas relacionados à esfera sexual no homem, e em outras situações específicas na mulher.
Como aumentar o nível de testosterona?
Existem algumas formas de tratamento que serão avaliadas individualmente pelo seu médico, e que podem ser eficazes para aumentar o nível de testosterona, entre elas estão:
Tratamento da obesidade
Por estar associada a queda de testosterona e também a outros problemas de saúde, reduzir o excesso de gordura corpórea torna-se um dos métodos de tratamento.
“Na grande maioria das vezes, há indicação do tratamento de obesidade, e não a reposição de hormônios, porém as pessoas são muito mais resistentes ao tratamento da obesidade, inclusive em usar medicamentos para tratar a obesidade. Ainda há um tabu muito grande em relação a isso”, lembra a nutróloga Luciane Osse do Hospital 9 de Julho.
Alimentação saudável
Isto inclui um cardápio rico em alimentos fontes de zinco (como amêndoas e ostras), ácido fólico (quiabo cozido, espinafre e beterraba), vitamina E (espinafre, brócolis e kiwi), além de salmão, atum e sementes de chia, fontes de ômega 3.
“Comer bem também significa evitar ao máximo os alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, bolachas, embutidos e sucos artificiais. Quando consumidos em excesso, certamente haverá alterações nas taxas de testosterona”, explica a nutróloga Luciane Osse.
Atividade física
A atividade física possui um importante papel no tratamento dos quadros de deficiência da testosterona.
Exercícios de alta intensidade e curta duração, que combinam atividades aeróbicas e de força, aumentam a testosterona, e são um dos pilares no tratamento da obesidade como um todo, que ainda implica uma boa alimentação e controle da ansiedade.
“Ter peso adequado, praticar atividade física, ter um bom controle emocional e sono adequado costumam sim interferir na produção de testosterona,” afirma Erica Fernanda de Oliveira.
Terapia hormonal
Quando essa necessidade é identificada pelo médico, a terapia hormonal pode ser uma alternativa segura. Ela existe na forma injetável, ou na chamada transdérmica, ou seja, em gel e creme.
No entanto, alguns cuidados devem ser tomados. Em doses inadequadas, a terapia pode desencadear alterações no colesterol, queda de cabelo, acnes, entre outros problemas.
Por isso, lembre-se: antes de realizar qualquer tratamento, procure um médico de sua confiança para o diagnóstico e tratamento corretos. Nem sempre só repor testosterona é a solução!