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    Síndrome de Ramsay Hunt: você conhece a infecção?

    Síndrome é causada pela reativação do vírus da catapora e pode deixar sequelas

    Por Raquel RibeiroPublicado em 09/09/2022, às 15:35 - Atualizado em 25/05/2023, às 15:21
    síndrome RamsayFoto: Shutterstock

    O astro da música pop, Justin Bieber, anunciou uma pausa na turnê do seu último disco para cuidar da saúde mental. O motivo é uma questão que já tinha sido divulgada recentemente, quando o cantor apareceu nas redes sociais com metade da face paralisada, revelando ter sido acometido pela síndrome de Ramsay Hunt.

    Mas afinal, o que é a síndrome de Ramsay Hunt? É uma condição médica rara causada exclusivamente pela reativação do vírus da varicela-zoster, o mesmo que causa a catapora.  Isso acontece porque mesmo depois de curado da doença, o vírus permanece alojado no sistema nervoso central por toda nossa vida, e pode ser reativado muitos anos depois.

    Em outras palavras, trata-se de uma infecção em que se associam três condições: paralisia facial, dor de ouvido intensa e tonturas.

    Além disso, é importante saber que a síndrome de Ramsay Hunt pode transmitir o vírus da varicela-zoster para quem nunca teve catapora. Logo, a síndrome em si não é transmissível, já que ela depende de uma reativação do vírus, mas o agente causador da infecção sim. Ou seja, uma pessoa com a síndrome pode transmitir o vírus que causa a catapora em quem nunca teve a doença.

    + LEIA TAMBÉM: Herpes-zoster: o que é, sintomas e tratamento

    Principais sintomas da Síndrome de Ramsay Hunt

    Por ser uma infecção que acomete um nervo próximo ao ouvido, parte dos sintomas estão relacionados a região da cabeça, local onde estão as ramificações do nervo afetado. Veja alguns dos principais sintomas: 

    • Paralisia da face;
    • Tontura;
    • Dor de ouvido intensa e até perda auditiva;
    • Dor de cabeça;
    • Aparecimento de manchas vermelhas, bolhas, caroços e/ou inchaço na pele;
    • Olhos secos;
    • Febre;
    • Dificuldade para falar;
    • Alterações no paladar.

    Diagnóstico

    Antes de qualquer coisa, é importante dizer que o diagnóstico precoce é sempre muito benéfico, especialmente em doenças neurológicas, pois além de poder mudar o percurso da patologia, pode diminuir consideravelmente os riscos de sequelas, como paralisia da face e perda da audição.

    O diagnóstico parte inicialmente do reconhecimento dos sintomas, e é confirmado com outros exames como o de ouvido e o de sorologia para herpes-zoster.

    Outros testes de laboratório também podem ser feitos. Um deles é a PCR (Proteína C Reativa) para avaliar a presença do vírus no organismo e a gustometria, que visa diagnosticar distúrbios no paladar.

    Tratamento

    O tratamento é feito com antivirais e anti-inflamatórios para diminuir a dor, além de antialérgicos para reduzir alguns dos sintomas como o olho seco, por exemplo. No entanto, o tratamento de cada caso vai depender da avaliação de cada indivíduo.

    Fisioterapeutas e fonoaudiólogos podem auxiliar na recuperação com artifícios terapêuticos e exercícios que têm objetivo de restabelecer o equilíbrio do corpo e das funções musculares. Alguns deles são:

    Reabilitação labiríntica: consiste na realização de exercícios físicos repetitivos para reduzir a vertigem.

    Fonoterapia: pode ser necessária para restabelecer a função muscular da face. Trata-se de um acompanhamento individual com um fonoaudiólogo realizado, geralmente, entre uma ou duas vezes por semana.

    Cirurgia: para atenuar a paralisia do nervo facial quando não há reversão por meio de outros métodos terapêuticos.

    Toxina botulínica: mais conhecida como Botox ®, substância capaz de impedir a contração muscular, pode ser necessária para o tratamento das sequelas da síndrome de Ramsay Hunt. 

    Fonte: José Ricardo Testa, professor Adjunto do Departamento de Otorrinolaringologia e cirurgia de cabeça e pescoço da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo); André Bon, infectologista do Hospital Brasília; Glaucia Grosse, fonoaudióloga especialista em distúrbios da comunicação humana e disfagia.

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