Sarcoidose: doença inflamatória que pode afetar diversos órgãos
Condição é considerada rara e exige atenção para diagnóstico e tratamento precoces
Neste artigo, você vai ler:
A sarcoidose é uma doença inflamatória crônica que pode acometer diversos órgãos do corpo. No Brasil, estima-se que a incidência de casos seja de 10 pessoas a cada 100 mil habitantes. A doença costuma ser diagnosticada dos 35 anos a 50 anos, sendo mais frequente em mulheres mais velhas, especialmente afro-americanas. Na maioria das vezes, a pessoa afetada pode conviver com a doença sem repercussão clínica importante, e em outros casos, a doença pode ter manifestações clínicas que requerem cuidado e necessidade de tratamento. Veja mais sobre a doença a seguir.
Sarcoidose: o que é?
A sarcoidose é uma doença caracterizada pelo desenvolvimento de granulomas, que são pequenas massas de células inflamatórias. Esses granulomas podem se formar em diferentes órgãos, sendo os pulmões e os linfonodos intratorácicos as áreas mais comumente afetadas.
A literatura ainda não sabe exatamente a origem da sarcoidose. No entanto, os médicos acreditam que ela possa ser desencadeada pela interação entre um antígeno ambiental e um indivíduo geneticamente suscetível, o que provoca uma desregulação do sistema imunológico que culmina na formação do granuloma tecidual.
É importante dizer que a sarcoidose não é contagiosa. E, apesar da causa da doença ser desconhecida, a exposição a diversos agentes (antígenos) são potenciais gatilhos para o desenvolvimento da doença.
Formas de apresentação da Sarcoidose
A apresentação clínica da sarcoidose vai depender do órgão ou dos órgãos afetados. A forma mais comum é a sarcoidose pulmonar, que atinge os pulmões e está presente em mais de 90% dos casos diagnosticados.
Depois do pulmão, a sarcoidose de linfonodos (gânglios linfáticos), sarcoidose de pele e sarcoidose dos olhos são as mais comuns. Além delas, podemos citar a sarcoidose hepática (envolvendo o fígado), que geralmente se apresenta apenas com alterações transitórias das enzimas hepáticas.
Com menos frequência, coração, baço, rins, articulações e o sistema nervoso central também podem ser afetados.
Fatores de risco
Como ainda não se conhecem suas causas exatas, nem sempre é possível prever quais são os principais fatores de risco para a condição.
Atualmente, sabe-se que o pico de incidência da sarcoidose em mulheres é mais tardio (após 50-60 anos) do que em homens, quando a pico da doença ocorre antes dos 40 anos. Ela é mais comum entre afro-americanas, mas pode afetar qualquer pessoa de qualquer sexo, etnia e idade (embora a incidência na infância seja mais rara).
Indivíduos negros, brancos do nordeste europeu e portadores de histórico da doença na família também parecem ter maior risco para desenvolver o problema.
Além disso, alguns estudos evidenciaram que a incidência da sarcoidose e as formas mais graves da doença são mais comuns em países como a Suécia, Dinamarca, Finlândia, Irlanda e na população negra dos EUA.
Sintomas da sarcoidose
Os sintomas da sarcoidose variam de acordo com o órgão afetado e a gravidade da doença. No entanto, alguns pacientes podem ser assintomáticos.
Quando os sintomas se fazem presentes, os mais comuns são:
- Fadiga;
- Tosse seca;
- Falta de ar;
- Dor no peito;
- Febre;
- Suores noturnos;
- Linfonodos aumentados;
- Perda de peso;
- Lesões na pele;
- Dor nas articulações;
- Problemas de visão.
Como os sintomas são inespecíficos (ou seja, podem surgir em outras doenças), não é incomum que o diagnóstico da sarcoidose seja desafiador e demore a ser feito. Além disso, como a doença tem apresentação radiológica parecida com a tuberculose, não é raro que alguns pacientes relatem que foram tratados inadvertidamente para o problema antes de receberem o diagnóstico de sarcoidose.
Agendar exames
Qual médico procurar?
Sendo os pulmões os órgãos mais afetados, via de regra, o médico pneumologista é o profissional que mais comumente realiza o diagnóstico e trata a doença.
No entanto, a depender das manifestações da doença, qualquer especialista pode ser consultado, como dermatologistas, oftalmologistas, cardiologistas, neurologistas e médicos generalistas. Um reumatologista também pode estar envolvido nos casos que afetam as articulações.
Exames que auxiliam no diagnóstico
O diagnóstico da sarcoidose envolve uma combinação de dados clínicos e exames laboratoriais e de imagem. Os principais exames úteis para o diagnóstico dessa condição são:
- Tomografia computadorizada do tórax;
- Exames de sangue, como hemograma, vitamina D, cálcio, função renal e hepática;
- Biópsia do tecido afetado para confirmação da presença de granulomas;
- Testes de função pulmonar;
- Ressonância magnética, em casos neurológicos ou cardíacos;
- PET-CT pode ser usada para avaliar o envolvimento sistêmico pela doença e estimar a atividade da doença.
Formas de tratamento para a sarcoidose
Nem todos os casos de sarcoidose exigem tratamento. Para pacientes assintomáticos ou com sintomas leves, especialmente em algumas formas de apresentação da doença, como na sarcoidose aguda, a recomendação inicial é não tratar, pois existe grande chance de remissão espontânea.
Já quando a doença se apresenta de forma agressiva, com sintomas mais intensos, causando comprometimento da função do órgão e prejuízo da qualidade de vida, a doença deve ser tratada com o intuito de controlar a inflamação.
O tratamento farmacológico envolve corticoides como primeira escolha, seguido pelo metotrexato, além de imunossupressores; podendo haver a necessidade do uso de medicamentos imunobiológicos em alguns casos.
O tratamento deve estar centrado no paciente e envolver também terapias de suporte, como exercício físico e reabilitação pulmonar, além de terapias especificassem casos de envolvimento ocular, cardíaco e hipertensão pulmonar. Fadiga e depressão são sintomas frequentes e, portanto, também devem ser tratadas quando estiverem presentes.
Fonte: Dra. Sílvia Carla Sousa Rodrigues – médica pneumologista