Tudo sobre a SOP: Síndrome do Ovário Policístico
Problema hormonal não tem cura e requer tratamento
A notícia de que a atriz Larissa Manoela, 21, foi diagnosticada com a síndrome do ovário policístico fez com que muitas mulheres passassem a buscar informações sobre o problema.
Neste artigo, você vai ler:
A artista usou as redes sociais para falar sobre a síndrome, também conhecida pela sigla SOP, uma condição que causa desequilíbrio hormonal e afeta cerca de 2 milhões de mulheres no Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Endometriose.
Por isso, vamos esclarecer as principais dúvidas sobre a SOP, como suas causas, sintomas e opções de tratamento. Acompanhe!
O que é SOP?
A SOP é caracterizada principalmente por disfunção ovulatória e hiperandrogenismo. A disfunção ovulatória nada mais é do que uma anormalidade, irregularidade ou até mesmo ausência de ovulação; o hiperandrogenismo, por sua vez, é o termo utilizado para se referir ao aumento inadequado dos hormônios masculinos. A SOP é a causa mais comum de infertilidade em mulheres e, geralmente, manifesta-se ainda durante a adolescência. Além disso, é reconhecida como uma das condições endócrinas mais comuns nas mulheres.
Sintomas
A síndrome possui muitas manifestações clínicas, laboratoriais e de imagem, que variam entre as pacientes. Confira as mais comuns:
- Menstruação irregular: pode ocorrer em períodos espaçados, poucas vezes ao ano, fluxos intensos ou até mesmo a ausência dela;
- Obesidade;
- Aumento de pelos no corpo (em locais pouco comuns);
- Manchas escuras em regiões, como pescoço, entre as coxas e axilas;
- Acne: passa a aparecer por conta da maior produção de material oleoso pelas glândulas sebáceas;
- Afinamento dos fios ou queda de cabelo: pode levar à calvície feminina, principalmente se a mulher tem o gene da alopecia androgenética (forma de queda de cabelos geneticamente determinada). A manifestação clínica da calvície genética desencadeada pela SOP é caracterizada pelo rareamento da coroa no couro cabeludo. Ou seja, a risca do cabelo começa a ficar mais larga, deixando o couro cabeludo cada vez mais aparente;
- Resistência à insulina;
- Dislipidemia: gorduras e colesterol elevados no sangue.
- Tolerância diminuída à glicose: o organismo tem dificuldades em metabolizar a glicose impedindo que a glicemia fique em níveis normais;
- Ovário policístico (um ou ambos): aumento no tamanho e pequenos cistos na parte externa deles.
Causas
As causas da SOP ainda não são conhecidas. Porém, a principal hipótese é de que a condição tenha uma origem genética, além de uma ligação entre a doença e a resistência à insulina.
Diagnóstico
O diagnóstico e a intervenção precoce são importantes em mulheres com SOP para melhorar a qualidade de vida e bem-estar. No entanto, a maioria das pacientes são diagnosticadas depois de muito tempo sofrendo com os sintomas.
Por isso, o primeiro passo é avaliar os sintomas relatados pela mulher durante a consulta médica. Depois, podem ser solicitados exames como o ultrassom transvaginal e outros de sangue para dosagem de hormônios.
História e exame físico: muitas mulheres podem ser diagnosticadas com base no histórico clínico e exame físico. O médico analisa a menstruação irregular e sinais clínicos de hiperandrogenismo (acne e/ou queda de cabelo).
Testes hormonais para verificar se os níveis de hormônios estão adequados, podem ser solicitados exames como testosterona total e testosterona livre.
Ultrassonografia transvaginal: é realizada para determinar se os ovários têm morfologia policística.
Tratamento para a síndrome do ovário policístico
O tratamento tem como objetivo diminuir os sintomas e, assim, melhorar a qualidade de vida da mulher. Entre as principais estratégias de tratamento,estão:
O tratamento começa com a mudança no estilo de vida. Reeducação alimentar e exercícios para redução de peso como o primeiro passo para mulheres com sobrepeso e obesidade associada à SOP. Depois disso, o tratamento inclui o uso de medicamentos para controle da produção de hormônios masculinos, podendo seguir caminhos diferentes para as mulheres que querem engravidar e para as que não querem:
Mulheres que pretendem engravidar:
- Medicamentos para indução da ovulação;
- Terapia com hormônios que estimulam a produção de progesterona pelos ovários;
- Cirurgia laparoscópica e fertilização in vitro, técnica que consiste em coletar óvulos diretamente dos ovários.
Mulheres que não pretendem engravidar:
Contraceptivos orais combinados de estrogênio-progesterona (COCs) como terapia de proteção ao endométrio e disfunção ovulatória.
Para mulheres com SOP, que optam por não não tomar COCs, os tratamentos alternativos para proteção endometrial são a terapia de progestina intermitente ou contínua, ou um dispositivo intrauterino (DIU) liberador de progestina, além do monitoramento para confirmar que os ciclos ovulatórios foram estabelecidos.
Por fim, abaixo, você confere as respostas para perguntas mais feitas pelos leitores na internet quando o assunto é a síndrome do ovário policístico. Confira!
Quem tem a síndrome do ovário policístico pode engravidar?
Sim. Com tratamento adequado, na maioria das vezes, é possível engravidar, especialmente se a condição não for associada a outras doenças anovulatórias que prejudiquem a ovulação.
Qual é a relação entre a SOP e a queda dos cabelos?
Um dos sintomas mais frequentes da SOP é a queda ou afinamento do cabelo, podendo inclusive levar à calvície, principalmente se a paciente tem o gene da alopecia androgenética (forma de queda de cabelos geneticamente determinada).
Essa queda acontece porque os microcistos que se formam na superfície dos ovários provocam um desequilíbrio hormonal importante, alterando os níveis dos hormônios testosterona e DHT, a dihidrotestosterona, o andrógeno responsável pela calvície androgenética.
O tratamento deve ser feito com uma equipe multidisciplinar, envolvendo médico, ginecologista e tricologista. Geralmente as técnicas não-invasivas, como a laserterapia para aceleração do metabolismo são as mais indicadas.
A síndrome do ovário policístico tem cura?
A SOP não tem cura, mas pode ser controlada com as diversas opções de tratamento que existem.
Fontes: Luciano Barsanti, médico e tricologista, presidente da Sociedade Brasileira de Tricologia (SBTri) e Diretor Médico do Instituto do Cabelo; Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, membro da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP); Etiêne Galvão, ginecologista e professora do curso de Medicina do Centro Universitário de João Pessoa – Unipê.