Síndrome do piriforme: dor nos glúteos que pode irradiar para as pernas
Conheça os sinais deste quadro e o que fazer para prevenir e tratar o problema
Embora pouco conhecida, a síndrome do piriforme é responsável por uma parcela significativa dos casos de dor ciática. Um estudo publicado no Archives of Physical Medicine and Rehabilitation estima que essa condição representa entre 6% e 8% dos casos de ciática.
Neste artigo, você vai ler:
Síndrome do piriforme: o que é?
Trata-se de uma síndrome em que o músculo piriforme, localizado na porção mais profunda das nádegas, comprime o nervo ciático, que se estende da região lombar até os pés. Essa compressão causa uma dor na nádega que pode irradiar para a parte posterior da coxa e para a região lateral das pernas e dos pés.
Os sintomas são semelhantes aos da compressão por hérnia de disco: dor que irradia para a perna, formigamento, dormência e desconforto ao sentar-se ou caminhar. Por isso, essa condição é considerada uma causa extraespinal de dor ciática (ciatalgia) e muitas vezes é confundida com problemas na coluna vertebral.
O que causa a síndrome do piriforme
A síndrome do piriforme pode surgir quando o nervo ciático é comprimido pelo músculo piriforme. E, na maioria dos casos, a causa dessa compressão é um histórico de sobrecarga na região, causada por fatores como:
- Ficar sentado/a por longos períodos;
- Anormalidade anatômica;
- Prática de atividades que demandam os quadris, como ciclismo e corrida.
A síndrome também pode ser causada por lesões no quadril, quedas e outros tipos de trauma.
Lembrando que o sobrepeso e o envelhecimento também são fatores de risco, já que, com o tempo, perdemos flexibilidade e tendemos a ficar mais tempo sentados.
Formas de prevenir
Para prevenir a síndrome do piriforme, é fundamental adotar alguns cuidados no dia a dia. Um deles seria a prática regular de exercícios de alongamento. Eles ajudam a manter a flexibilidade do músculo piriforme e da região lombar, reduzindo o risco de compressão do nervo ciático.
Já os exercícios de fortalecimento são especialmente importantes para os praticantes de esportes de alto impacto para a região dos gúlteos, como a corrida.
Além disso, evitar permanecer sentado por longos períodos também é essencial, assim como manter uma boa postura tanto ao sentar-se quanto ao levantar ou realizar atividades físicas.
Para quem passa longos períodos sentado, é essencial fazer intervalos regulares, levantando-se e caminhando um pouco para estimular a movimentação do corpo e evitar sobrecargas musculares.
Contudo, diante de qualquer dor persistente nas nádegas ou nas pernas, o ideal é procurar a avaliação de um profissional de saúde para um diagnóstico adequado.
Sintomas da síndrome do piriforme
A síndrome do piriforme se manifesta, principalmente, por dor na região das nádegas, que pode irradiar para a parte posterior da coxa, perna e até o pé, de forma semelhante à dor causada por problemas na coluna lombar, como hérnia de disco.
Outros sinais comuns são:
- Dor ao subir ou descer escadas
- Dificuldade para fazer movimentos de rotação do quadril
- Sensação de dormência ou formigamento nas nádegas, com possível irradiação
- Desconforto ao ficar sentado por muito tempo
- Sensibilidade e dor ao toque na região glútea
Vale destacar que esses sintomas podem variar em intensidade e são agravados por certas posições ou esforços físicos.
Quando procurar por um médico?
Quando a dor na região glútea for persistente, intensa ou começar a irradiar para a coxa e a perna, principalmente se estiver acompanhada de dormência, formigamento ou dificuldade para se movimentar. Além disso, é importante buscar avaliação profissional se o desconforto piorar ao ficar sentado por longos períodos, subir escadas ou ao realizar movimentos com o quadril.
Exames que auxiliam no diagnóstico da síndrome do piriforme
O diagnóstico da síndrome do piriforme é feito principalmente por meio de uma avaliação clínica detalhada, levando em conta o histórico do paciente e um exame físico cuidadoso.
O teste clínico conhecido como FAIR (Flexão, Adução e Rotação Interna), que envolve flexão, adução e rotação interna do quadril, é bastante eficaz para reproduzir os sintomas durante a contração do piriforme e reforçar a suspeita do quadro.
Porém, como os sintomas se assemelham aos de outras condições que também causam dor no nervo ciático, como hérnia de disco ou estenose do canal vertebral, exames complementares podem ser solicitados para excluir essas possibilidades.
A ressonância magnética e a tomografia computadorizada são exames úteis para identificar alterações musculares ou possíveis compressões nervosas. Em alguns casos, a ultrassonografia pode ser utilizada para observar o músculo piriforme e sua relação com o nervo ciático, principalmente quando há suspeita de aumento de volume muscular.
Em casos específicos, testes eletrofisiológicos, como a eletroneuromiografia, podem ser aplicados para analisar a condução do nervo ciático. Embora não sejam tão precisos nesse diagnóstico específico, podem ajudar a eliminar outras doenças neurológicas.
Síndrome do piriforme tem cura?
Não se trata de uma condição com cura definitiva, mas seus sintomas podem ser controlados de forma eficaz com o tratamento adequado. Por isso, o segredo está na adoção de hábitos que evitem a sobrecarga da região afetada. E, em caso de sintomas, procurar ajuda médica.
Formas de tratamento
Geralmente, o tratamento começa com medidas conservadoras, sendo a fisioterapia o principal recurso. Alongamentos direcionados ao músculo piriforme, aliados ao fortalecimento da musculatura do quadril e da lombar, são fundamentais para aliviar a pressão sobre o nervo ciático. Além disso, a reeducação postural e a prática de exercícios educativos para o esporte ajudam a prevenir a recorrência dos sintomas.
Técnicas manuais, como massagem profunda e liberação miofascial, podem ajudar a reduzir espasmos e tensões musculares. Métodos como crioterapia (uso de gelo) e termoterapia (aplicação de calor) também são aplicados para aliviar dor e inflamação. O tratamento pode incluir ainda medicamentos como anti-inflamatórios e relaxantes musculares para controle dos sintomas.
Agora, nos casos em que a dor persiste, opções mais invasivas podem ser consideradas, como injeções de corticosteroides no músculo piriforme, guiadas por imagem, ou aplicação de toxina botulínica para diminuir o espasmo.
Quando nenhuma dessas abordagens traz alívio, a cirurgia pode ser indicada, visando liberar o músculo piriforme ou descomprimir o nervo ciático. No entanto, esse procedimento é reservado para situações em que todas as alternativas falharam, e deve ser avaliado com cautela devido aos riscos envolvidos.