‘Triplidemia’ deve chegar ao Brasil?
Aumento de infecções virais em crianças no hemisfério norte causa preocupação em pais
Em qualquer parte do mundo, o período entre outono e inverno é conhecido pelo aumento de casos de infecções respiratórias, especialmente em crianças. Alguns vírus, como o VRS (vírus respiratório sincicial, causador da bronquiolite) e o próprio influenza, causam surtos sazonais típicos do período.
Neste artigo, você vai ler:
Mas esse cenário parece ter se modificado. Após dois anos de pandemia e muitos meses isolados em casa ou com medidas de proteção como o uso de máscaras, os vírus respiratórios comuns ao outono e inverno parecem ter mudado sua forma de atuação e estão surgindo fora de época.
É o que ocorre neste momento nos Estados Unidos, que vive o que os especialistas de lá estão chamando de “triplidemia” – uma alusão à palavra pandemia para descrever a ocorrência de não um, mas três surtos: além da Covid-19, influenza e VRS estão lotando as enfermarias e hospitais pediátricos.
Para melhorar, outros vírus que circulavam de forma rotineira sem causar grandes danos também voltaram com mais força – causando mais casos e até complicações antes pouco vistas.
É o caso, por exemplo, dos enterovírus, que causam um resfriado comum, mas têm provocado alguns casos graves; e do Coxsackie (um tipo de enterovírus), que provoca a doença chamada de mão pé boca, bastante comum durante a infância – mas que tem provocado casos em adultos também.
E no Brasil?
De acordo com o médico pediatra Eitan Naaman, membro do Departamento Científico de Infectologia da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), no Brasil também foi observado um comportamento atípico de vírus durante a pandemia.
“Temos observado um deslocamento dos períodos de circulação dos patógenos”, explica. “O VSR, por exemplo, é típico dos meses de outono, mas tivemos casos dele em novembro, o que não é normal”, afirma.
O próprio influenza teve um surto fora de época em dezembro de 2021 com uma cepa esperada para aparecer apenas em março de 2022.
Casos de mão pé boca também foram observados durante os meses de outubro e novembro, quando não era mais esperado que estivesse circulando com força, e causando reinfecções – algo também incomum para a doença.
No entanto, como estamos no verão, a tendência é que o número de casos não aumente de forma significativa.
Quando procurar ajuda?
Todos os vírus que causam infecções respiratórias podem provocar complicações especialmente em crianças pequenas e bebês. O VSR, por exemplo, é hoje considerado o maior causador de internações entre essa faixa etária.
Por isso, os pais devem ficar atentos e buscar ajuda médica ao observarem:
- Febre alta ou persistente;
- Lesões/manchas no corpo;
- Dificuldade para respirar;
- Cansaço excessivo;
- Prostração;
- Irritação (em bebês).
Esses são sintomas que podem indicar problemas mais sérios e um especialista deve avaliar para fazer o diagnóstico correto.