Tudo sobre diabetes: veja detalhes sobre a doença
A doença ocorre devido a uma deficiência na produção de insulina ou pela resistência na sua utilização pelo organismo
No dia 14 de novembro celebra-se o Dia Mundial do Diabetes. A data é importante para lembrar a população de uma doença que é bastante comum, perigosa e pode ser silenciosa.
Neste artigo, você vai ler:
O diabetes mellitus é uma síndrome metabólica relacionada ao controle glicêmico (açúcar no sangue). Ocorre devido a uma deficiência na produção de insulina ou pela resistência na sua utilização pelo organismo.
Os primeiros registros de diabetes foram feitos antes de Cristo e, até a descoberta da insulina na década de 1920, as pessoas morriam rapidamente por conta das complicações da doença.
Atualmente, quem recebe o diagnóstico de diabetes consegue ter uma vida praticamente normal, com poucas restrições. No entanto, precisa fazer o monitoramento da glicose e o acompanhamento constante com diversos especialistas.
“É uma doença que afeta diversos órgãos, se não tratada adequadamente. Causa profundo impacto na qualidade de vida sem o acompanhamento correto. Quem tem diabetes precisa alterar hábitos: mudar a dieta, praticar atividade física, usar medicamentos e seguir as orientações médicas”, destaca Alexandre Bezerra, endocrinologista do Hospital Santa Paula.
Na reportagem a seguir, você confere detalhes sobre como o diabetes atua no corpo, formas de diagnóstico, tipos e a importância de manter hábitos saudáveis e aderir ao tratamento. Acompanhe.
Tipos de diabetes
Você sabia que existem diferentes tipos de diabetes? A seguir, confira detalhes sobre cada um.
Diabetes tipo 1
Ocorre uma falta absoluta de insulina. Isso gera um excesso de glicose (açúcar) no sangue, o que desencadeia complicações no organismo. Nesse caso, a doença surge ainda na infância ou adolescência, e é considerado um problema autoimune e crônico, ou seja, não tem cura.
A doença acontece porque o pâncreas para de produzir (ou produz muito pouco) a insulina. Há uma destruição das células do pâncreas, responsáveis pela secreção da insulina. Isso provoca desequilíbrio nos níveis de glicose no sangue. É um tipo mais raro, atinge cerca de 10% dos casos de diabetes.
Diabetes tipo 2
Acontece devido à resistência à ação da insulina nos órgãos. Com o tempo, também passa a ocorrer a dificuldade do pâncreas de secretar o hormônio, aumentando os níveis de açúcar no sangue.
É uma doença complexa e multifatorial, o que significa que, além da questão da predisposição genética, pode aparecer devido aos hábitos inadequados de saúde.
“Muitas vezes, as pessoas passam anos sem sintomas. É comum que esses indivíduos apenas descubram a doença durante exames de rotina ou quando aparece alguma complicação, que precisa de tratamento”, explica André Vianna, endocrinologista e diretor da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes).
Diabetes gestacional
Você sabia que as grávidas também podem ter diabetes? Nessas situações, ela surge por conta da presença de glicose elevada no sangue durante a gravidez, mas a situação costuma normalizar depois do parto. No entanto, mulheres que têm esse tipo de diabetes estão mais propensas a desenvolver o tipo 2 durante a vida.
Geralmente, o diabetes gestacional acontece quando a grávida desenvolve uma resistência insulínica provocada pelos hormônios que têm ação contrária à insulina. É mais frequente no terceiro trimestre da gravidez e precisa de acompanhamento, já que oferece riscos tanto para a gestante quanto para o bebê.
Fonte: Atlas do Diabetes do IDF (2021).
Sinais de alerta
Como vimos, algumas vezes, o diabetes não causa sintomas. Portanto, é fundamental estar com os exames de rotina em dia. Alguns testes de rastreio identificam a doença de forma precoce e evitam sequelas.
“O diabetes tipo 1 surge na infância e adolescência e costuma dar alguns sinais como excesso de urina, sede intensa e perda de peso. Esses mesmos sinais podem estar presentes na pessoa com diabetes tipo 2. Por outro lado, esses sintomas podem estar ausentes. Portanto, a avaliação da possibilidade de diabetes tipo 2 deve ser realizada nos exames de rotina, como sangue, principalmente em pacientes obesos e com histórico na família”, explica Bezerra.
Além disso, a pessoa pode ter pré-diabetes, ou seja, quando os níveis de glicose no sangue estão altos, mas não o suficiente para se ter um diagnóstico da doença. Mas, nesses casos, o indivíduo corre mais risco de desenvolver diabetes. Nesse caso, o indivíduo tem um risco aumentado de desenvolver diabetes tipo 2.
Entre os sintomas iniciais de diabetes, podemos citar:
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Aumento da urina;
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Sede excessiva;
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Aumento do apetite;
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Perda de peso repentina;
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Cansaço;
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Dificuldade de cicatrização;
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Vista embaçada ou turvação visual.
Diagnóstico de diabetes
O diagnóstico costuma ser bastante simples. Geralmente, é solicitada a glicemia de jejum, que avalia a taxa de glicose na circulação sanguínea. Para isso, o indivíduo deve estar em jejum de 8 a 12 horas ou de acordo com a orientação médica.
Também pode ser solicitado o exame de curva glicêmica (para avaliar as alterações na glicemia) e o teste de tolerância à glicose oral, que avalia a glicose no sangue em dois momentos – depois de pelo menos 8 horas de jejum e também após 2 horas da ingestão de um xarope com 75 gramas de glicose.
Por fim, a hemoglobina glicada avalia a média da glicemia dos últimos dois a três meses.
Mas quais são os valores dos exames laboratoriais considerados normais, e quais os compatíveis com o diagnóstico de diabetes? Veja detalhes abaixo:
Sequelas da doença
Quando o diabetes está descontrolado e por longos períodos, o corpo inteiro é afetado e sofre sequelas.
“O acompanhamento do controle glicêmico é fundamental para prevenir as complicações de diabetes. Quando está descompensada, afeta rins, olhos, coração e membros inferiores, comprometendo bastante a qualidade de vida do indivíduo”, explica Simone Matsuda, endocrinologista pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Entre as complicações que a doença pode causar estão:
- Problemas renais: afeta a capacidade de filtragem dos rins e danifica os vasos sanguíneos dos órgãos. Com isso, há sobrecarga renal, levando a comprometimento dos rins e até falência renal.
- Saúde ocular: em excesso, a glicose prejudica a retina, aumenta a pressão nos olhos e causa catarata. Em casos extremos, provoca a cegueira.
- Amputações: prejudica a circulação e provoca danos aos nervos. Surgem formigamento, fraqueza e perda de sensibilidade nos pés. Aumenta assim o risco de amputações.
De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), cerca de 70% das amputações dos membros inferiores que ocorreram em 2020 foram em razão das complicações do chamado “pé diabético”.
Problemas cardiovasculares: a glicose em excesso aumenta as placas de gordura nas veias e também os coágulos sanguíneos. Por conta disso, quem tem diabetes está mais propenso a ter infartos, AVC (acidente vascular cerebral) e insuficiência cardíaca.
Alimentação na prevenção e controle do diabetes
Não é novidade que incluir na rotina hábitos saudáveis como manter uma dieta equilibrada afasta o risco de doenças. No caso da alimentação, ela cumpre um papel fundamental tanto para prevenir diabetes quanto no controle da doença após o diagnóstico.
“Uma alimentação inadequada leva ao aumento do peso, que, por sua vez, promove o desenvolvimento de resistência à ação da insulina. Com isso, o pâncreas fica sobrecarregado, favorecendo o surgimento do diabetes”, explica Solange Travassos, endocrinologista e membro da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes).
Mas quem já tem diabetes precisa buscar ajuda profissional para entender as mudanças que serão necessárias na dieta. Quando não se tem essa orientação especializada, a pessoa realiza restrições inadequadas, o que compromete a saúde.
De forma geral, é importante ter uma dieta equilibrada, ou seja, sem excesso de açúcar, carboidratos e gorduras. Vale a pena investir no consumo de alimentos integrais e vegetais por conta da quantidade de fibras, que retardam a entrada de açúcar no sangue e ajudam a evitar picos de glicose.
As frutas possuem um açúcar natural, chamado de frutose, precisam ser consumidas em pequenas quantidades por pessoas com diabetes. A recomendação é de uma porção por vez.
Atividade física como aliada contra diabetes
Quem deseja diminuir o risco de diabetes (ou controlar a doença), encontra na atividade física regular um caminho importante para alcançar esses objetivos. A recomendação é realizar pelo menos 150 minutos de atividade física de intensidade moderada a intensa por semana.
De acordo com uma pesquisa, pessoas com diabetes tipo 2 que praticavam exercícios regulares reduziram o uso de medicamentos orais e de insulina para baixar a glicose. Já outro estudo publicado na revista científica The Lancet comprovou que a atividade física frequente ajuda a reverter o pré-diabetes.
Mas por que se manter ativo fisicamente ajuda no controle da diabetes? “A atividade física é uma estratégia eficaz para diminuir o peso, já que ajuda na queima de calorias. Um benefício imediato do exercício é reduzir os níveis altos de açúcar no sangue. Por isso, sempre é indicado para quem tem diabetes”, complementa Vianna.
Adesão ao tratamento para conviver bem com diabetes
Pode ser assustador receber o diagnóstico de diabetes, mas a doença tem controle e a pessoa consegue ter uma vida sem restrições, desde que realize o acompanhamento médico e faça o monitoramento da glicose no sangue.
A principal abordagem para a regulação do diabetes é manter os níveis normais de glicose no sangue. No caso do diabetes tipo 1 (e tipo 2 quando avançado), a injeção subcutânea de insulina é necessária para controlar os níveis de glicose no sangue.
É preciso ainda ter disciplina e incluir na rotina uma alimentação equilibrada e exercícios. Dessa forma, as complicações crônicas são reduzidas.
Uma forma de realizar o controle da doença é por meio de um exame chamado de “ponta de dedo”. O indivíduo com diabetes precisa extrair uma gota de sangue do dedo com uma lanceta e colocá-la num aparelho eletrônico medidor de glicose.
Pouco tempo depois, descobre-se o valor da glicemia. Com isso, percebe-se se há a necessidade de mudar de medicamentos ou alterar a dieta, por exemplo.
“Indivíduos com diabetes precisam realizar acompanhamento médico cerca de três a quatro vezes ao ano para ajuste da dose das medicações e avaliação do risco de desenvolver complicações crônicas da doença. Quanto mais precocemente for atingido o controle glicêmico adequado, menor o risco, por isso a importância do acompanhamento periódico”, destaca Renata Liboni, endocrinologista e professora do curso de Medicina da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).
Vale destacar que quem tem diabetes precisa realizar um acompanhamento multidisciplinar, com endocrinologista, nutricionista e educador físico. O tratamento passa por mudanças no estilo de vida que contribuem para controlar a doença.
Mas você sabia que a tecnologia também tem contribuído com a saúde das pessoas com diabetes? A bomba de infusão de insulina, por exemplo, é um aparelho que parece os antigos bips e libera o hormônio continuamente por 24h e de acordo com a necessidade da pessoa com diabetes. É útil tanto para quem tem diabetes do tipo 1 ou 2, já que funciona como se imitasse a função do pâncreas.