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    Causas e consequências da apneia do sono

    Dificuldade para respirar ao dormir causa sonolência diurna, irritabilidade e baixa concentração

    Por Tiemi OsatoPublicado em 26/12/2022, às 12:00 - Atualizado em 25/04/2023, às 10:25
    apneia do sonoImagem: Shutterstock

    Estima-se que, no mundo todo, cerca de 936 milhões de adultos entre 30 e 69 anos sofram de apneia obstrutiva do sono (AOS). Os dados, publicados na revista científica The Lancet em 2019, mostram ainda que o Brasil está entre os países mais impactados pelo problema. 

    O quadro é, basicamente, o seguinte: você está dormindo e, então, sua respiração para. Você deixa de respirar de forma adequada por, no mínimo, dez segundos, diminuindo a quantidade de oxigênio que entra no seu organismo e gerando uma série de interrupções no sono ao longo da noite.  

    Esses episódios, além de terem duração mínima de dez segundos, devem ocorrer ao menos cinco vezes por hora para caracterizar a apneia obstrutiva do sono.

    O que causa a apneia obstrutiva do sono?

    Como o próprio nome adianta, a apneia acontece por uma obstrução na via aérea. “É uma dificuldade funcional do sistema respiratório”, afirma Luiz Fernando Lobo, cirurgião bucomaxilo do Laboratório do Sono do Hospital Santa Paula.  

    Muitas vezes, a apneia do sono pode ser resultado de alterações esqueléticas da face, como o desvio de septo. Mas esse não é o único elemento que contribui para o surgimento do distúrbio.  

    “O sobrepeso é um fator bastante associado à apneia”, diz o otorrinolaringologista Edilson Zancanella, presidente da ABMS (Associação Brasileira de Medicina do Sono) e coordenador do Serviço de Distúrbios do Sono do Hospital de Clínicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).  

    “Quando ganhamos peso, ocorre um aumento da circunferência do pescoço e pode haver um estreitamento da via aérea na região da faringe, por onde entra o fluxo de ar”, explica ele.  

    E, ao falar em apneia do sono, é preciso analisar a própria faringe (que está relacionada a amídalas, língua, palato mole e úvula) para checar se a característica de alguma estrutura está favorecendo a obstrução.

    Quais são as consequências da apneia obstrutiva do sono?

    Em primeiro lugar, quem sofre de apneia acaba tendo um sono fragmentado e não reparador. As frequentes quedas de oxigenação impedem o relaxamento total durante a noite. Ou seja, o paciente dorme mal — e, na verdade, tem aquela sensação de nem ter dormido.  

    Há três sintomas bem típicos decorrentes desse cenário: sonolência diurna excessiva, irritabilidade e baixa concentração. Nesse último caso, podemos dizer que o processamento das informações é mais lento. “Por exemplo: você está lendo alguma coisa no computador. De repente, precisa parar e ler de novo”, exemplifica Luiz Fernando Lobo.  

    Os impactos cognitivos não se limitam à concentração, e prejudicam também o discernimento, o entendimento e a capacidade decisória do indivíduo. E a situação fica mais perigosa quando pensamos que a falta de concentração pode afetar alguém que esteja em um ambiente menos controlado, como uma estrada.  

    Além disso, há uma série de comorbidades ligadas à apneia obstrutiva do sono. Isso porque, em função das várias paradas respiratórias, o organismo passa a ter, à noite, uma liberação de substâncias mais características do período diurno.  

    “As catecolaminas (neurotransmissores associados ao estresse) podem aumentar, fazendo com o que o paciente tenha picos hipertensivos durante o período do sono”, esclarece Edilson Zancanella. “É muito frequente a relação entre apneia do sono e hipertensão arterial, dislipidemia ou diabetes”, complementa.  

    Existe tratamento para apneia obstrutiva do sono?

    apneia obstrutiva do sonoImagem: Shutterstock

    Sim. E é essencial que o tratamento seja individualizado. “O tratamento personalizado, feito por um médico especialista em sono que consiga entender todas as necessidades do paciente, é o que faz a diferença para o êxito do resultado”, comenta Zancanella.  

    Para aqueles que têm alterações anatômicas relevantes (amídalas e úvula grandes ou nariz obstruído, por exemplo), há a possibilidade de correção cirúrgica como tratamento para apneia do sono.  

    “Há uma série de técnicas para aumentar a área de ventilação, mas não basta corrigir a operação mecânica”, alerta Lobo. “Se você respira mal há trinta anos, eu posso corrigir a sua deficiência e você vai continuar respirando mal, porque a memória de aprendizagem está errada”, diz.  

    Por isso, é importante contar tanto com um cirurgião quanto com a orientação de um fonoaudiólogo que ensine a forma correta de utilizar as estruturas do nosso corpo.  

    Outra forma de tratamento são os aparelhos intraorais. “São placas que vão dentro da boca e colocam a mandíbula em uma posição mais anteriorizada”, explica Zancanella. “Precisa de um ajuste gradual e de um acompanhamento bastante próximo para evitar qualquer dano à mordida”, acrescenta.

    E um recurso ainda bastante utilizado para tratar a apneia obstrutiva do sono é o CPAP. O equipamento envia um ar com pressão, que chega ao paciente por meio de uma máscara e garante que as vias respiratórias não irão se fechar. É um aparelho de uso diário e adaptado de maneira específica para cada indivíduo.

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