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Hipertensão pulmonar pode apresentar sintomas como o cansaço excessivo; entenda a condição

Considerado raro e progressivo, o quadro afeta o fluxo de sangue, sobrecarregando o lado direito do coração

Fonte: Dr. Elie Fissmédico pneumologista da Dasa Publicado em 16/07/2025, às 11:41 - Atualizado em 16/07/2025, às 11:41

hipertensão pulmonar

Considerado raro e progressivo, o quadro afeta o fluxo de sangue, sobrecarregando o lado direito do coração 

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Um cansaço sem explicação. Uma falta de ar que transforma uma caminhada em um grande esforço. Esses sinais, muitas vezes ignorados, podem ser indícios de hipertensão pulmonar. 

Segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), a condição afeta cerca de 2 milhões de brasileiros, com 100 mil deles necessitando de tratamento específico. 

Apesar do nome parecido com a pressão alta comum, trata-se de outra doença, e bem mais rara. A hipertensão pulmonar acontece nos pulmões, e pode sobrecarregar o coração de forma perigosa.

 

Hipertensão pulmonar: o que é? 

A hipertensão pulmonar é uma doença rara e progressiva causada pela elevação da pressão nas artérias pulmonares. Estas artérias transportam sangue do coração para os pulmões e, nessa condição, ficam mais estreitas e rígidas, dificultando a passagem do sangue. 

Essa dificuldade obriga o lado direito do coração a trabalhar muito mais para conseguir bombear o sangue. Com o tempo, esse esforço extra pode fazer o músculo cardíaco aumentar de tamanho e perder força, levando a uma insuficiência cardíaca.  

O quadro é considerado hipertensão pulmonar quando a pressão arterial pulmonar média (PAPm) está acima de 20 mmHg em repouso, um valor medido por um exame específico chamado ecocardiograma. 

Fatores de risco 

Entre as causas mais relevantes no Brasil, está a esquistossomose, uma doença causada por um verme. Mas condições do tecido conjuntivo (como a esclerodermia e o lúpus) e infecções como o HIV também aumentam o risco de desenvolver o problema. 

Além disso, a hipertensão pulmonar pode ser consequência de doenças cardiovasculares ou pulmonares prévias. 

Mas, outros fatores que merecem atenção são: 

  • Histórico familiar da doença, ligado a fatores genéticos; 
  • Uso de certas substâncias, como alguns medicamentos para emagrecer e drogas ilícitas como a cocaína; 
  • Doenças do fígado, como a cirrose; 
  • Anemia falciforme; 
  • Apneia do sono; 
  • Embolia pulmonar crônica, quando coágulos de sangue se alojam nos pulmões. 

Em alguns casos, nenhuma causa é encontrada. A doença é então chamada de hipertensão arterial pulmonar idiopática. 

Quais são os tipos de hipertensão pulmonar? 

Os médicos dividem a hipertensão pulmonar em cinco grandes grupos, de acordo com a sua causa. E o tratamento varia muito de um grupo para o outro. 

Grupo 1 – Devido primariamente à Hipertensão arterial pulmonar (HAP)
Inclui os casos sem causa definida (idiopática), os hereditários e os associados a outras doenças, como HIV, esquistossomose e lúpus. 

Grupo 2 – Associada a doenças do lado esquerdo do coração
É o tipo mais comum. Acontece quando falhas no funcionamento do lado esquerdo do coração causam um “congestionamento” de sangue que aumenta a pressão nos pulmões. 

Grupo 3 – Associada a doenças pulmonares ou falta de oxigênio (hipóxia)
Acontece em pessoas com doenças como DPOC ou fibrose pulmonar, que danificam o pulmão e, por consequência, seus vasos. 

Grupo 4 – Hipertensão pulmonar tromboembólica crônica (HPTEC)
Causada por coágulos de sangue antigos que não se dissolveram e obstruem as artérias pulmonares. 

Grupo 5 – Causas raras ou multifatoriais
Um grupo que reúne diversas outras condições que podem levar à hipertensão pulmonar, como doenças metabólicas ou hematológicas. 

Prevenção 

A melhor estratégia é focar na prevenção e no controle dos fatores de risco. E isso significa tratar qualquer doença de base que possa levar ao problema, como, por exemplo, a DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica). 

Medidas como parar de fumar, evitar a exposição a poluentes e a vacina VSR ajudam a prevenir a DPOC e suas complicações e, indiretamente, reduzem o risco de complicações pulmonares. As vacinas contra a gripe e a pneumonia também protegem a saúde pulmonar. 

É importante prevenir doenças cardiovasculares que possam sobrecarregar a circulação pulmonar. Uma dieta equilibrada, controle do peso e a prática regular de atividades físicas estão entre as medidas recomendadas. 

Além disso, se você tem alguma condição de risco, como lúpus ou esquistossomose, converse com seu médico sobre a necessidade de monitorar a saúde dos seus pulmões. 

Sintomas da hipertensão pulmonar 

O sintoma mais comum e que costuma aparecer primeiro é a falta de ar durante esforços, chamada pelos médicos de dispneia. No início, ela acontece ao subir uma escada ou andar mais rápido, mas, com a progressão da doença, pode surgir até mesmo em repouso. O cansaço constante e a fadiga também são muito frequentes. 

Conforme a doença avança, outros sinais podem aparecer e indicar maior gravidade: 

  • Tontura e até desmaios (síncope), principalmente durante ou após atividades físicas. 
  • Inchaço nos tornozelos, pernas e abdômen. 
  • Dor ou pressão no peito. 
  • Lábios e pele com uma tonalidade azulada, um sinal de que o sangue não está sendo bem oxigenado. 
  • Batimentos cardíacos acelerados ou palpitações. 

Em casos mais raros, pode acontecer rouquidão e tosse com sangue. 

Qual médico procurar? 

Ao perceber sintomas como falta de ar e cansaço progressivo, procure ajuda médica. Os especialistas mais indicados para investigar e tratar a hipertensão pulmonar são o pneumologista, que cuida dos pulmões, e o cardiologista, que cuida do coração.

Como a doença afeta esses dois órgãos, muitas vezes o acompanhamento é feito em conjunto. 

Como é feito o diagnóstico da hipertensão pulmonar? 

Geralmente, ele começa com a suspeita do médico a partir da história clínica do paciente e de um exame físico. Então, habitualmente um dos primeiros exames solicitados costuma ser o ecocardiograma transtorácico.

Ele funciona como um ultrassom do coração e consegue estimar a pressão na artéria pulmonar, além de verificar se há sinais de sobrecarga no coração. 

Se o ecocardiograma levantar suspeitas, outros exames são necessários. O cateterismo cardíaco direito é o exame padrão-ouro para confirmar o diagnóstico.

Nele, um cateter fino é inserido em uma veia e levado até o lado direito do coração e à artéria pulmonar para medir a pressão diretamente. É um procedimento mais complexo e invasivo, realizado em hospital.

Mas outros exames podem ser solicitados pelo médico, como: 

  • Raio-x do tórax: pode mostrar alterações como o aumento do tamanho das artérias pulmonares ou do coração, embora possa parecer normal nas fases iniciais. 
  • Eletrocardiograma: avalia a atividade elétrica do coração e pode detectar sinais de que o lado direito do coração está trabalhando mais do que deveria. 
  • Tomografia do tórax: traz imagens detalhadas dos pulmões e dos vasos sanguíneos, ajudando a descartar outras doenças e a procurar por sinais como coágulos. 
  • Exames de sangue: usados para investigar causas secundárias, como HIV, doenças autoimunes e problemas no fígado. 

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Tratamentos para a hipertensão pulmonar 

A hipertensão pulmonar não tem cura, mas os tratamentos podem controlar os sintomas, retardar a progressão da doença e melhorar muito a qualidade de vida.

Em geral, no começo, são adotadas medidas de suporte, como o uso de oxigênio em casa para quem tem baixos níveis de oxigenação no sangue e de diuréticos para reduzir o inchaço. Além disso, se houver uma doença de base, ela deve ser tratada.  

Para alguns tipos de hipertensão pulmonar, especialmente a do Grupo 1 (HAP), medicamentos atuam dilatando os vasos sanguíneos dos pulmões. Eles ajudam a reduzir a pressão e a aliviar a sobrecarga do coração. Anticoagulantes também podem ser indicados para prevenir a formação de coágulos. 

Em casos mais específicos ou graves, outras opções podem ser consideradas: 

  • Tromboendarterectomia pulmonar: cirurgia para remover coágulos de sangue crônicos das artérias pulmonares, indicada para pacientes do Grupo 4. 
  • Transplante de pulmão: opção para os pacientes com doença muito avançada e que não respondem bem aos outros tratamentos. 

O plano de tratamento é sempre individualizado e definido pelo médico especialista, levando em conta o tipo de hipertensão pulmonar, a gravidade e a saúde geral do paciente.

 

 

Fontes: Dr. Elie Fiss – Médico pneumologista da Dasa e Dra. Monica Silveira Lapa – pneumologista

 

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