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Autismo: a importância do diagnóstico precoce

Diagnóstico precoce oferece proteção jurídica às crianças e melhora o tratamento

Por Tiemi OsatoPublicado em 10/06/2022, às 09:58 - Atualizado em 09/10/2024, às 16:42
Foto: Shutterstock

Antigamente, se um pai ou uma mãe percebessem algum tipo de atraso no desenvolvimento do filho, era bem provável que ouvissem o pediatra dizer que “cada criança tem seu tempo”. Hoje, no entanto, há um novo olhar para essa questão. Entende-se que as suspeitas de déficits do desenvolvimento merecem ser investigadas com atenção, podendo indicar, por exemplo, um quadro de autismo. 

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Observar os sintomas é mais do que essencial quando falamos de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), uma vez que o diagnóstico é clínico e fruto de uma série de análises — ou seja, não existem exames laboratoriais ou radiológicos com objetivo de detectar a condição.  

São tantas as dimensões a serem consideradas que os principais critérios clínicos associados ao TEA dividem-se em duas categorias. A primeira engloba déficits na comunicação social e nas interações, que podem ser explicitados por atraso na linguagem, pouca expressão facial e dificuldade para gesticular e manter contato visual. 

Já o segundo grupo abrange movimentos, comportamentos e interesses repetitivos ou restritos. Nesse caso, também é comum perceber que a criança não consegue usar a imaginação para brincar. Ela pode utilizar um carrinho não para simular uma corrida, mas para ouvir o barulho do metal em contato com alguma superfície ou para observar as rodas. 

Essas atitudes, porém, não são exclusivas do autismo — e este se manifesta de formas variadas. Assim, o diagnóstico deve ser feito, preferencialmente, por um neuropediatra ou um psiquiatra infantil. Além dos pais e responsáveis que convivem com a criança, outros profissionais (como fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais) também podem auxiliar nesse processo. 

Importância do diagnóstico precoce

Em geral, a identificação precoce de alguma alteração em nosso organismo tem muitos benefícios, pois permite o tratamento adequado e, na maioria das vezes, uma melhor evolução. A mesma lógica se aplica ao autismo. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, os sintomas de TEA podem ser detectados de maneira consistente entre os 12 e 24 meses de idade.  

É o diagnóstico precoce, mesmo quando não definitivo, que permite o início do tratamento — que deve ser específico, tendo em vista as necessidades de cada paciente. A partir da suspeita de TEA, torna-se possível recorrer a uma reabilitação intensiva e multidisciplinar capaz de beneficiar o funcionamento cognitivo e adaptativo do indivíduo.  

Esse esforço pode ser ainda mais vantajoso porque a plasticidade neuronal (a habilidade dos neurônios de formarem novas conexões) é maior nos primeiros anos de vida e, conforme crescemos, vai diminuindo lentamente. Desse modo, a intervenção precoce pode até alterar a apresentação e a gravidade do transtorno. 

Vale ressaltar também que o diagnóstico precoce concede proteção jurídica às crianças. Por meio da Lei Berenice Piana (nº 12.764, de 2012), não apenas é garantido o direito a atendimento médico, mas à inclusão escolar — impondo, por exemplo, multas a escolas que recusarem matrículas de alunos autistas.

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Fontes: Marcio Vasconcelos, professor associado de Pediatria e Neurologia da Universidade Federal Fluminense; Paulo Telles, pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria.

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