Balanopostite pode causar sintomas como dor e vermelhidão; conheça as causas da inflamação
O quadro acontece em homens não circuncidados, e o tratamento costuma ser bem simples

O quadro acontece em homens não circuncidados, e o tratamento costuma ser bem simples
O assunto é pouco comentado, e muitos homens enfrentam o problema em silêncio. Mas aquela irritação na ponta do pênis, com vermelhidão e dor, tem um nome: balanopostite. Essa inflamação pode afetar qualquer um, de crianças a adultos, independentemente da vida sexual.
Na maioria das vezes, a causa é simples e o tratamento também. O problema geralmente está ligado a hábitos de higiene que podem ser facilmente ajustados.
Neste artigo, você vai ler:
Balanopostite: o que é?
Balanopostite é a inflamação que ocorre na glande e no prepúcio, a pele que recobre o pênis. Ou seja: a condição une a balanite – inflamação da glande – e a postite, inflamação do prepúcio.
Em geral o problema aparece quando a região se torna um ambiente favorável à proliferação de micro-organismos. Umidade e acúmulo de secreções sob o prepúcio criam o cenário perfeito.
A inflamação afeta desde bebês à idosos, sendo mais comum em homens que não removeram o prepúcio, e a fimose (excesso de pele do prepúcio), aumenta as chances de balanopostite.
O que causa a balanopostite?
A causa mais comum da balanopostite é falta de higiene da região genital. Por isso, a condição acontece quase que exclusivamente em homens e meninos não circuncidados. A presença do prepúcio, a pele que cobre a cabeça do pênis, pode dificultar a limpeza e facilitar o acúmulo de secreções.
Dessa maneira, cria-se um ambiente perfeito para a proliferação de fungos e bactérias. O acúmulo daquela secreção branca e natural, o esmegma, serve de alimento para micro-organismos, como o fungo Candida albicans (da candidíase).
Porém existem outras causas que devem ser consideradas e identificadas para indicar o tratamento adequado:
- Dermatite de contato: condição causada por uma reação a sabonetes, cremes ou tecidos que irritam a pele.
- Doenças de pele como psoríase, eczema ou líquen escleroso podem aparecer na região genital, causando sintomas de balanopostite.
- Diabetes descompensada: o excesso de açúcar no sangue sai na urina. Essa urina mais doce pode alimentar os fungos que vivem na pele, fazendo com que se multipliquem.
- Uso de medicamentos: alguns antibióticos ou diuréticos podem desequilibrar a flora natural da pele.
- ISTs: nesse caso, o micro-organismo da IST (como o do herpes ou da sífilis) ataca diretamente a pele da região. A reação do corpo a esse ataque é a inflamação que chamamos de balanopostite.
Em casos mais raros, uma inflamação que não melhora pode ser um sinal de alerta. Lesões persistentes na região, incluindo as pré-cancerosas, podem se manifestar como uma balanopostite. Isso reforça a importância de não ignorar os sintomas e sempre buscar a avaliação de um médico.
Sintomas da balanopostite
Os sintomas mais comuns da balanopostite são vermelhidão, inchaço e dor na glande. Esses sinais costumam ser os primeiros e indicam o processo inflamatório. A região também pode ficar muito mais sensível ao toque, causando bastante desconforto, especialmente no contato com as peças íntimas.
Além desses sinais iniciais, outros sintomas podem surgir:
- Coceira intensa na ponta do pênis;
- Presença de secreção com cor e mau cheiro (geralmente esbranquiçada ou amarelada);
- Dificuldade ou ardência ao urinar;
- Pequenas feridas ou rachaduras na pele do prepúcio;
- Dificuldade ou dor para retrair o prepúcio.
Prevenção da balanopostite
A base da prevenção da balanopostite são bons hábitos de higiene. Ou seja, lavar bem a área genital. É preciso retrair completamente o prepúcio com cuidado e lavar a glande com água e sabão neutro para remover qualquer secreção. Para finalizar, secar a região com uma toalha sempre seca já que umidade favorece a proliferação de fungos.
Outras práticas no dia a dia também ajudam a evitar o problema:
- Lavar as mãos antes e depois de urinar;
- Limpar a glande após as relações sexuais;
- Usar preservativo em todas as relações sexuais para evitar infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como gonorreia e HPV. Além do preservativo, a vacina HPV previne o papilomavírus humano, que pode causar lesões genitais.
- Evitar o uso de sabonetes, cremes ou lubrificantes que causem irritação.
- Dar preferência para roupas íntimas de algodão, para que a pele respire melhor.
Riscos
O maior perigo não é a inflamação de um único dia, mas a sua repetição. Quando o problema se torna crônico, ele pode disparar uma verdadeira reação em cadeia, na qual uma complicação leva à outra.
A pele do prepúcio, agredida pela inflamação que vai e volta, começa a cicatrizar de forma inadequada. Essa nova pele perde a elasticidade, fica mais dura e fibrosa. O prepúcio fica “apertado” e não retrai mais com facilidade. Essa é a complicação mais importante, chamada de fimose cicatricial.
Uma vez que essa fimose se instala, ela se torna a causa de problemas ainda mais graves como:
- Parafimose: com o prepúcio apertado, se a pele for forçada para trás durante a higiene ou relação sexual, ela pode ficar presa, sem conseguir voltar à posição normal. Isso “estrangula” a cabeça do pênis, causando um inchaço intenso. É uma emergência médica.
- Estenose de meato: a inflamação crônica e a dificuldade para a urina sair, provocadas pela pele apertada, podem irritar a abertura da uretra. Com o tempo, esse canal também pode cicatrizar e se fechar, dificultando muito o ato de urinar.
Geralmente, o câncer não é uma consequência da fimose, mas sim de uma das causas da balanopostite crônica, como a doença de pele chamada Líquen Escleroso. Nesses casos, a própria condição que causa a inflamação já possui um potencial de evoluir para um tumor.
Exames que auxiliam no diagnóstico
No exame físico feito no consultório, o médico urologista observa a área genital e já identifica uma eventual inflamação. Além dos sintomas e o aspecto das lesões, ele analisa o histórico do paciente para confirmar a suspeita.
Se o médico tiver dúvidas sobre a causa ou se o tratamento inicial não funcionar, pode solicitar a coleta de uma amostra da secreção do pênis com um swab (cotonete). O material é enviado ao laboratório para identificar a presença de fungos ou bactérias.
Já os exames de sangue podem ser úteis para investigar causas sistêmicas. A dosagem de glicose, por exemplo, ajuda a verificar a presença de diabetes não diagnosticada.
Em casos raros, se a lesão não melhora ou há suspeita de uma doença mais grave, o médico pode retirar um pequeno fragmento de tecido da lesão para análise (biópsia).
Formas de tratamento para a balanopostite
A primeira orientação médica será sempre reforçar a limpeza do pênis. Além disso, o médico deve indicar cremes ou pomadas para aplicar diretamente na área afetada. A escolha depende do agente causador e só pode ser feita pelo médico. Mas as opções mais comuns são:
- Antifúngicos: pomadas como o miconazol ou o clotrimazol são usadas se a causa for um fungo, como a Candida albicans.
- Antibióticos: cremes à base de antibióticos são indicados para infecções bacterianas. Em alguns casos, o medicamento pode ser administrado por via oral.
- Pomadas com corticoides de baixa potência: ajudam a reduzir a inflamação, principalmente em casos de irritação ou alergia. Às vezes, são combinadas com antifúngicos.
A cirurgia de remoção do prepúcio (postectomia) pode ser recomendada em casos de balanopostite de repetição ou quando há fimose associada.