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O que é bipolaridade e quais são os sintomas

Os sintomas variam conforme as fases do transtorno bipolar, que se dividem em mania e depressão

Por Tiemi OsatoPublicado em 06/09/2022, às 18:45 - Atualizado em 06/09/2022, às 18:46
Imagem: Shutterstock

Aposto que você já viu uma pessoa mudar muito rápido de humor ou opinião e acabar sendo tachada de “bipolar”. Mas isso não faz muito sentido – e é só mais um dos muitos estigmas que cercam o transtorno afetivo bipolar.

A bipolaridade é, na verdade, uma condição bastante complexa, que não pode ser resumida a uma rápida oscilação emocional.

“É uma doença crônica, caracterizada pela recorrência de episódios de mania/hipomania e depressão”, define Adiel Rios, médico no Programa de Transtorno Bipolar do Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP).

Essas síndromes – a mania e a depressão – são os dois polos típicos do transtorno. Tanto a duração quanto a sequência de episódios são variadas: podem durar dias, semanas e até meses, e não necessariamente ocorrem de maneira alternada.

Além de passar por fases de mania e de depressão, a pessoa bipolar também tem períodos de normalidade.

A mania, a depressão e os sintomas da bipolaridade

Os sintomas da bipolaridade podem aparecer em qualquer idade, mas isso geralmente acontece no final da adolescência ou no início da vida adulta. E as manifestações clínicas variam de acordo com a fase do transtorno.

“Na fase de mania, observa-se exaltação do humor, ideias de grandeza, comprometimento da crítica, hiperatividade, falta da necessidade do sono, gastos excessivos e  hipersexualidade”, explica José Alberto Del Porto, professor titular do Departamento de Psiquiatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

A mania também é marcada por pensamento acelerado, autoconfiança excessiva, impulsividade e euforia. Nesse período, o paciente pode se tornar mais irritado ou agressivo. Já na hipomania, os sintomas correspondem aos da mania, porém são mais leves.

O outro polo do transtorno bipolar é a depressão, que costuma ser mais frequente e duradoura do que a mania. Alguns dos sintomas são modificações no sono (insônia ou hipersônia), diminuição da libido, alteração no apetite (na maioria das vezes, perda) e fadiga excessiva.

“Na fase depressiva há tristeza, inibição psicomotora, falta de prazer nas atividades, lentificação da psicomotricidade, ideias de autodesvalorização e, nos casos mais graves, de suicídio”, complementa Del Porto.

Embora seja conhecida por muita gente, a bipolaridade ainda é um distúrbio que carrega uma série de estigmas sociais – que vão desde considerar a rápida mudança de humor como sinal da doença até não legitimar os sintomas reais desse quadro.

Há casos em que as atitudes de um paciente durante episódios de mania são tidas como falta de caráter. E os períodos de depressão, em vez de serem levados a sério, são atribuídos a uma suposta preguiça.

Como diagnosticar a bipolaridade

“O diagnóstico costuma ser bastante difícil e pode demorar, em média, dez anos para ser estabelecido”, comenta Adiel Rios. Como não há marcadores biológicos específicos para o transtorno de bipolaridade, o diagnóstico é clínico.

E várias coisas podem atrapalhar o diagnóstico correto: “tratamentos equivocados, ausência de comunicação entre os profissionais envolvidos, preconceito, autoestigmatização e desconhecimento sobre como a doença se manifesta (seja pela falta de conhecimento ou pela confusão dos sintomas com os de outros tipos de depressão)”, enumera Rios.

É preciso diferenciar, por exemplo, a bipolaridade de estados de depressão e euforia desencadeados por drogas psicoativas ou problemas de saúde –  como disfunções da tireoide, alterações das glândulas suprarrenais e transtornos de personalidade (sobretudo a Síndrome de Borderline).

A análise cuidadosa da história clínica do paciente é essencial para o diagnóstico e deve abranger os familiares. O histórico é importante, inclusive, para distinguir os tipos de bipolaridade.

“O transtorno bipolar pode ser classificado como de tipo 1, que engloba quadros típicos de depressão e mania plena, e de tipo 2, que alude a fases de depressão alternadas com episódios de hipomania”, afirma Del Porto.

Como tratar a bipolaridade

Imagem: Shutterstock

Enquanto as causas da bipolaridade são desconhecidas, as consequências são bastante claras. Elas incluem redução da expectativa de vida e dificuldade para se relacionar com outras pessoas, trabalhar e estudar.

Por isso, o tratamento busca minimizar a intensidade dos episódios e controlar a evolução da doença, promovendo uma vida mais saudável.

É por meio de medicamentos estabilizadores do humor e antipsicóticos que a bipolaridade costuma ser tratada.

“Em geral, devem ser evitados os antidepressivos no tratamento do transtorno bipolar, uma vez que podem induzir à mania e a estados mistos de mania e depressão”, diz Del Porto.

Há situações em que os antidepressivos são utilizados, mas por um curto período e em associação a estabilizadores do humor.

E, além dos medicamentos, é importante que o paciente conte com psicoterapia – ou abordagens psicopedagógicas, que também ajudam na adesão ao tratamento.

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