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Câncer de colo uterino e vacinação contra o HPV

Por quê se vacinar contra o HPV?

Fonte: Dra. Mariana ScarantiMédica oncologista especialista em tumores ginecológicosPublicado em 24/08/2022, às 18:45 - Atualizado em 15/05/2024, às 10:36
Vacina HPVFoto: Shutterstock

A vasta maioria dos tumores de colo uterino é causada por infecção pelo papilomavírus humano, o HPV.  A infecção persistente pelo vírus faz com que haja formação de lesões pré-neoplásicas ou pré-malignas, mais conhecidas com displasias ou NICs (neoplasias intraepiteliais cervicais).

Essas lesões ainda não são câncer, mas se deixadas no colo do útero sem tratamento ou acompanhamento adequado, podem progredir para neoplasia maligna invasora ou câncer.

O rastreamento de lesões precursoras com a colpocitologia oncótica, ou seja, o Papanicolau, certamente auxilia na redução de progressão para doença invasiva quando instituímos o tratamento precoce.

A vacina na prevenção do câncer de colo de útero

O câncer de colo uterino ainda é o tumor ginecológico mais frequente no Brasil, e essa realidade pode ser mudada, uma vez que esse câncer é passível de prevenção com a vacina HPV. Além disso, é um câncer passível de rastreamento com o exame de Papanicolau e testagem para presença do HPV.

Não é à toa que pesquisas já mostram resultados positivos com a imunização. Recentemente, um estudo britânico publicado na revista Lancet Oncology mostrou que a incidência de câncer de colo uterino foi 87% menor em mulheres que receberam a vacina contra HPV comparada com gerações anteriores não vacinadas.

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Baseados nesta análise, os autores concluem que a vacinação no Reino Unido contra HPV quase que eliminou o câncer de colo uterino em mulheres nascidas após setembro de 1995. Vale ressaltar que a vacinação contra o HPV foi instituída no Reino Unido em 2008. (1)

Outro estudo, publicado no JAMA Pediatrics mostrou uma queda de 38% na incidência de câncer de colo de útero e de 43% em mortalidade por câncer de colo uterino após introdução de vacinação contra HPV nos Estados Unidos.

Neste estudo, mulheres jovens apresentaram uma redução muito importante da mortalidade com uma taxa de 0.6 mortes por câncer de colo uterino por 100.000 mulheres. (2)

É fundamental, portanto, vacinar nossas crianças e adolescentes para que quando essas pessoas iniciem a vida sexual, já tenham uma imunidade construída contra o vírus HPV. Vacinar tardiamente, ou seja, na vida adulta, pode reduzir sua eficácia na prevenção.

Além de ser segura, a vacina traz benefícios substanciais para redução de incidência de câncer de colo uterino. Contudo, vale reforçar que para esse benefício ser máximo, devemos vacinar ainda na fase de infância e adolescência.

+ LEIA TAMBÉM: Vacina HPV: tudo que você precisa saber

Quem pode e deve se vacinar?

A vacinação contra HPV está prevista no calendário do Ministério da Saúde para meninas e meninos com idade entre 9 e 14 anos. Esse público pode receber a vacina quadrivalente (contra os tipos de HPV 6, 11,16 e 18) de forma gratuita em qualquer unidade de saúde.

Os imunossuprimidos, como as pessoas em tratamento oncológico, transplantados de medula óssea e pessoas vivendo com HIV também encontram a vacina de forma gratuita no SUS (Sistema Único de Saúde), já que por estarem a com imunidade reduzida, estão mais suscetíveis a infecções pelo HPV. (3)

Na rede privada, a vacina nonavalente está disponível com uma cobertura contra os tipos 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58. Além de conferir mais proteção, a vacina nonavalente está disponível para todas as pessoas com idade entre 9 e 45 anos.

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