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    Capacitismo: o que é e como combater

    Para construir uma sociedade inclusiva, precisamos entender as vivências de pessoas com deficiência

    Por Tiemi OsatoPublicado em 21/09/2022, às 15:05 - Atualizado em 25/05/2023, às 15:27
    Imagem: Shutterstock

    O Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, comemorado em 21 de setembro, tem o objetivo de promover discussões sobre a inclusão de pessoas com deficiência (PcDs) na sociedade. E para começar a entender esse assunto, é necessário falar sobre capacitismo – palavra que se refere a qualquer discriminação ou preconceito contra PcDs.

    Nem sempre o capacitismo é intencional (mas isso não quer dizer que não seja problemático, certo?). Acontece que, enquanto sociedade, temos uma imagem bem definida do tipo de pessoa considerada “normal”. É aquela que tem um corpo que funciona “perfeitamente” bem e está apta a realizar diversas atividades.

    Essa linha de raciocínio gera uma ideia preconceituosa que associa pessoas com deficiência à inferioridade. Em muitos casos, esses indivíduos são vistos como “menos” – menos capazes, menos desejáveis, menos valiosos – porque algo estaria faltando neles.

    Essas são noções socialmente construídas. Assim como a própria concepção de deficiência.

    De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o termo “pessoas com deficiência” abrange todas aquelas que têm algum impedimento – físico, mental, intelectual ou sensorial – que, ao entrar em contato com barreiras ambientais ou comportamentais, pode prejudicar a sua participação plena e efetiva na sociedade.

    A ONU reconhece, inclusive, que a classificação do que é ou não deficiência depende da cultura de uma região. Além disso, depende de tecnologias, assistência e serviços disponíveis. Ou seja, os obstáculos sociais têm um papel nessa história.

    Fica mais fácil de entender se pensarmos que alguém pode ter determinada condição de caráter físico, por exemplo, mas acaba sendo prejudicada por atitudes excludentes do dia a dia (como na escola ou no trabalho) e pela ausência de infraestrutura ou produtos acessíveis. E essas barreiras se manifestam também na linguagem.

    Expressões capacitistas para tirar do vocabulário

    O jeito como nos expressamos pode até parecer inofensivo, mas, na verdade, nossas falas conseguem reforçar e propagar ideias capacitistas. Por isso, é importante ficarmos atentos ao nosso vocabulário e garantir que não estamos normalizando a estigmatização de PcDs.

    A começar pela forma como nos referimos a PcDs. É mais respeitoso o termo “pessoa com deficiência” a simplesmente “deficiente”, que reduz e limita o indivíduo à sua deficiência.

    Também é importante evitar relacionar as trajetórias de PcDs a feitos heroicos ou olhá-las com pena. A deficiência é apenas uma das diversas condições de vida que existem no mundo. Isso não significa que ela precisa ser superada ou que é sinônimo de tristeza e sofrimento.

    Outro aspecto fundamental quanto à linguagem são expressões do cotidiano muitas vezes ditas como “piadas”, eufemismos e metáforas.

    Um dos exemplos mais evidentes é o uso da palavra “retardado”. Às vezes ela é empregada para se referir a pessoas com deficiências intelectuais, às vezes quer dizer que um indivíduo é devagar ou sem noção. Em ambos os casos a atitude é depreciativa.

    Veja outras expressões que dão um sentido pejorativo, de inferioridade ou de incapacidade a deficiências:

    • Fingir demência
    • Dar uma de João sem braço
    • Que mancada
    • Em terra de cego, quem tem um olho é rei
    • Não ter braços/pernas para realizar uma tarefa

    Como ser anticapacitista

    O primeiro passo para ser anticapacitista é se educar. Busque informações e consuma conteúdos produzidos por PcDs. Assim você fica mais próximo das realidades dessas pessoas e entende como contribuir para uma sociedade mais inclusiva.

    Além disso, é fundamental exigir acessibilidade dos locais que você frequenta. Sua escola, sua faculdade ou seu trabalho são inclusivos? E os eventos aos quais você vai? Ou então o seu restaurante favorito? Esses questionamentos valem tanto para aspectos de infraestrutura quanto para questões comportamentais.

    Os espaços virtuais não ficam de fora dessa discussão. As redes sociais também podem se tornar acessíveis. É para isso que servem recursos como texto alternativo às imagens e as legendas de vídeos, por exemplo.

    E, conforme você for aprendendo, passe para frente esse conhecimento.

    Referências: Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde; Câmara dos Deputados; Centro DO-IT (Deficiências, Oportunidades, Internetworking e Tecnologia), da Universidade de Washington; Dicionário anticapacitista em saúde mental, com realização da Janssen e apoio da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); Guia Anticapacitista, e-book do ativista Ivan Baron; Harvard Business Review, da Universidade de Harvard; Instituto Federal da Paraíba; Projeto UnLeading, da Universidade de York; The Conversation.

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