Carcinoma: conheça as causas desse tipo de câncer
Tumor se inicia nas células epiteliais que revestem órgãos e tecidos do corpo
Dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer) estimam que o Brasil terá mais de 39 mil novos casos de câncer a cada ano no triênio 2023-2025. Entre eles, muitos serão do tipo carcinoma, considerado hoje o tipo mais comum de câncer e o que mais atinge pessoas ao redor do mundo. Os carcinomas podem surgir em diversas partes do corpo humano, como pele, pulmões, mamas e próstata; felizmente, no entanto, o avanço nas formas de diagnóstico precoce e nos tratamentos tem aumentado as chances de desfechos positivos para pacientes com a doença. Continue a leitura para saber mais sobre como esse tipo de câncer se desenvolve no corpo e quando é a hora de buscar ajuda médica.
Neste artigo, você vai ler:
Carcinoma: o que é?
O carcinoma é um tipo de câncer que se origina nas células epiteliais, conhecidas por formar o revestimento da pele, dos órgãos internos, das glândulas e dos ductos do nosso corpo.
É o tipo de câncer mais comum no mundo todo e pode atingir locais como pulmões, fígado, mama, próstata e intestino, entre outros. Ele é diferente de outros tipos de câncer, como linfomas (que se desenvolvem no sistema linfático) ou sarcomas (que surgem nos ossos e tecidos conjuntivos).
Tipos de Carcinoma
Existem diferentes tipos de carcinoma, classificados de acordo com a localização e as características das células afetadas. Os mais comuns são:
- Carcinoma de células escamosas (epidermoide): afeta as células da camada mais externa da pele e pode surgir em locais como esôfago, pulmões e colo do útero.
- Adenocarcinoma: é um dos tipos mais frequentes de carcinoma e atinge células glandulares presentes em órgãos como mama, próstata, estômago e intestino.
- Carcinoma de células basais ou basocelular: geralmente aparece na pele devido à exposição solar excessiva e tende a ter um crescimento lento.
- Carcinoma de células de transição (urotelial): acomete o trato urinário, incluindo bexiga, uretra e ureteres.
- Carcinoma ductal: surge nos ductos que transportam fluidos, como o carcinoma ductal in situ (CDIS) e o carcinoma ductal invasivo da mama.
- Carcinoma lobular: desenvolve-se nos lóbulos das glândulas mamárias, sendo o carcinoma lobular invasivo um tipo comum de câncer de mama.
- Carcinoma de pequenas células: um tipo agressivo que geralmente se desenvolve nos pulmões, mas pode ocorrer em outras partes do corpo.
Fatores de risco para um carcinoma
Alguns dos fatores de risco para o surgimento de carcinomas estão relacionados ao estilo de vida, enquanto outros envolvem predisposições genéticas para o problema. Os mais conhecidos são:
- Exposição prolongada ao sol (sem proteção adequada), o que pode levar ao câncer de pele;
- Tabagismo, um dos maiores causadores de câncer de pulmão e outros carcinomas no corpo (como o de esôfago);
- Consumo excessivo de álcool;
- Alimentação rica em alimentos ultraprocessados e pobre em fibras;
- Histórico familiar de câncer;
- Infecções virais, como o HPV, que é associado ao câncer de colo do útero. Já as hepatites B e C podem aumentar o risco de carcinoma hepatocelular (fígado);
- Exposição a substâncias químicas tóxicas no ambiente de trabalho;
- Idade, já que o risco de desenvolver carcinoma aumenta com o passar dos anos, pois as células acumulam mais mutações genéticas ao longo do tempo.
Sintomas
Não é incomum que o carcinoma apareça de forma assintomática nos estágios iniciais, o que pode dificultar seu diagnóstico precoce. Quando os sintomas surgem, os mais comuns são:
- Nódulos ou caroços que surgem e crescem rapidamente;
- Feridas na pele que não cicatrizam;
- Mudanças na pele, como manchas ou lesões que coçam, descamam ou sangram;
- Sangramento vaginal fora do período menstrual, sangramento retal ou em outras partes do corpo.
- Tosse persistente, rouquidão ou dificuldade para respirar (em casos de câncer de pulmão);
- Alterações no funcionamento do intestino ou da bexiga;
- Perda de peso inexplicada e fadiga constante;
- Dificuldade para engolir (disfagia);
- Indigestão persistente ou azia.
Caso esses sintomas apareçam de forma recorrente ou sem causa aparente, é importante passar por uma avaliação médica para investigas as causas.
Qual médico procurar?
A especialidade médica a ser procurada inicialmente pode depender dos sintomas apresentados. No caso de lesões de pele, por exemplo, é comum que o dermatologista seja o primeiro especialista a ser consultado; no caso de sintomas ginecológicos, o ginecologista fazer o atendimento inicial, e assim por diante.
Após o primeiro diagnóstico, o tratamento e acompanhamento devem ser feitos pelo médico oncologista. No entanto, a abordagem multidisciplinar, com a colaboração de diferentes especialistas a depender do local do problema, é frequentemente essencial no tratamento dos carcinomas.
Exames que auxiliam no diagnóstico
O diagnóstico de carcinoma envolve uma série de exames clínicos e laboratoriais. Entre os mais utilizados, estão:
- Exames de imagem, como ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética, que ajudam a identificar a localização e o tamanho do tumor;
- Exames laboratoriais, como análises de sangue, que podem incluir a dosagem de marcadores tumorais, substâncias produzidas por alguns tipos de câncer mesmo em estágios iniciais;
- Biópsia, considerada o exame definitivo para confirmação do carcinoma. Trata-se da retirada de uma amostra do tecido suspeito para análise em laboratório.
A partir desses exames, o médico consegue confirmar o diagnóstico e identificar o estágio da doença, além de definir um plano de tratamento específico e personalizado para cada paciente.
Tipos de tratamento para um carcinoma
A remoção cirúrgica do tumor é frequentemente o tratamento primário para carcinomas localizados. Em alguns casos, pode ser necessário remover também tecidos circunjacentes e linfonodos para garantir a contenção completa do tumor e impedir que as células cancerosas se espalhem.
Além da cirurgia, as principais formas de tratamento disponíveis para carcinomas hoje na medicina incluem:
- Radioterapia: usa radiação de alta energia para destruir as células cancerosas e reduzir o tamanho dos tumores. Pode ser utilizada antes da cirurgia para diminuir o tumor (e assim reduzir a área de tecido retirada), após a cirurgia para eliminar células cancerosas remanescentes; ou como tratamento principal, quando a cirurgia não é possível.
- Quimioterapia: uso de medicamentos para destruir as células cancerosas em todo o corpo. Pode ser administrada por via oral ou intravenosa e é frequentemente utilizada para tratar carcinomas metastáticos ou para reduzir o risco de recorrência após a cirurgia.
- Terapia hormonal: utilizada em carcinomas sensíveis a hormônios, como alguns tipos de câncer de mama e próstata. Bloqueia ou reduz a produção de hormônios que alimentam o crescimento das células do tumor.
- Terapias-alvo: utilizam medicamentos que atacam especificamente as moléculas envolvidas no crescimento e na disseminação das células cancerosas.
- Imunoterapia: estimula o sistema imunológico do próprio paciente a combater as células cancerosas. Tem se mostrado eficaz em alguns tipos de carcinoma avançado.
- Terapias ablativas: Técnicas como a ablação por radiofrequência, crioablação e ablação por micro-ondas utilizam calor ou frio extremo para destruir as células cancerosas.
Em muitos casos, é possível que o médico recomende o uso de uma combinação de terapias para obter melhores resultados. No entanto, é importante reforçar que o tratamento é sempre individualizado e elaborado de acordo com as características do tumor e as condições de saúde do paciente.
Fonte: Dr. Cristovam Scapulatempo Neto – Patologista