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    Cuidados com a saúde para tabagistas

    Monitorar a saúde é importante, mas não substitui a cessação do tabagismo, que é fundamental

    Por Tiemi OsatoPublicado em 29/09/2022, às 14:55 - Atualizado em 25/05/2023, às 15:00
    Foto: Shutterstock

    Contar com acompanhamento médico e manter os exames em dia é importante para todo mundo. Inclusive para tabagistas. Acontece que isso não é o suficiente para cuidar da saúde. Ao fumar, você corre uma série de riscos, e existem condições que se manifestam apenas em estágios mais avançados.

    Riscos do tabagismo à saúde

    O tabagismo é frequentemente associado ao câncer de pulmão. E não à toa: fumantes têm até 22 vezes mais probabilidade de desenvolver esse tipo de tumor na comparação com não fumantes, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). Mas esse não é o único risco que o tabaco apresenta.

    Há outros cânceres vinculados ao tabagismo, como câncer de bexiga, de fígado, de colo de útero, de faringe, de boca, de estômago, de pâncreas, de esôfago, de laringe, de rim, colorretal e leucemia mielóide aguda.

    E quando se fala em malefícios do tabaco à saúde, é impossível não olhar para o sistema cardiovascular. Fumar pode engrossar e estreitar os vasos sanguíneos, fazendo com que a pressão arterial aumente e favorecendo o surgimento de coágulos que atrapalham o fluxo sanguíneo. O tabagismo acentua o risco de AVC, doença coronariana e ataque cardíaco.

    O sistema respiratório é outro que sofre prejuízos. O tabaco causa danos às vias aéreas, aos brônquios e aos alvéolos, e a sua fumaça reduz a oxigenação dos tecidos do organismo. Tabagistas têm risco aumentado para quadros como câncer de pulmão, DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), pneumonia e tuberculose.

    Além disso, o tabagismo afeta a saúde dos ossos, gera inflamação no corpo, debilita o funcionamento do sistema imunológico e deixa o organismo mais suscetível a infecções. Em suma, fumar ameaça praticamente todos os órgãos do corpo humano, segundo o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos).

    São mais de 50 doenças descritas relacionadas ao uso de tabaco. Por isso, o único caminho para, de fato, melhorar a saúde de um tabagista é deixar de fumar. Não há nível de exposição ao tabaco que seja seguro.

    +LEIA MAIS: Como vencer o tabagismo?

    Acompanhamento médico

    Diante desses riscos, é importante contar com acompanhamento médico, frequentar consultas e realizar exames.

    No entanto, um exame normal não necessariamente indica que está tudo bem. A situação do tabagista é como um copo cheio d’água: só veremos que a mesa está molhada quando ele transbordar.

    É fato que a mistura das milhares de substâncias químicas em quaisquer produtos de tabaco (não só no cigarro, mas também no narguilé, no charuto, no cachimbo…) faz mal ao organismo. Em grande parte das vezes, porém, os problemas não são detectados muito precocemente. As alterações no corpo podem demorar um tempo para aparecer, além de dependerem da genética de cada um e de fatores ambientais.

    Por isso é importante monitorar a saúde – mas tendo em mente que essa medida não é um aval para continuar fumando.

    O primeiro passo é ter uma consulta ao menos anual com um pneumologista. Se necessário, ele pode recomendar a realização da tomografia com baixa dosagem de irradiação, para rastreio de câncer de pulmão, e da espirometria, para mensurar a função pulmonar.

    A função respiratória atinge seu máximo entre 20 e 25 anos de idade. Em seguida, há uma fase de platô, que costuma durar 10 anos. Depois, ela começa a cair. Para o monitoramento da saúde, é relevante saber qual a sua função pulmonar máxima. Além disso, a espirometria é capaz de auxiliar no diagnóstico de DPOC.

    E lembrando que é também o pneumologista que pode realizar um acompanhamento individualizado para a cessação do tabagismo, tornando o processo de parar menos desconfortável e ajudando a remover os obstáculos do caminho.

    Outro profissional que deve acompanhar uma pessoa tabagista é o cardiologista. Um check-up anual pode ser útil, tendo em vista os riscos cardiovasculares que mencionamos mais cedo.

    Além de monitorar a saúde, é interessante que o indivíduo tenha a menor quantidade de fatores de risco possível – e aqui estamos falando de sedentarismo, obesidade e estresse, por exemplo.

    +LEIA MAIS: 6 hábitos que ajudam a prevenir doenças

    Quanto menos agravantes para a saúde, melhor. Mas vale reforçar: isso não anula os vários riscos que o tabagismo por si só oferece.

    Fontes: Aldo Agra, pneumologista no Hospital São Paulo e membro do Núcleo de Cessação de Tabagismo – PrevFumo, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo); Paulo César Rodrigues Pinto Corrêa, pneumologista coordenador de Tabagismo da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia) e professor na UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto).

    Referências: Health Effects of Cigarette Smoking, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos; Razões para parar de fumar, do Ministério da Saúde; Tabagismo, do Ministério da Saúde;  Tobacco, da Organização Mundial da Saúde; What are the health risks of smoking?, do Serviço Nacional de Saúde da Inglaterra.

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