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O que é pior: cigarro comum ou eletrônico?

Dispositivos ganham mais adeptos, mas seus danos podem ser piores que os dos cigarros comuns

Por Raquel RibeiroPublicado em 04/07/2022, às 16:52 - Atualizado em 25/05/2023, às 14:08
cigarro eletrônicoFoto: Shutterstock

Vapes, Pods, e-cigarette. Os nomes variam, mas certamente você já ouviu falar sobre cigarros eletrônicos. A venda, importação e propaganda são proibidas no Brasil desde 2009, mas isso está longe de impedir o uso desses dispositivos eletrônicos para fumar.  

Na última quarta-feira, 6, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu manter essas proibições após diretores da agência realizarem um balanço do Relatório de Análise de Impacto Regulatório (AIR) e concluirem que os cigarros eletrônicos favorecem a entrada dos jovens ao tabagismo.

Para se ter uma ideia, um em cada cinco jovens, entre 18 e 24 anos, já experimentaram cigarro eletrônico. É o que revelou uma pesquisa da UFPel (Universidade Federal de Pelotas). Outro levantamento, feito pelo DataFolha em fevereiro desse ano, mostra que 3% da população adulta faz uso diário ou ocasional do cigarro eletrônico.  

Esses dispositivos foram criados em 2003 e de lá pra cá passaram por diversas gerações: descartáveis não recarregáveis, seguidos por aqueles com bateria recarregável, outros semelhantes a canetas, e uma das mais famosas que, por meio de um reservatório ou tanque, permite ser preenchido com nicotina e também com outras drogas.   

Mesmo com a proibição, os vapes são encontrados em diversas lojas físicas ou virtuais. Existe até serviço de delivery. Nas redes sociais, aparecem com frequência na mão de influenciadores. O que eles não informam aos seus seguidores é que eles viciam e podem causar danos irreversíveis ao organismo.  

A seguir, conheça a diferença entre os quatro principais tipos de cigarros eletrônicos e respostas para algumas das dúvidas mais comuns em relação aos dispositivos.

cigarro eletrônico

O cigarro eletrônico é pior que o cigarro comum?   

Já conhecemos o cigarro comum há décadas, e o seu consumo a longo prazo está relacionado a diversas doenças diferentes, como: câncer (vários tipos), enfisema pulmonar, doenças coronarianas, AVC, entre outras.

Porém, por ser algo relativamente novo, ainda não conhecemos as consequências do cigarro eletrônico a longo prazo, mas a curto prazo causa uma doença aguda no pulmão chamada Evali, que pode ser grave e fatal.  

Há indícios de que ele pode ser ainda mais prejudicial que o cigarro comum, uma vez que nem todas as substâncias que estão contidas na versão eletrônica são conhecidas. 

Além disso, a comunidade médica tem observado que os vapers vem causando dependência de forma mais rápida e intensa. E que no caso de adolescentes, muitas vezes se torna uma “porta de entrada” para o tabagismo. 

Cigarro eletrônico tem nicotina?   

A maioria sim. Cada dispositivo permite que o usuário insira um tipo de líquido podendo ser ele: nicotina, formaldeídos (gás incolor conhecido popularmente como Formol com odor sufocante), glicerina, entre outros. Todas essas com substâncias que podem ser prejudiciais aos pulmões. 

É permitido a venda de cigarro eletrônico no Brasil? 

Não. No Brasil é proibido a comercialização, importação ou propaganda de todos os tipos de dispositivos para fumar. A decisão RDC nº 46, de 28 de agosto de 2009 teve como princípio a precaução por não conter dados científicos que comprovem as alegações atribuídas a esses produtos. 

Quantos cigarros comuns equivale um vape?

Um maço de cigarro comum rende em média 300 tragadas. Já um vaporizador pode chegar até 1,5 mil podendo, inclusive, conter ainda mais nicotina.

O cigarro eletrônico pode explodir? 

Sim, pode acontecer. Algumas razões são: uso incorreto do carregador, ou seja, conectar o dispositivo com um cabo não compatível; defeito em baterias; produtos falsificados; entre outros.  

Na Flórida, por exemplo, um homem teve queimaduras graves, perda de dentes e de parte da língua após uma falha na bateria de seu dispositivo de cigarro eletrônico.  

O que é a EVALI? 

Trata-se de uma doença pulmonar relacionada ao uso de cigarro eletrônico. Evali em inglês (E-cigarette, or Vaping, product use–Associated Lung Injury) ou Lesão Pulmonar associada ao uso de cigarros eletrônicos, em tradução livre.   

Falamos aqui de um quadro grave que pode levar a insuficiência respiratória aguda, necessitando de ventilação mecânica, um procedimento que consiste na ajuda de um suporte para levar oxigênio aos pulmões.  

O que a EVALI pode causar? 

A curto prazo, a Evali pode causar até a morte. A médio e longo prazo ainda não existem dados suficientes para isso.  

Os quadros mais graves precisam de ventilação mecânica e intubação, procedimentos que precisam do auxílio de uma equipe multidisciplinar composta por fonoaudiólogos, fisioterapeutas, médicos e enfermeiros para monitorar e minimizar riscos.  

Entre os riscos podemos citar a broncoaspiração, que ocorre quando entra algum alimento, líquido, secreção ou saliva nos pulmões, causando uma série de problemas. 

Fontes: Elie Fiss, pneumologista e professor da Faculdade de Medicina do ABC; Glaucia Grosse, fonoaudióloga especialista em distúrbios da comunicação humana e disfagia. 

 Referência: Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária  

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