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Covid-19: o que são e como surgem as variantes?

Alfa, delta, gama, ômicron: entenda quando as mutações se tornam um perigo para nós

Por Danielle SanchesPublicado em 22/04/2022, às 14:22 - Atualizado em 25/05/2023, às 14:12
Foto: Shutterstock

Se tem uma coisa que muita gente aprendeu durante a pandemia foi o valor das aulas de biologia do ensino médio. “Mutação genética”, “variantes” e a diferença entre RNA e DNA se tornaram assuntos normais em meio à enxurrada de notícias que passamos a receber diariamente sobre a evolução do Sars-CoV-2. 

Mas esses assuntos foram estudados a fundo por diversos especialistas no mundo todo desde os primeiros dias em que o novo coronavírus se espalhava pelo nosso planeta. Afinal, mesmo sabendo que esse novo patógeno ainda carregava muitas surpresas, de uma coisa eles tinham certeza: no processo de infecção e transmissão de um indivíduo para outro, o vírus iria sofrer mutações e criar novas linhagens para a posteridade. 

Vale dizer que esse processo, chamado de evolutivo, acontece com todos os seres vivos; os vírus, no entanto, são seres acelulares – há controvérsias se podem ser considerados seres vivos ou não por isso – que possuem um potencial enorme de mutação para se adaptarem a diversos ambientes e hospedeiros. 

“É um processo que dificilmente pode ser parado, mas pode ser ‘domado’ na medida em que impomos obstáculos para essas mutações, como ocorre quando nos vacinamos”, afirma Fernando Spilki, especialista em virologia e coordenador da Rede Corona Ômica, que atua no sequenciamento do genoma de amostras do novo coronavírus no Brasil, e responsável pelo Laboratório de Microbiologia Molecular da Universidade FEEVALE, no Rio Grande do Sul. 

Por que as variantes surgem?

Quando um vírus entra em uma célula hospedeira, ele é capaz de rapidamente gerar milhares de cópias novas. Para que isso aconteça, ele precisa multiplicar também seu material genético. 

É justamente nesse processo de multiplicação que alguns erros ocorrem. É uma questão de probabilidade: quanto mais cópias são feitas, maiores as chances de surgirem imperfeições em algumas dessas cópias. Alguns desses erros não resultam em nada, mas outros podem gerar uma vantagem evolutiva para o vírus. Ele pode se tornar mais transmissível, ou ser mais hábil em fugir do sistema imunológico do hospedeiro, por exemplo. 

Uma vez que isso ocorra, essa nova cepa adquire facilidade para se disseminar entre novos hospedeiros, tornando-se aos poucos dominante entre as infecções e deixando para trás o vírus antigo. Isso tudo se torna ainda mais volátil em vírus com material genético tipo RNA, que costuma ser mais suscetível à mutações do que o DNA. 

É o caso da variante ômicron, uma cepa com material genético bastante diferente do vírus original e que tornou-se dominante em todo o mundo em poucos meses por sua altíssima capacidade de transmissão. Mas não só isso: um artigo da revista científica Nature mostrou que ela também é capaz de driblar as defesas do organismo.

E, enquanto isso acontecia na África do Sul, no Brasil já haviam identificado uma nova variante originada da antiga Delta. “Elas dão ‘filhotinhas’ o tempo todo”, afirma José Eduardo Levi, biólogo molecular do laboratório Gene One, do Grupo Dasa, e pesquisador do Laboratório de Virologia do Instituto de Medicina Tropical da USP. “Essa nova cepa seria importante, mas a ômicron veio com força e se mostrou mais dominante”, avalia. 

É importante dizer que todo esse processo é normal e esperado e ocorre com todos os vírus, não só o Sars-CoV-2. O influenza, por exemplo, causador da gripe, tem uma taxa de mutação tão alta que precisamos renovar as vacinas anualmente. “Felizmente, os coronavírus não apresentam uma taxa de mutação tão alta”, afirma Spilki. 

Variantes no tempo

Veja quando e onde ocorreu o surgimento das principais variantes do novo coronavírus.

Infográfico: Alessandro Datcho
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