Como parar de fumar? Veja 5 dicas para vencer o tabagismo
Condição é atravessada por aspectos biopsicossociais que devem ser levados em conta no tratamento
Mesmo com todas as informações disponíveis sobre os malefícios do cigarro, ainda existem pessoas que não conseguem – ou não querem – para de fumar.
Neste artigo, você vai ler:
Por que parar de fumar?
Atualmente, as informações sobre os malefícios de fumar são mais acessíveis e estão presentes até mesmo nas embalagens de cigarro.
Mas é sempre importante reforçar que o tabaco está associado a 90% das mortes por câncer de pulmão. E não para por aí: o fumo é também a principal causa de câncer de laringe, faringe, cavidade oral e esôfago, além de contribuir para o surgimento de câncer de bexiga, pâncreas, útero, rim, estômago, intestino e algumas formas de leucemia.
O tabagismo ainda está associado a doenças respiratórias, como bronquite crônica, e doenças cardiovasculares, como angina e infarto.
Fumar para quê?
A pergunta que não quer calar é: se há tanta informação sobre os males do cigarro, por que tanta gente ainda fuma? Para a psicóloga Aline Felix Scalise, especialista em saúde mental com concentração em dependência química, o problema é multifatorial e tem a ver com as emoções associadas à droga.
Basta reparar nos filmes, séries e novelas: o cigarro tem um lugar especial no coração dos ansiosos e, quando não aparece em cenas decisivas da narrativa, como uma reunião de negócios do Poderoso Chefão, tem papel recreativo. O link faz alusão ao efeito relaxante que a droga tem, apesar dos danos que se sobressaem.
Segundo o pneumologista Luiz Felipe Natel Kugler Mendes, professor da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR), a nicotina, protagonista entre as mais de 4 mil substâncias tóxicas do cigarro, consegue acessar receptores do sistema nervoso central, ativando o mecanismo de recompensa do corpo.
Se o organismo relaxou, vai querer aquilo de novo, ainda mais quando o hábito estiver vinculado a contextos de alegria, como uma mesa de bar.
Resultado: 9% da população brasileira ainda fuma. E o número tem crescido devido ao boom de cigarros eletrônicos e alternativas como o narguilé, que nem de longe são inofensivos.
Vendo essa teia de questões, você entende por que nem mesmo as trágicas imagens nos rótulos de cigarro conseguem conter o tabagismo, que integra um grupo de transtornos mentais, comportamentais ou do neurodesenvolvimento em razão de substância psicoativa, segundo a última Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, o CID-11.
Sendo a maior causa evitável isolada de adoecimento e mortes precoces no mundo, ele requer abordagens que funcionem não apenas do ponto de vista químico, mas também mental e social, argumenta a psicóloga Juliana de Oliveira Pierin, mestre em Psicologia Clínica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Afinal, como parar de fumar?
Pode soar clichê, mas é verdade: nunca é tarde demais para abandonar o cigarro e, consequentemente, todos os problemas que ele causa.
Já nos primeiros 20 minutos após a última tragada, sua pressão sanguínea e pulsação já começam a voltar ao normal. Duas horas depois, não há mais nicotina circulando em suas veias. E em até 24 horas, seu organismo funcionará melhor.
Se ficar um ano sem fumar, seu risco de infartar cai pela metade. De 5 a 10 anos sem fumo, a possibilidade será igual a de uma pessoa que nunca fumou. Além disso, suas chances de desenvolver câncer de pulmão serão 50% menores.
Confira 5 dicas dos especialistas
- Entenda o papel que o cigarro ocupa na sua vida. A que você o associa? Em quais momentos sente que precisa fumar? Ter consciência disso é importante para buscar soluções que se adequem à sua realidade. A psicoterapia pode te ajudar nessa jornada.
- Mude seu estilo de vida e se lance em atividades saudáveis, em especial àquelas nas quais nunca pensou em se aventurar. Praticar uma luta, uma corrida, uma dança. Alpinismo, crossfit, triathlon, por que não? Surpreenda-se para encontrar prazer para além do vício.
- O ato de fumar é como qualquer outro comportamento repetitivo compulsivo, mas com o complicador do aspecto químico que piora tudo. Então, tome cuidado para não trocar um vício por outro.
- Respeite seu processo: não jogue tudo fora nem puna a si mesmo só porque teve uma recaída. Vá em frente!
- Não culpe seus amigos por possíveis tropeços seus, mas comunique seu círculo de convívio que está deixando o cigarro. Peça para que eles colaborem com essa nova fase e, se sentir que alguém não está sendo parceiro, cogite desmarcar encontros.
Fontes: Aline Felix Scalise, psicóloga e especialista em saúde mental com concentração em dependência química; Juliana de Oliveira Pierin, psicóloga e mestre em Psicologia Clínica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR); Luiz Felipe Natel Kugler Mendes, pneumologista e professor da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR).