O cuidado emocional no tratamento do câncer
É importante que o paciente conte com uma rede de apoio e tenha um diálogo aberto com o oncologista
O tratamento do câncer requer mais do que um cuidado físico. É preciso dedicar uma atenção especial também à saúde mental do paciente.
Neste artigo, você vai ler:
Isso porque estar emocionalmente saudável contribui para fortalecer a autoestima e a autonomia da pessoa — o que, por sua vez, pode resultar em uma melhor adesão às orientações médicas e favorecer o tratamento.
Por isso, separamos quatro pontos valiosos para o cuidado emocional durante esse período:
1. Preservar parte da rotina
O câncer não define ninguém. Apesar de o diagnóstico implicar uma mudança de rotina, é importante ter em mente que a vida do paciente não fica completamente limitada ao tratamento.
Exercícios físicos ainda podem ser praticados (desde que com o aval do médico) e, em alguns casos, é possível continuar trabalhando se essa for a preferência da pessoa.
Também é interessante procurar atividades que motivem e confortem o indivíduo — seja participar de uma aula de música ou ter um encontro regular com amigos, por exemplo.
Diferente do que o senso comum nos faz imaginar, a quimioterapia não necessariamente traz inúmeras reações e limitações. Existem situações em que ela pode ser mais debilitante, mas essa não é uma regra. Cada caso é um caso.
2. Ter uma rede de apoio
A rede de apoio é formada por amigos e familiares que fiquem próximos do paciente e se mostrem disponíveis durante esse período, dando suporte sempre que preciso.
O primeiro passo é entender tecnicamente a doença. Claro que todas as orientações médicas ficam a cargo dos profissionais responsáveis pelo tratamento, mas buscar informações confiáveis sobre o tipo de câncer é a base para compreender um pouco a realidade do paciente.
Outra função da rede de apoio é a escuta. Se o paciente quiser falar por horas sobre a doença, os membros da rede de apoio ouvem pelo tempo que for necessário.
Se, por outro lado, ele não quiser conversar sobre o assunto, então a rede de apoio respeita esse limite e auxilia na manutenção da rotina. Para evitar que o paciente fique focado somente no tratamento, amigos e familiares podem propor atividades voltadas ao lazer.
3. Contar com acompanhamento psicológico
Ainda que a escuta da rede de apoio seja essencial, nada substitui a escuta profissional. Entre o diagnóstico do câncer e o tratamento oncológico, pode ser que o paciente passe por um transtorno de ajustamento.
É uma condição que apresenta os mesmos sintomas de uma depressão, mas não é uma depressão e sim um processo de adaptação à nova realidade. Nesse momento, o acompanhamento psicológico é de grande ajuda.
Por meio da psicoterapia, o paciente vai aprender formas mais assertivas de lidar com a situação e passar pelo tratamento. Essa assistência especializada pode, por exemplo, ensinar técnicas de controle de ansiedade e identificar a necessidade de tratamento com medicamentos específicos, como antidepressivos e ansiolíticos.
Mas, antes de tudo, a conversa com um psicólogo é um espaço seguro em que o paciente pode externalizar todos os seus sentimentos — das expectativas às frustrações — e encontrar acolhimento sem julgamentos.
4. Dialogar frequentemente com o médico
É fundamental manter um diálogo constante e aberto com o oncologista responsável pelo tratamento. Afinal, ninguém melhor para tirar dúvidas do que aquele profissional que conhece a história do paciente e o acompanha de perto.
Embora seja tentador buscar as respostas na internet, nem todas as informações disponíveis são confiáveis. Além disso, elas tendem a ser genéricas, já que são direcionadas a um público amplo, não a uma pessoa específica.
O resultado é que isso pode gerar ansiedade. Quantas vezes você já não colocou alguns sintomas no Google e descobriu que aquilo podia ser sinal de uma doença super preocupante?
Vale a pena, então, tirar todas as dúvidas com o oncologista responsável pelo tratamento. É ele o profissional capaz de oferecer um atendimento individualizado, fornecendo informações qualificadas e realistas que podem acalmar o paciente.
Fontes: Adriana Fernandes, psicóloga especialista em oncologia do Centro de Infusão do Hospital Nove de Julho; Anna Flávia Lima, psicóloga especialista em prevenção do suicídio.