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O cuidado emocional no tratamento do câncer

É importante que o paciente conte com uma rede de apoio e tenha um diálogo aberto com o oncologista

Por Tiemi OsatoPublicado em 25/08/2022, às 12:59 - Atualizado em 25/05/2023, às 14:56
Foto: Shutterstock

O tratamento do câncer requer mais do que um cuidado físico. É preciso dedicar uma atenção especial também à saúde mental do paciente.

Isso porque estar emocionalmente saudável contribui para fortalecer a autoestima e a autonomia da pessoa — o que, por sua vez, pode resultar em uma melhor adesão às orientações médicas e favorecer o tratamento.

Por isso, separamos quatro pontos valiosos para o cuidado emocional durante esse período:

1. Preservar parte da rotina

O câncer não define ninguém. Apesar de o diagnóstico implicar uma mudança de rotina, é importante ter em mente que a vida do paciente não fica completamente limitada ao tratamento.

Exercícios físicos ainda podem ser praticados (desde que com o aval do médico) e, em alguns casos, é possível continuar trabalhando se essa for a preferência da pessoa.

Também é interessante procurar atividades que motivem e confortem o indivíduo — seja participar de uma aula de música ou ter um encontro regular com amigos, por exemplo.

Diferente do que o senso comum nos faz imaginar, a quimioterapia não necessariamente traz inúmeras reações e limitações. Existem situações em que ela pode ser mais debilitante, mas essa não é uma regra. Cada caso é um caso.

2. Ter uma rede de apoio

A rede de apoio é formada por amigos e familiares que fiquem próximos do paciente e se mostrem disponíveis durante esse período, dando suporte sempre que preciso.

O primeiro passo é entender tecnicamente a doença. Claro que todas as orientações médicas ficam a cargo dos profissionais responsáveis pelo tratamento, mas buscar informações confiáveis sobre o tipo de câncer é a base para compreender um pouco a realidade do paciente.

Outra função da rede de apoio é a escuta. Se o paciente quiser falar por horas sobre a doença, os membros da rede de apoio ouvem pelo tempo que for necessário.

Se, por outro lado, ele não quiser conversar sobre o assunto, então a rede de apoio respeita esse limite e auxilia na manutenção da rotina. Para evitar que o paciente fique focado somente no tratamento, amigos e familiares podem propor atividades voltadas ao lazer.

3. Contar com acompanhamento psicológico

Ainda que a escuta da rede de apoio seja essencial, nada substitui a escuta profissional. Entre o diagnóstico do câncer e o tratamento oncológico, pode ser que o paciente passe por um transtorno de ajustamento.

É uma condição que apresenta os mesmos sintomas de uma depressão, mas não é uma depressão e sim um processo de adaptação à nova realidade. Nesse momento, o acompanhamento psicológico é de grande ajuda.

Por meio da psicoterapia, o paciente vai aprender formas mais assertivas de lidar com a situação e passar pelo tratamento. Essa assistência especializada pode, por exemplo, ensinar técnicas de controle de ansiedade e identificar a necessidade de tratamento com medicamentos específicos, como antidepressivos e ansiolíticos.

Mas, antes de tudo, a conversa com um psicólogo é um espaço seguro em que o paciente pode externalizar todos os seus sentimentos — das expectativas às frustrações — e encontrar acolhimento sem julgamentos.

4. Dialogar frequentemente com o médico

Foto: Shutterstock

É fundamental manter um diálogo constante e aberto com o oncologista responsável pelo tratamento. Afinal, ninguém melhor para tirar dúvidas do que aquele profissional que conhece a história do paciente e o acompanha de perto.

Embora seja tentador buscar as respostas na internet, nem todas as informações disponíveis são confiáveis. Além disso, elas tendem a ser genéricas, já que são direcionadas a um público amplo, não a uma pessoa específica.

O resultado é que isso pode gerar ansiedade. Quantas vezes você já não colocou alguns sintomas no Google e descobriu que aquilo podia ser sinal de uma doença super preocupante?

Vale a pena, então, tirar todas as dúvidas com o oncologista responsável pelo tratamento. É ele o profissional capaz de oferecer um atendimento individualizado, fornecendo informações qualificadas e realistas que podem acalmar o paciente.

Fontes: Adriana Fernandes, psicóloga especialista em oncologia do Centro de Infusão do Hospital Nove de Julho; Anna Flávia Lima, psicóloga especialista em prevenção do suicídio.

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