Alzheimer: o que é, sintomas e tratamentos
A doença de Alzheimer é o tipo de demência mais prevalente no mundo
A cada três segundos alguém no mundo desenvolve demência – uma condição marcada por déficit cognitivo, além de problemas comportamentais e emocionais. O quadro, classificado em diferentes tipos, culmina na perda de autonomia do paciente.
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A causa mais comum da demência é a Doença de Alzheimer, que corresponde a até 80% dos casos, de acordo com o Relatório Mundial de Alzheimer 2021.
Biologicamente falando, a explicação para o Alzheimer está no depósito inadequado de proteínas no cérebro. “Ocorre o acúmulo anormal da proteína beta-amilóide no espaço extracelular, o que causa inflamação, estresse oxidativo e fosforilação da proteína tau dentro dos neurônios”, explica Breno Barbosa, neurologista do Hospital das Clínicas da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).
Como consequência, os neurônios se degeneram e o cérebro começa a atrofiar. “Esse processo pode acontecer de forma silenciosa por muitos anos antes das primeiras queixas cognitivas”, afirma Barbosa.
Sintomas da Doença de Alzheimer
A Doença de Alzheimer é capaz de comprometer, de maneira geral, a cognição do paciente. “A cognição diz respeito à capacidade de memória, linguagem (falar, ler, compreender, escrever), resolução de problemas, avaliação de situações e raciocínio”, diz Sônia Brucki, neurologista coordenadora da Comissão de Educação Médica da ABN (Academia Brasileira de Neurologia).
Esse declínio da cognição costuma afetar primeiro a memória episódica – ou seja, aquela que está ligada a fatos recentes. É comum a pessoa esquecer compromissos, tarefas, conversas e até alguma refeição feita no dia.
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Conforme o quadro progride e os sintomas pioram, outras funções cognitivas passam a ser afetadas, como a atenção, o planejamento e a orientação espacial.
“Para podermos falar que é Doença de Alzheimer, esse declínio cognitivo tem que causar um impacto tamanho na vida da pessoa que faça com que ela perca a autonomia e a independência”, comenta Juliana Duarte, geriatra presidente da SBGG-MG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia de Minas Gerais).
O paciente pode ter dificuldade para tomar decisões, lidar com dispositivos eletrônicos e aparelhos de cozinha, controlar finanças, fazer compras, tomar banho e comer.
Junto do declínio cognitivo, ele pode sofrer ainda com alterações psiquiátricas e comportamentais que se manifestam por meio de ideias delirantes. É frequente que o indivíduo acredite, por exemplo, que está sendo traído ou roubado dentro da própria casa por funcionários, familiares ou vizinhos.
Diagnóstico da Doença de Alzheimer
O diagnóstico de Alzheimer é baseado em três pilares: análise da história médica, exame clínico e avaliação das funções cognitivas e funcionais.
“Fazemos exames de sangue, para afastar outras causas que possam influenciar na cognição, e exames de imagem, como ressonância magnética ou tomografia de crânio, para análise da estrutura do cérebro”, complementa Brucki.
Se a condição é detectada antes dos 65 anos, é considerada precoce. Nesse caso, a demência costuma evoluir de forma mais rápida e agressiva, e às vezes é mais difícil fechar o diagnóstico por possível confusão com quadros de ansiedade ou depressão.
Mas o mais comum é o Alzheimer ser identificado após os 80 anos. “Espera-se que a evolução de uma demência senil, que inicia mais tardiamente na vida, seja mais leve quanto à rapidez e às alterações de comportamento”, observa Duarte.
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Além da idade avançada, outros fatores de risco são: mutações genéticas, hipertensão arterial, diabetes, analfabetismo, baixa escolaridade, dislipidemia, tabagismo, sedentarismo, uso excessivo do álcool, depressão e isolamento na terceira idade.
“Até 40% dos casos poderiam ser prevenidos caso houvesse melhor cuidado com a saúde cardiovascular (tratamento da hipertensão, diabetes e dislipidemia), e promoção dos hábitos de vida saudáveis (prática de atividade física regular, manter-se intelectualmente ativo e socialmente engajado)”, constata Barbosa.
Tratamentos para a Doença de Alzheimer
Como não existe cura para a Doença de Alzheimer, os tratamentos disponíveis buscam retardar a progressão do déficit cognitivo por meio de medicamentos.
Mas quando falamos de Alzheimer, é importante ter um tratamento que englobe a saúde do paciente como um todo – ou seja, não focar somente na substância que atua no cérebro.
Por isso, fármacos que ajudem a tratar transtornos comportamentais, como agitação e irritabilidade, e demais problemas, como doenças não controladas e dificuldades para dormir, também podem ser úteis.
“E há tratamentos não farmacológicos com reabilitação neurológica multiprofissional, com equipes de terapia ocupacional, psicologia, fonoaudiologia, fisioterapia e enfermagem”, acrescenta Barbosa.
Outro aspecto bastante importante no tratamento da Doença de Alzheimer é o suporte familiar. É necessário que a família consiga se organizar para fornecer cuidado ao paciente todos os dias, traçar um planejamento financeiro e manter um equilíbrio emocional.
“Vamos pensar que uma senhora já contou seis vezes a mesma história no mesmo dia”, exemplifica Duarte. “Se a família balança a cabeça e apoia a pessoa, ela vai reagir de forma tranquila. Mas se um familiar falar que já cansou de ouvir aquilo, essa emoção negativa vai deixar a paciente estressada”, explica a geriatra.
Empatia e paciência são duas chaves fundamentais para lidar com indivíduos que têm Alzheimer. Além disso, é essencial estar em constante diálogo com o médico. Às vezes, sair para caminhar pode ser bom para um paciente, mas estressante para outro, por exemplo.
Cada caso é um caso, então vale entender quais são as melhores recomendações a partir de conversas com profissionais especializados.