Dengue está em alta no Brasil; veja como evitar
Alta se concentra no centro-oeste e sul; número de casos é menor do que em 2020
Junto com as águas de março, que chegam para fechar o verão, vem também o período típico de aumento de casos de arboviroses – como são chamadas as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Isso porque o mosquito costuma procriar justamente no período chuvoso por encontrar condições mais favoráveis para se proliferar.
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A lista de doenças que ele transmite é conhecida aqui no Brasil: dengue, zika, chikungunya e febre amarela, todas consideradas endêmicas no Brasil. Destas, no entanto, a dengue é a que mais preocupa: dados do boletim epidemiológico nº 12 (que avaliou notificações entre 2 de janeiro e 15 de março de 2022) do Ministério da Saúde dizem que foram contabilizados 258.917 prováveis casos de dengue, um aumento de 72,1% em comparação ao mesmo período de 2021.
Mesmo preocupantes, os números da dengue ainda estão abaixo do que foi visto em 2020, quando foram registrados mais de 400 mil casos da doença no mesmo período. De acordo com José Eduardo Levi, doutor em microbiologia, pesquisador do Laboratório de Virologia do Instituto de Medicina Tropical da USP (Universidade de São Paulo) e coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento dos Laboratórios DASA, isso se explica pelo fato da dengue ser uma doença cíclica, que costuma ter picos de incidência em alguns anos e baixa em outros.
No caso da chikungunya, foram 22.435 casos prováveis, um aumento de 5,2% em relação ao ano passado. O zika apresentou um aumento ainda menor, de 7% (com 948 prováveis casos), enquanto a variação da febre amarela apenas indica a necessidade de se continuar a vigilância, já que o vírus está em circulação ativa entre animais.
Quais as regiões com maior incidência da dengue?
Tradicionalmente uma das regiões que mais apresentam casos de dengue, o centro-oeste segue a linha e está em primeiro lugar no número de notificações, seguida pela região sul. Só a cidade de Goiânia, em Goiás, apresentou mais de 22 mil casos no período.
De acordo com o infectologista David Urbaez, especialista em Moléstias Infecciosas e Parasitárias pela USP (Universidade de São Paulo), médico da Secretaria de Saúde do Distrito Federal e consultor de Dasa, a fragilidade do Brasil está justamente na prevenção da transmissão dessas doenças.
“Faltam ações de vigilância para controlar criadouros e detectar locais em que há potencial foco de transmissão”, afirma. “Nos últimos anos, perdemos o investimento na medicina de família, enfraqueceu-se essa relação que era fundamental para manter os trabalhos de prevenção”, diz.
Para ele, a principal forma de evitar que os casos continuem subindo é observar a ocupação do espaço, investir em saneamento básico e em equipes que possam auxiliar a debelar criadouros (locais com água parada, como ferro-velhos, lixões e terrenos abandonados).
Urbaez ainda lembra que essas doenças causam uma pressão enorme no sistema público de saúde, que já vive um alerta por conta da pandemia do novo coronavírus. “A estrutura de atendimento precisará ser mais complexa para atender a todos”, afirma.
No caso da chikungunya, a doença ainda é conhecida por causar problemas neurológicos que podem se estender por anos. “É uma doença preocupante por ser considerada incapacitante”, alerta o especialista.
Como prevenir dengue e outras arboviroses?
As arboviroses podem ser prevenidas de um jeito simples: evitando que o mosquito transmissor prolifere perto da sua casa. Algumas medidas podem ajudar nisso:
- Tampar caixas d’água e outros recipientes do tipo;
- Não deixar água acumular em lajes, calhas e outros recipientes;
- Manter lixos fechados;
- Usar areia nos vasos de plantas;
- Manter garrafas e outros recipientes (de vidro ou plástico) de cabeça para baixo para que não acumlem água;
- Retirar água acumulada de pneus.
Além desses cuidados, manter o uso de repelentes em regiões onde o mosquito circula é uma medida individual que ajuda a evitar a contaminação.
Quando é preciso procurar ajuda?
Febre, dor muscular e diarreia, além de manchas vermelhas pelo corpo, costumam ser os principais sintomas da dengue. Se você estiver com esses sinais, procure ajuda para que o diagnóstico e tratamento adequados sejam feitos.
Mas, se você já teve dengue e sentir esses sintomas, procure ajuda o mais rápido possível. “Isso é um fator de risco para desenvolver formas mais graves”, avisa Urbaez.
Importante: em caso de suspeita de dengue, não faça uso de antitérmicos e analgésicos com ácido acetilsalicílico, pois há o risco de que provoquem hemorragia.