Câncer de pele: conheça os sintomas, causas e tratamentos
Veja detalhes sobre os tipos, as causas e como prevenir a doença
A exposição solar é o principal fator de risco para o câncer de pele. Pensando nisso, foi criada a campanha Dezembro Laranja, que visa conscientizar a população sobre os riscos da doença e divulgar formas de prevenção.
Você sabia que a pele é considerada o maior órgão do nosso corpo? É ela que protege o organismo contra as agressões externas: funciona como se fosse uma barreira para impedir a ação de fungos, bactérias, produtos químicos e raios solares.
Neste artigo, você vai ler:
De acordo com o Inca, o câncer de pele é o tipo mais frequente no Brasil e corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos. Mas, se for detectado em fase inicial, as chances de cura aumentam.
“O principal sinal clínico é a lesão de pele que não desaparece em quatro semanas. Há diversos tipos de câncer de pele. A maioria é causada por fatores externos, como o excesso de exposição solar, mas também há a questão da predisposição genética”, resume Renato Santos, oncologista especialista em câncer de pele do Hospital Nove de Julho (SP).
A seguir, veja detalhes sobre os tipos de câncer, fatores de risco e como prevenir. Acompanhe!
O que é o câncer de pele e quais as causas?
O câncer de pele acontece quando há um crescimento anormal e descontrolado das células. Elas vão se multiplicando até formarem um tumor maligno.
“Existem três principais tipos de câncer de pele. A maioria é causada pela exposição à radiação ultravioleta (UV) sem proteção. Os raios UV danificam o DNA do interior das células da pele, provocando alterações e diferentes tipos de tumores na região. Estima-se que ocorreram 177 mil casos na população brasileira este ano”, destaca Tatiana Cristina Moraes Pinto Blumetti, dermatologista e assessora do Departamento de Oncologia Cutânea da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).
A seguir, veja os principais tipos.
Carcinoma basocelular
Este tipo de câncer surge nas células basais, que estão localizadas na epiderme (camada mais profunda da pele). É considerado o mais comum entre todos os tipos de câncer de pele, mas tem baixa letalidade.
É mais frequente em regiões mais expostas ao sol, como rosto, orelhas, pescoço, ombros e costas. Geralmente, aparece uma lesão semelhante a uma pápula vermelha, brilhante e com crosta, que pode sangrar.
Carcinoma espinocelular (ou de células escamosas)
É considerado o segundo tipo de câncer de pele mais prevalente. E ocorre na camada mais externa da epiderme. Na maioria das vezes, surge uma ferida persistente que não cicatriza. Também pode aparecer como se fosse uma verruga.
É um câncer mais agressivo do que o basocelular e há mais riscos de se espalhar para outros órgãos. Portanto, é fundamental o diagnóstico precoce.
Melanoma
É o câncer de pele mais maligno e atinge as células responsáveis pela pigmentação. Surge em locais como olhos, membranas mucosas e no sistema nervoso central.
Também é comum que surjam em diferentes partes do corpo na forma de pintas, manchas ou nódulos. Em alguns casos, provoca coceiras, sangramentos e inflamação na pele.
É comum que seja potencialmente mais grave, produza metástase e tenha alta taxa de mortalidade nas fases mais avançadas.
Vale destacar que, segundo estimativas do Inca, durante 2023 e 2025, serão registrados, por ano, 9 mil novos casos de câncer de pele melanoma e mais de 220 mil casos de câncer de pele não melanoma.
Sinais e sintomas do câncer de pele
Quando surge uma lesão suspeita (mancha na pele ou pintas), é importante observar se há alguma alteração no formato e tamanho.
Os dermatologistas desenvolveram uma metodologia de avaliação, que é baseada nas letras do alfabeto e ficou conhecida como Regra do ABCDE.
Regra do ABCDE
- A (assimetria) – Quanto mais assimétrica for uma mancha ou pinta, maior é o risco de ser um câncer;
- B (bordas) – As bordas irregulares também merecem atenção;
- C (cor) – Pintas com cores diferentes e tons pretos podem indicar melanoma;
- D (diâmetro) – Lesões maiores que 5 mm são mais perigosas;
- E (evolução) – Qualquer alteração na pinta, como cor, tamanho e forma deve ser avaliada.
Fatores de risco do câncer de pele
O risco de desenvolver câncer de pele aumenta em pessoas que se expõem ao sol excessivamente ou em câmeras de bronzeamento artificial. E as chances de aparecer o problema aumentam proporcionalmente à exposição acumulada de raio UV durante os anos.
Outros fatores de risco:
- Pessoas de pele clara têm mais tendência a sofrer queimaduras solares e mais riscos de ter câncer de pele;
- Indivíduos com múltiplas pintas com características irregulares;
- Histórico familiar, principalmente de melanoma;
- Pessoas com doenças de pele, como xeroderma pigmentoso, albinismo ou síndrome do nevo basecular;
- Morar em áreas onde há sol mais forte;
- Ter mais de 50 anos, já que a exposição solar é cumulativa.
Diagnóstico precoce
A recomendação dos especialistas é procurar um dermatologista assim que notar alguma mancha ou pinta “estranha” no corpo.
Durante a consulta, é comum que o médico avalie o sinal com um aparelho chamado dermatoscopia, que é uma espécie de lente de aumento para checar mais de perto o problema.
Em alguns casos, ele pode solicitar uma biópsia, ou seja, retira-se a lesão para análise laboratorial.
Atualmente, em casos de pessoas que possuem muitas pintas ou predisposição genética para o câncer de pele, os dermatologistas podem acompanhar as lesões durante anos e comparar se ocorreu evolução.
Nestes casos, as imagens são digitalizadas para checar se mudam com o tempo. Após os exames e de acordo com as características da pinta, o médico define se há necessidade de remoção cirúrgica.
Formas de tratamento para câncer de pele
Em relação ao tratamento do câncer de pele, há diversas opções terapêuticas para o câncer da pele não melanoma (espinocelular e basocelular).
“Na maioria das vezes, o tratamento é cirúrgico, ou seja, a retirada da lesão. Hoje há algumas modalidades de quimioterapia tópica para alguns tipos de câncer”, diz Artur Duarte, dermatologista e professor do curso de Medicina da Unisa (Universidade Santo Amaro).
Já para os casos de câncer de pele melanoma, o tratamento varia de acordo com a extensão, agressividade e localização do tumor. Também avaliam-se a idade e o estado geral de saúde da pessoa. Na maioria dos casos, o melanoma metastático não tem cura, por isso é importante detectar e tratar a doença em fases iniciais.
Alguns procedimentos que podem ser indicados:
Curetagem e eletrodissecção: há uma raspagem da lesão com um aparelho chamado cureta e um tipo de bisturi eletrônico que destrói as células com tumor. O tratamento não é indicado para cânceres mais agressivos.
Criocirurgia: há destruição do tumor por meio de congelamento. É uma técnica indicada para cânceres menores, recorrentes e menos invasivos.
Cirurgia a laser: elimina as células tumorais usando o laser de dióxido de carbono.
Cirurgia Micrográfica de Mohs: retira-se o tumor e regiões ao redor com uma cureta, após análise com um microscópio. A técnica é realizada diversas vezes até não restar mais vestígios do câncer.
Terapia Fotodinâmica: há a aplicação de uma injeção intravenosa com uma substância que segue para todo o corpo e também nas células tumorais. Em seguida, as áreas tratadas são expostas a uma luz intensa, que destrói as células tumorais. Há poucos danos aos tecidos sadios.
Radioterapia, quimioterapia, imunoterapia: assim como ocorre com outros tipos de tumores, podem ser indicados tratamentos como radioterapia (usa-se radiação ionizante para destruir o tumor ou impedir que ele cresça); quimioterapia (uso de medicamentos orais ou na veia para combater a doença) e imunoterapia (tratamento biológico que visa potencializar o sistema imunológico para que combata o câncer).
Depoimento sobre câncer de pele
“Tive câncer de pele aos 16 anos…
Desde que nasci, eu tenho uma falha no couro cabeludo. Sempre fiz muito exercício ao ar livre, tomei bastante sol, mas nunca cuidei dessa parte da cabeça. Não tinha consciência da importância de passar protetor solar nessa região.
Aos 16 anos, notei que a cor e o aspecto do local mudou. Era como se tivesse surgido uma casca ou crosta de um machucado. Fui ao dermatologista e ele me encaminhou para um cirurgião plástico. Fiz o procedimento cirúrgico na cabeça dentro do consultório para retirar a lesão, mas ele viu que era algo mais grave e solicitou uma biopsia.
Descobrimos que eu tinha um carcinoma de pele. Por sorte, o especialista retirou toda a lesão, fiquei com uma cicatriz e realizei acompanhamento com oncologistas por alguns anos. Hoje tomo mais cuidado, qualquer mancha ou alteração na pele já corro para o médico”.
Clarissa Perillo, 38 anos, assessora de imprensa.
Prevenção ao câncer de pele
Talvez você não saiba, mas a exposição ao sol tem efeito cumulativo. Com o tempo, ela pode promover uma série de alterações na pele que vão desde pintas e sardas até tumores benignos e cancerosos.
A maioria dos cânceres de pele está relacionada à exposição ao sol. Por isso, a prevenção passa pelo controle dessa exposição aos raios ultravioletas. Confira a seguir as principais formas de se proteger:
- Use filtro solar diariamente. Aplique pela manhã e na hora do almoço. Escolha um produto com fator de proteção solar (FSP) de, pelo menos, 30.
- Se você suar muito (ao se exercitar) ou se mergulhar na piscina, reaplique o produto a cada duas horas.
- Evite tomar sol nos horários mais quentes no dia, especialmente entre 10h e 16h
- Se possível, use roupas e acessórios(chapéu, óculos escuros), com proteção UV ao se exercitar ao ar livre (se apresentar alto risco para câncer de pele).
- Evite o bronzeamento artificial em câmaras de ultravioleta (proibido no Brasil)
Importante: se notar alguma alteração na pele – sejam pintas e manchas, sejam feridas que demorem a cicatrizar ou nódulos – procure um dermatologista ou oncologista. Idealmente, passe em consulta com esse profissional uma vez ao ano para que ele avalie a pele do corpo todo.