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Diabetes tem cura? Esclareça as suas dúvidas

Doença pode atingir até 643 milhões de pessoas até 2030

Por Raquel RibeiroPublicado em 23/08/2022, às 11:03 - Atualizado em 25/05/2023, às 14:57

diabetes

Foto: Shutterstock

Você sabia que o Brasil ocupa hoje a 6ª posição no ranking dos países com o maior número de pessoas com diabetes no mundo?   

Para se ter uma ideia, houve um aumento de 26,61% no número de pessoas com a doença no Brasil nos últimos dez anos. É o que mostra um levantamento do Atlas do Diabetes, divulgado pela Federação Internacional de Diabetes.  

Para os próximos anos, os números são ainda menos animadores. A previsão é que o diabetes possa atingir até 646 milhões de pessoas até 2030 e em 2045 o número pode chegar a 784 milhões.  

Quando o assunto é a cura, a resposta é: depende. “Tudo irá depender da gravidade e do tipo de diabetes que o indivíduo tem. A partir disso, vamos avaliar como será a forma de tratamento. O diabetes gestacional e o tipo 2, são alguns exemplos. A boa notícia é que todos os tipos têm tratamento”, explica Denis Paiva Ferraz, coordenador do Departamento de Síndrome Metabólica e Pré-Diabetes da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes).  

Visando esclarecer as principais dúvidas sobre a doença, você confere a partir de agora um perguntas e respostas sobre o tema. Acompanhe! 

 O que é diabetes? 

É uma doença crônica que ocorre pela falta ou ação inadequada da insulina, hormônio responsável por levar a glicose do sangue para o interior das células.

Quantos tipos de diabetes existem? 

Existem muitos tipos diferentes de diabetes, que podem ser agrupados em tipo 1, tipo 2, gestacional e outros tipos mais raros também são incluídos, como o diabetes chamado MODY, que é uma doença genética mais comum em jovens com menos de 25 anos.   

O diabetes insípidos é outro exemplo, e é causado por um problema hormonal quando os rins deixam de controlar a quantidade de água filtrada no sangue.  

Quais os primeiros sintomas do diabetes? 

diabetesFoto: Shutterstock

Sede excessiva, ir muitas vezes ao banheiro durante o dia e perder peso. Outros sintomas muito frequentes são: turvação visual, dores nas pernas e dificuldade de ereção.  

Mas vale a pena ressaltar que essa condição pode não dar nenhum sintoma. Daí a importância de procurar pela assistência médica para a realização de exames de rastreamento quando necessários.  

O que o diabetes pode causar? 

Com o aumento da glicemia, o indivíduo pode ter complicações em órgãos como coração, artérias, olhos, rins e nos nervos. Agora, nos casos mais graves, o diabetes pode levar até à morte. 

É considerado diabetes a partir de quanto? 

O diagnóstico é feito a partir de glicemia acima de 126 mg/dL se a pessoa estiver em jejum, ou acima de 200 mg/dL mesmo sem jejum desde que o indivíduo tenha os sintomas típicos de diabetes antes descritos.   

Outra maneira é a partir de uma hemoglobina clicada, um parâmetro também importante, maior ou igual a 6,5%. Para terminar, a curva glicêmica alterada também é outra forma de se fazer o diagnóstico. Deve-se aqui lembrar que dois desses parâmetros devem estar alterados para que o diagnóstico seja feito. E outra coisa relevante: o teste de glicemia de ponta de dedo não confirma o diagnóstico de diabetes. 

Quais são os fatores de risco para o diabetes? 

diabetesArte: Andrea Petkevicius

+ LEIA TAMBÉM: Doença renal: o que é, sintomas e tratamentos 

Como se desenvolve diabetes? 

De forma geral, quando há dificuldade de o organismo metabolizar a glicose do corpo. No entanto, isso irá depender do tipo de diabetes. 

“Muitos casos estão associados ao excesso de peso, sedentarismo e maus hábitos de vida. Outros, no entanto, podem ocorrer independente do estilo de vida, como é o caso do diabetes tipo 1, que tem a influência de fatores genéticos, por exemplo”, lembra Ferraz. 

O que podemos fazer para evitar o diabetes? 

diabetesFoto: Shutterstock

Quando se trata do tipo 2, ter uma dieta rica em alimentos in natura, ou seja, escolher aqueles que não passaram por nenhum processo de alteração.    

Outro ponto importante é deixar o sedentarismo de lado e praticar atividade física regularmente, como caminhada, corrida ou natação. Ainda, manter o controle do peso, sendo ele de acordo com sua altura.    

O cigarro também deve ser eliminado da rotina, uma vez que pessoas que fumam estão mais propensas a desenvolverem complicações renais, oculares ou cardiovasculares.   

Já o diabetes tipo 1 não tem relação com os nossos hábitos, sendo causado por um ataque inexplicável do sistema imunológico contra as unidades pancreáticas responsáveis pela produção de insulina.     

Porém, um novo estudo brasileiro da UFC (Universidade Federal do Ceará) chamado de “Pre 1 Brazil” investiga a molécula alogliptina, um inibidor da DPP4 já usado no tratamento do diabetes 2, que se mostrou eficiente também em pacientes que aplicavam insulina, fazendo com que boa parte deles parassem de usar o hormônio.    

Contudo, o desafio será encontrar as pessoas para a realização do estudo, mas a expectativa é que o inibidor DPP4 no mínimo atrase a progressão da doença e as suas complicações, como a necessidade das injeções de insulina. 

É possível prevenir a diabetes tipo 1? 

Não. Afinal, o diabetes tipo 1 não tem relação com os nossos hábitos, sendo causado por um ataque sem motivo do sistema imunológico contra as unidades pancreáticas responsáveis pela produção de insulina. 

Como se desenvolve o diabetes tipo 1? 

Geralmente, ocorre quando o sistema imunológico atinge “sem querer” as células beta, responsáveis pela produção de insulina. Por consequência, a glicose, que deveria ser usada como fonte de energia no nosso corpo, fica parada no sangue. Geralmente, aparece na infância ou adolescência, embora menos frequentemente possa ocorrer na idade adulta também. 

Como se desenvolve o diabetes tipo 2? 

Começa com o ganho de peso, que gera dificuldade da insulina em agir, forçando o pâncreas a produzir cada vez mais insulina até que entra em falência precocemente. Geralmente se manifesta mais em adultos. No entanto, pode também ser apresentada em crianças. 

Diabetes tem cura? 

Alguns casos sim. Depende da causa. O diabetes gestacional, por exemplo, muitas vezes se resolve após o parto. No caso do diabetes tipo 2, em que a pessoa desenvolveu a doença por conta do aumento de peso, é possível normalizar os níveis de açúcar caso haja emagrecimento. A boa notícia é que para todos os tipos existem tratamentos. 

Qual é o pior tipo de diabetes? 

Geralmente, aquele tipo em que o indivíduo não realiza o tratamento adequadamente.  

“Existem formas que, para ficar bem controladas, se utiliza pouca ou até mesmo nenhuma medicação. Mas, se inadequadamente tratados, até tipos que, aparentemente, sejam menos ruins, podem vir a se tornar grandes problemas. Outras formas, no entanto, podem exigir mais dedicação do paciente no controle, mas se feito de modo adequado, evoluem bem” reforça o endocrinologista. 

Como saber se a pessoa está pré-diabética? 

Primeiramente, é importante saber o que significa pré-diabetes. O termo é utilizado quando os níveis de glicose no sangue estão altos, mas não o suficiente para se ter um diagnóstico de diabetes.   

Estão no grupo de risco pessoas hipertensas, obesas ou com alterações nos lipídios, moléculas de gordura presentes no organismo.  

“A verdade é que 50% das pessoas que estão no estágio de ‘pré-diabetes’ irão desenvolver a doença. A diferença é que, especialmente nessa fase, a situação ainda é possível de ser revertida ou adiada para a evolução do diabetes e suas complicações”, explica Ferraz. 

Como eu percebo que estou com diabetes gestacional? 

diabetes gestacionalFoto: Shutterstock

Esse tipo de diabetes nem sempre apresenta sintomas identificáveis. Sendo assim, é recomendado que gestantes façam o teste oral de tolerância à glicose, exame que visa medir a glicose no sangue. Além disso, que investiguem como estão os níveis de glicose em jejum. 

Pode evoluir do tipo 1 para o tipo 2? 

Não. No entanto, o paciente com diabetes tipo 1 pode ter resistência à ação da insulina usada artificialmente, em consequência do ganho de peso. Além disso, pode criar resistência a alguns medicamentos ao manter uma vida sedentária com má qualidade do sono, entre outros motivos. Nesses casos, pode ser útil uma abordagem diferente sobre essa resistência.  

Referência: Sociedade Brasileira de Diabetes e Ministério da Saúde 

 

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