Exagerei na comida. Preciso fazer uma dieta detox?
Mudar a alimentação de forma radical não tem nenhum efeito prático
O ciclo é vicioso e nada eficiente: depois de cada fase de exagero na comida, você corta drasticamente as calorias diárias e investe em alguma bebida ou comida para desintoxicar o organismo. Há uma série de opções no mercado que levam o nome “detox“.
Neste artigo, você vai ler:
Mas o que geralmente acontece é que, ao invés de perder peso e mantê-lo no médio prazo, você só perde dinheiro.
Isso porque não existem evidências científicas que mostrem que essa restrição ajuda o corpo a se recuperar do excesso de comida. Pior: a estratégia pode dar errado (e, geralmente, dá) e você acaba ganhando peso no longo prazo.
É o que descobriram pesquisadores americanos da Universidade Louisville, que publicaram uma revisão após analisarem uma série de estudos sobre dietas detox e perda de peso.
Eles notaram que os praticantes desse tipo de alimentação perdem peso pela redução drástica na ingestão de calorias; no entanto, ocorre um aumento nos níveis de cortisol, o hormônio do estresse; o que, no longo prazo, provoca no organismo uma necessidade de compensação que comumente é suprida com mais comida.
Desintoxicar para quê?
O conceito por trás das dietas detox é aumentar o consumo de alimentos saudáveis para eliminar o excesso de toxinas ingerido após uma refeição cheia de gorduras e açúcares. Mas essa premissa não faz sentido.
Retirar as impurezas e filtrar as toxinas do nosso corpo é um processo feito pelo nosso fígado diariamente. Qualquer pessoa saudável, com um fígado que funciona bem, vai realizar esse processo normalmente.
E o que dizer de quem jura de pé junto que se sente melhor e até mais disposto depois de passar por essa “desintoxicação”? Esse efeito não tem nada de milagroso e acontece porque a pessoa vai ingerir mais água e alimentos frescos e não vai consumir bebidas alcoólicas e alimentos processados; itens que, em geral, provocam mal-estar, constipação e sensação de inchaço.
Qual a melhor forma de se recuperar do exagero alimentar?
A melhor forma de se recuperar é voltar para a rotina alimentar do dia a dia, mantendo a ingestão de água e o consumo de legumes e verduras.
Os excessos não devem ser vistos como algo ruim quando acontecem de forma esporádica, ou seja, em uma ou duas refeições durante o fim de semana, por exemplo. No saldo final do mês, não são esses momentos que farão grande diferença no processo de emagrecimento.
Na verdade, é justamente o equilíbrio entre dieta saudável e alimentação “livre” que oferece mais chances de sucesso na manutenção de bons hábitos ao longo da vida. Isso porque as restrições levam à compulsão alimentar e a tendência é que a pessoa abandone o plano alimentar no meio do processo.
Quando devo procurar ajuda?
Se os excessos na alimentação começam a virar rotina, é preciso identificar o problema e investir em formas de lidar com ele.
Quando o exagero ocorre com frequência e tem fundo emocional, com a pessoa descontando a ansiedade na comida, é preciso investigar e entender o que está acontecendo.
Isso porque esse descontrole diante da comida pode interferir negativamente na saúde, favorecendo o ganho de peso e outros problemas, como obesidade e diabetes.
Nesses casos, é fundamental consultar um profissional especializado na área como endocrinologista, nutricionista e psicólogo.
Fontes: Fernanda Barbosa, nutricionista e pós-graduanda em fitoterapia pela VP Nutrição funcional e especialista da Care Club Itaim, em São Paulo; Isabella Carmona, nutricionista da Clínica NutriCilla, São Paulo; Maiara Souza, especialista em nutrição esportiva pela UCAM (Universidade Cândido Mendes) e nutricionista do Art Beauty Center de Uberaba (MG); Mariana Silva Melendez, doutoranda pela UnB (Universidade de Brasília) e nutricionista do ambulatório de cirurgia bariátrica e preceptora do programa de residência Multiprofissional em Saúde do Adulto e Idoso da Secretaria do Estado de Saúde do Distrito Federal.