Dietas da moda funcionam?
Provavelmente não, especialmente se forem restritivas. Mas podemos tirar bons ensinamentos delas
Se você já tentou emagrecer alguma vez, sabe que não existem milagres. Muitas vezes, o que vai, logo volta – sim, estamos falando dos quilos perdidos. E isso não acontece porque você falha, mas porque boa parte das dietas vendidas por aí não funciona.
Neste artigo, você vai ler:
Essas dietas não funcionam por vários motivos, mas especialmente porque tendem a restringir drasticamente grupos alimentares e/ou calorias e porque não levam uma premissa básica à sério: todo ser humano é único.
Para um plano alimentar dar certo, ele deve considerar as nossas individualidades e ser elaborado por um profissional competente. “Na verdade, todos os planos podem funcionar. Tendo disciplina, é possível perder peso. Mas para funcionar a longo prazo, é preciso equilíbrio e respeitar seu corpo e suas individualidades”, ressalta Lívia Hasegawa, nutricionista esportiva e funcional de São Paulo.
A dieta certa é aquela que foi feita sob medida para você. Mas nós podemos extrair alguns bons hábitos de dietas populares nas redes sociais. Dicas práticas para uma alimentação mais variada e nutritiva. Confira a seguir!
1) Dieta cetogênica
O que é?
Neste tipo de dieta são eliminados quase todos os alimentos ricos em carboidratos, como arroz, massas, pães, doces, refrigerantes e bebidas alcoólicas. Há ainda um aumento no consumo de fontes de gorduras saudáveis, como abacate e azeite e uma boa quantidade proteínas.
“A dieta cetogênica pode ajudar no processo de emagrecimento, pois, na ausência de carboidratos, o organismo usa como fonte de energia a gordura corporal”, explica Angelica Grecco, nutricionista do Instituto EndoVitta.
O que tirar de bom dela?
Não há um consenso sobre os reais benefícios da dieta cetogênica no emagrecimento, ou seja, se ela seria melhor que outros planos no longo prazo. Em geral, ela promove uma grande restrição de calorias (o que não costuma ser sustentável) e não é recomendada para gestantes, lactantes, pessoas com diabetes descompensada, idosos, crianças e pessoas que desejam ganhar massa muscular.
Mas há uma boa recomendação nela: redução de carboidratos simples como macarrão, pães e doces. Não é preciso (e nem recomendado) uma redução drástica de carboidratos, mas ingerir menos daqueles com poucos nutrientes e muitas calorias, tende a ser benéfico. Aposte em fontes de carboidratos in natura como batata, batata doce, mandioca, mandioquinha, entre outros.
2) Dieta low carb
O que é?
Como diz o próprio nome, a dieta prega um baixo teor de carboidratos. Além disso, traz um maior aporte de legumes e vegetais ricos em fibras (e pobres de em carboidratos) como chuchu e abobrinha e o aumento na ingestão de proteínas, como as presentes em ovos e carnes.
A quantidade de carboidratos nesta dieta muda de acordo com o histórico de saúde e necessidades de cada pessoa. Já as pessoas que sofrem de insuficiência hepática, renal ou cardíaca não devem segui-la.
O que tirar de bom dela?
Ao reduzir o teor de carboidrato da dieta (o que só deveria ser feito com o acompanhamento de um nutricionista), temos a oportunidade de colorir e diversificar o prato. Se antes metade do seu prato era de carboidratos, que tal reservar ¼ dele para eles e priorizar os tubérculos? Assim, você coloca uma diversidade maior de legumes e verduras e adiciona fibras, vitaminas e minerais a sua dieta.
3) Dieta do ovo
O que é?
Calma, não é tão ruim quanto parece. A dieta não indica que você coma apenas ovo, o tempo todo, mas que ele deveria estar presente nas principais refeições: um no café da manhã, um no almoço e um no jantar.
O que tirar de bom dela?
Que ovo traz uma série de benefícios para a saúde e pode e deve fazer parte da dieta. Como é uma excelente fonte de proteína, ajuda a prolongar a sensação de saciedade, o que pode ajudar na perda de peso, se esse for seu objetivo. Mas ele deve ser apenas uma das fontes de proteína da sua dieta e o modo de preparo e quantos consumir ao dia, só você para decidir.
4) Dieta detox
O que é?
Na dieta detox, o aumento do consumo de alimentos in natura – como verduras, vegetais e frutas – tanto na forma sólida como líquida ajudaria a desintoxicar o corpo. Ela costuma ser usada depois de períodos em que as pessoas abusam de alimentos ultraprocessados e altamente calóricos.
“Podemos usar dessa estratégia quando queremos melhorar o inchaço e sintomas como dores de cabeça, ou seja, quando percebemos que a pessoa está um pouco mais intoxicada mesmo”, lembra Lívia.
O que tirar de bom dela?
Nosso fígado já retira as impurezas e filtra as toxinas do corpo, não precisamos de uma dieta detox para isso. Mas, o aumento da ingestão de água, sucos naturais e chás, além do consumo de frutas e legumes com alto teor de água (como pepino, chuchu, melão) – que costuma ocorrer nos planos detox – podem ajudar nesse processo, especialmente se você estiver se sentindo inchada/o.
A dieta detox também prioriza os alimentos frescos e indica uma bela redução no consumo de alimentos ultraprocessados e de bebidas alcoólicas, medidas que já deveriam mesmo ser adotadas por quem deseja perder peso.
Atenção: muitas dietas detox implicam em redução drástica de calorias diárias. Não devem ser seguidas especialmente por gestantes, mulheres em fase de amamentação, idosos e crianças.
5) Dieta mediterrânea
O que é?
A dieta mediterrânea tem esse nome porque é baseada nos hábitos alimentares de pessoas que vivem em países banhados pelo mar mediterrâneo, que engloba o sul da Espanha, sul de França, Itália e Grécia.
Por lá, a expectativa de vida é alta e, a baixa incidência de doenças crônicas, baixa. E sabe por que? Porque priorizam a comida de verdade, com alimentos frescos e naturais como frutas, verduras, legumes, peixes, frutos do mar, aves, oleaginosas, cereais, castanhas, sementes, além de azeite (gordura pra lá de saudável) e vinho com moderação.
O que tira de bom dela?
Basicamente tudo! É considerada por muitos especialistas em saúde a melhor dieta do planeta. Desde 2010, é reconhecida pela Unesco como patrimônio cultural imaterial da humanidade.
Vários estudos pelo mundo associam a dieta mediterrânea à redução de incidência de uma série de problemas de saúde como doenças do coração, diabetes tipo 2, Parkinson, Alzheimer e alguns tipos de câncer.
Mas atenção à quantidade ingerida: não é porque um alimento é saudável que recebe “carta branca”. Se seu objetivo é perder peso, preste muita atenção ao tamanho das porções.