Dor nas costas: o que pode ser e como aliviar?
De origem multifatorial, é um problema que atinge a maioria da população e precisa ser tratada
Neste artigo, você vai ler:
Se você nunca sentiu dores nas costas, talvez seja só uma questão de tempo, Afinal, 8 em cada 10 pessoas terão esse sintoma ao longo da vida, sendo que a maioria se recupera em até três meses. É o que apontam os dados da Organização Mundial da Saúde.
O termo “dor nas costas” é abrangente e, na linguagem cotidiana, refere-se à sensação de dor ou algum outro tipo de desconforto na coluna vertebral e até mesmo na região das costelas. Em 90% dos casos, o problema ocorre sem a presença de qualquer doença.
“As dores nas costas têm causas multifatoriais que levam a desequilíbrios musculares e alterações degenerativas na coluna vertebral, cujo tratamento, na maioria dos casos, é baseado em condutas conservadoras não cirúrgicas”, explica Arnóbio Rocha Oliveira, cirurgião de coluna do Hospital Santa Paula.
A boa notícia é que dependendo da intensidade, recorrência, duração e características específicas dos sintomas, o tratamento clínico pode ser eficaz. Veja a seguir, mais detalhes sobre o assunto.
Causas de dor nas costas
Existem diversos fatores de risco físicos, sociais e psicológicos que podem contribuir para o surgimento da dor nas costas. Entre as principais causas estão:
- Má postura: mantidas por longos períodos sentados trabalhando, por exemplo;
- Atividades ou movimentos equivocados que podem estar associadas com levantar pesos em excesso, dobrar ou torcer o corpo;
- Obesidade ou sobrepeso: o excesso de peso desequilibra a estrutura corporal e força a coluna, causando as dores;
- Estresse: quando prolongado, o estresse tenciona a musculatura provocando dores nas costas;
- Desequilíbrios musculares em indivíduos sedentários, com sobrepeso, que mantêm atividades predominantemente na posição sentada, são relativamente frequentes.
É importante ressaltar que com o passar do tempo, a coluna vertebral sofre um processo de degeneração com desgaste natural acometendo as estruturas ligamentares, as articulações facetárias e os discos intervertebrais.
“O disco intervertebral, uma espécie de amortecedor localizado entre as vértebras, sofre desidratação ao longo do tempo, muitas vezes seguido de ruptura, podendo ocasionar o surgimento da hérnia de disco”, explica Oliveira.
Tipos de dores nas costas
Podemos classificar a dor nas costas como local ou irradiada. A dor local aparece apenas na região do tronco ou das nádegas. Já a irradiada pode se estender pelo braço e mãos ou pela perna e pé, quando isso acontece sabemos que há envolvimento dos nervos que saem da coluna.
Abaixo, você confere as queixas mais comuns de dores nas costas e as regiões mais afetadas. Contudo, é sempre importante consultar o seu médico para avaliar cada caso individualmente.
Dor no meio das costas
É a região mais comum. Normalmente a dor no meio das costas ocorre no início do quadro. Com o tempo, ela pode ir se deslocando para os lados.
Dor nas costas no lado direito ou esquerdo
É possível, e até comum, que a dor nas costas mude de lado e de região ao longo dos dias. Essa alternância pode ocorrer devido a inúmeros fatores, como a postura inadequada, ou seja, sentar-se de qualquer jeito ou ficar em posições que pressionem a coluna, por exemplo.
De qualquer forma, é fundamental observar se a dor aumenta de intensidade e começa a se estender migrando para braços e pernas. Afinal, esses podem ser sinais de piora e, assim sendo, é preciso procurar ajuda de um profissional.
Dor nas costas ao respirar
Podemos dividir a coluna em cervical, torácica, lombar e pélvica, conforme ilustração abaixo.
Dores nas costas, na região torácica, envolvem as articulações das costelas com as vértebras, e ao serem acometidas, o movimento das costelas gerado pela respiração já é suficiente para causar dor. Dor ao respirar também pode ser causada por alguma doença pulmonar. É importante avaliar a apresenta de outros sintomas associados e buscar atendimento médico.
Dor no meio do tórax e nas costas
No tórax temos órgãos importantes como coração e pulmões. Por isso, dores nessa região podem ser sinais de problemas em algum desses tecidos.
Deve-se estar atento a outros sintomas que podem estar presentes como náusea, vômito, suor frio, tontura ou desmaio. E, nestes casos, deve-se buscar ajuda médica de emergência.
Como aliviar as dores nas costas?
Para aliviar a dor, é importante levar em conta alguns critérios práticos conforme sua intensidade (fraca, moderada ou acentuada), duração (dor aguda ou crônica), recorrência, respostas obtidas aos diferentes métodos terapêuticos usados previamente.
“Primeiramente deve-se investigar sua causa e evitar posturas, movimentos ou comportamentos que agravam e perdurem a dor. Depois, tratar de forma adequada e controlar os fatores de risco como obesidade, sedentarismo, tabagismo, entre outros”, lembra Daniel Patterson Matusin, fisioterapeuta e supervisor do serviço de Fisioterapia do setor de internação do Hospital Adventista Silvestre do Rio de Janeiro.
Dor aguda nas costas
Como é: inesperada, intensa e localizada.
Duração: até 12 semanas.
Como aliviar: repouso, analgésico simples, relaxantes musculares e anti-inflamatórios por um curto período (três a cinco dias) para resolução dos sintomas.
Dor crônica nas costas
Como é: a intensidade pode variar e se espalha em várias direções.
Duração: não tem início e fim definidos, durando mais de 12 semanas.
Como aliviar: por se tratar de uma doença multifatorial, o seu tratamento na maioria dos casos apenas terá êxito quando feito de modo individualizado e personalizado. Sendo assim, é fundamental a adesão do paciente ao tratamento, assim como a participação de diferentes profissionais (fisioterapeutas, educador físico, psicólogo, terapeuta ocupacional), além de outros especialistas da área médica.
Tratamento para dor nas costas
Como dissemos anteriormente, a dor nas costas tem aspectos multifatoriais e a abordagem terapêutica deve ser multidisciplinar. Portanto, é necessária uma avaliação individualizada para cada paciente, como explica Oliveira:
“Também é de extrema importância que o paciente siga o tratamento indicado, bem como faça o acompanhamento periódico, pois se trata de uma doença de natureza degenerativa, ou seja, que tende a evoluir ao longo da vida”.
Nesse sentido, algumas opções de tratamento são:
Fisioterapia: possui diversas técnicas e recursos a serem usados para os diferentes casos. Exercícios terapêuticos específicos de fortalecimento, ganho de mobilidade e condicionamento são os mais utilizados.
Medicamentos: que podem ser analgésicos, anti-inflamatórios, relaxantes musculares, opioides, ansiolíticos e antidepressivos de acordo com a necessidade de cada caso.
Técnicas não invasivas: diferentes métodos que visam promover analgesia (alívio da dor), alongamento e fortalecimento muscular também podem auxiliar no tratamento clínico. Entre eles estão:
- Acupuntura: técnica chinesa de aplicação de finas agulhas em pontos específicos do corpo;
- Osteopatia: técnica de mobilização e manipulação das articulações e dos tecidos que estimulam o corpo a se curar;
- Shiatsu: método terapêutico que consiste em estimular o funcionamento do organismo por meio da massagem;
- Pilates solo: exercícios realizados no chão usando apenas a gravidade do próprio corpo para aumentar a própria resistência;
- Pilates com aparelhos: mesmo objetivo do pilates solo, porém pode ser feito com ajuda de outros aparelhos;
- Treinamento funcional: exercícios que preparam o corpo para atividades diárias como se sentar, saltar, agachar, empurrar, correr, etc.;
- R.P.G (Reeducação Postural Global): consiste no equilíbrio entre as forças musculares, a capacidade de movimentação e a manutenção de uma boa postura.
Cirurgia: em casos mais graves, a cirurgia pode ser uma opção, embora seja uma exceção. “O tratamento com procedimentos cirúrgicos é indicado para os casos de dor nas costas persistentes, associada a algum déficit neurológico motor ou sensitivo importante que se soma ao quadro do paciente”, ressalta Oliveira.
“Contudo, a principal abordagem ainda se dá pela educação e conscientização de bons hábitos que previnem o agravamento das dores e evitem os fatores de risco. Quando a dor se torna um fardo, é importante buscar ajuda profissional especializada”, finaliza Daniel.