6 respostas para dúvidas comuns sobre café
Café vicia? Quantas xícaras posso tomar por dia?
Sabe qual a quantidade de café que um brasileiro consome ao longo de um ano? 835 xícaras, em média. Até 2025, esse número pode aumentar para 1.050, estima o Instituto Euromonitor.
Neste artigo, você vai ler:
Mas mesmo sendo muito comum no Brasil, a bebida gera uma série de dúvidas entre seus consumidores. Por isso, selecionamos algumas das perguntas mais frequentes sobre café para esclarecê-las com a ajuda de especialistas:
Café vicia?
Não exatamente. O que a ciência observa atualmente aproxima-se mais de uma dependência psicológica do que biológica do café.
Não existe mecanismo de vício estabelecido entre essa bebida e o cérebro, mas muitas pessoas experimentam desconfortos e sensação de abstinência quando não há consumo.
Nesses cenários de redução ou retirada abrupta da ingestão de cafeína, é comum encontrar estados de cansaço e sonolência, por exemplo. Isso acontece porque a cafeína nos deixa alertas ao bloquear os receptores A e A2 de adenosina. Sem a cafeína, esses receptores não são bloqueados.
Café tira o sono?
Sim. Mais uma vez, a explicação é a cafeína, que atua como estimulante do sistema nervoso central. Em excesso, a substância pode prejudicar a qualidade do sono e acarretar em crises de insônia ou privação de sono.
+LEIA MAIS: Tomar remédio resolve o problema de insônia?
Por isso, o ideal é evitar consumir café à noite. Dessa forma, você aumenta suas chances de ter um sono melhor, além de mais atenção e concentração para o dia seguinte.
Café amarela os dentes?
Sim. Se você está habituado a consumir café em grandes quantidades, pode ser que, com o tempo, passe a notar algumas manchinhas nos dentes.
Isso acontece porque o café se enquadra na categoria de alimentos cromogênicos, ou seja, que têm forte pigmentação. Na prática, as moléculas escuras da bebida se ligam a pequenos poros da estrutura dental, podendo levar ao amarelamento.
Café atrapalha a absorção de nutrientes?
Em algumas situações, sim. Além da cafeína, o café tem substâncias chamadas de taninos, que atrapalham a absorção de nutrientes. O mais prejudicado na absorção é o ferro, que encontramos em carnes, vegetais e feijões.
Por isso, não é uma boa ideia tomar o habitual cafezinho ao final das refeições. Para contornar esse problema, o melhor é evitar ingerir a bebida logo após o almoço ou o jantar, ou fazer isso duas horas antes ou depois dessas refeições principais.
Qual café é mais saudável?
Isso depende de uma série de fatores, como o tipo de grão, a forma de processamento e a maneira de coar e consumir o café.
Uma boa opção é priorizar o café orgânico e com selo de pureza da Abic, que garante que somente o café está moído no pacote.
E é interessante escolher café coado. Na comparação com o expresso, ele tem três vezes menos cafeína. Meia xícara de café coado (cerca de 125 ml), tem 85 mg da substância. Já 30 ml de café expresso contém 60 mg.
O coador também pode ser vantajoso pela sua capacidade de reter o cafestol, uma gordura capaz de aumentar o colesterol ruim em algumas pessoas, e permitir que o café fique menos concentrado — e, portanto, mais adequado para indivíduos ansiosos.
Quantas xícaras de café eu posso tomar por dia?
A resposta para essa pergunta varia conforme o peso, a altura, a idade e a tolerância que cada pessoa tem à cafeína.
Outro aspecto influenciador é a dieta, já que o café não é a única fonte de cafeína. Essa substância também está em outros produtos alimentícios que fazem parte da nossa rotina (cacau; chás verde, mate e preto; suplementos alimentares; bebidas energéticas; refrigerantes tipo cola).
+LEIA MAIS: Como decifrar os rótulos dos alimentos?
A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) recomenda as seguintes doses diárias de cafeína:
- Adulto saudável com cerca de 70 kg: de 300 a 400 mg de cafeína (o equivalente a 4 xícaras de café coado)
- Crianças (a partir de 2 anos) e adolescentes: 100 mg de cafeína (cerca de 1 xícara coado)
- Gestantes e lactantes: 200 mg de cafeína (cerca de 2 xícaras coado)
- Sensíveis à cafeína: de 100 a 200 mg de cafeína
Além disso, atente-se ao horário: estabeleça as 16 horas como limite — seu corpo vai agradecer pelo sono mais tranquilo.
E vale lembrar que alguns grupos de pessoas deveriam evitar o café ou, pelo menos, reduzir o consumo. É o caso de gestantes, mulheres em fase de amamentação, indivíduos com crise de ansiedade ou pânico, pessoas com refluxo, crianças menores de 12 anos, pacientes cardíacos, portadores de glaucoma e indivíduos com distúrbios de sono.
Fontes: Durval Ribas Filho, médico nutrólogo e endocrinologista e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN); Livia Hasegawa, nutricionista funcional; Vanderli Marchiori, nutricionista integrante da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN).