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    Encefalite: o tratamento precoce pode evitar sequelas graves

    Sintomas da encefalite podem ser confundidos com gripe; mas o quadro requer internação imediata

    Por Rafael CaetanoPublicado em 16/10/2025, às 08:52 - Atualizado em 16/10/2025, às 08:52

    encefalite

    A encefalite é uma inflamação no cérebro, considerada uma emergência médica. Em muitos casos, é causada por uma infecção viral — principalmente pelo herpes simples tipo 1. Em outros, as próprias células de defesa do corpo atacam o cérebro por engano (encefalite autoimune). 

    Sem diagnóstico e tratamento adequados, a inflamação pode evoluir para complicações graves ou até mesmo para o óbito.

    Encefalite: o que é? 

    É uma inflamação do parênquima cerebral (tecido do cérebro), que interfere diretamente nas funções neurológicas. O inchaço cerebral pode gerar desde sintomas leves até complicações graves. 

    Ela não deve ser confundida com meningite. A meningite é inflamação das meninges (membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal). Ambas podem ocorrer juntas, quadro chamado meningoencefalite. 

    Vale mencionar que a encefalite costuma ser uma condição aguda ou subaguda, evoluindo em dias a poucas semanas. Mas algumas variantes, como encefalites autoimunes ou paraneoplásicas, podem ter curso mais prolongado. 

    Tipos de encefalite infecciosa 

    A maioria dos casos de encefalite é infecciosa. Ou seja: acontece quando um agente externo – um invasor – consegue chegar até o sistema nervoso central. Lá, ele provoca a inflamação no cérebro. E os tipos de encefalite infecciosa variam conforme o agente causador. 

    Encefalite viral 

    É a forma mais comum. O agente clássico é o herpes simplex tipo 1 (HSV-1), que pode invadir o cérebro e causar um quadro grave, especialmente em adultos. O herpes simplex tipo 2 (HSV-2) está mais associado a encefalite neonatal. 

    Outros vírus também podem causar encefalite, embora seja menos frequente. São eles: 

    • Arbovírus (transmitidos por mosquitos), como os da dengue, Zika e chikungunya. Nesses casos a encefalite é rara, podendo ocorrer mais como complicação pós-infecciosa. 
    • Vírus da raiva. 
    • Varicela-zóster (responsável pela catapora e herpes-zóster). 

    Encefalite bacteriana 

    É menos comum e geralmente aparece como complicação de uma meningite bacteriana. Isso porque as bactérias podem se espalhar das meninges para o tecido cerebral. 

    A doença de Lyme, transmitida por carrapatos, pode raramente causar encefalite, mas geralmente afeta os nervos e as meninges. 

    Já a neurossífilis (infecção pelo Treponema pallidum, causador da sífilis) também pode, em fases avançadas, levar a uma meningoencefalite sifilítica, embora seja incomum. 

    Encefalite fúngica 

    Esta forma de encefalite é muito rara e afeta principalmente pessoas imunossuprimidas, como pacientes com HIV/AIDS, câncer ou que fizeram transplantes. 

    Um exemplo de causa é o fungo Cryptococcus. No entanto, é mais comum que este fungo cause meningite criptocócica, e menos comum que ele cause a encefalite em si. 

    Encefalite parasitária 

    A encefalite causada por parasitas também é rara. Pode ser causada por protozoários, como o Toxoplasma gondii (toxoplasmose), que pode ser reativado em imunossuprimidos. 

    Vale mencionar que a malária cerebral (Plasmodium falciparum) não é tecnicamente uma encefalite, mas sim uma encefalopatia grave, que pode se parecer com ela. 

    Tipos de encefalite autoimune 

    Na encefalite autoimune, não há um invasor externo atacando o cérebro. Em vez de combaterem infecções, as células de defesa atacam células saudáveis do cérebro. 

    Encefalite autoimune por anticorpos antirreceptores 

    Neste tipo, o sistema imune produz anticorpos contra receptores dos neurônios. Um exemplo conhecido é a encefalite anti-receptor NMDA. Esses receptores são fundamentais para memória e comportamento. Quando atacados, o paciente pode apresentar sintomas psiquiátricos e neurológicos graves. 

    Encefalite pós-infecciosa 

    Esta forma surge dias ou semanas após infecções como sarampo ou catapora. O sistema imunológico, mesmo após eliminar o vírus, continua ativado e passa a atacar a mielina (capa protetora dos neurônios). 

    Encefalite paraneoplásica 

    Neste tipo está relacionado à presença de um tumor. O sistema imunológico tenta combater as células tumorais, mas, por semelhança, ataca também o cérebro. Muitas vezes, a encefalite é a primeira manifestação clínica antes mesmo do diagnóstico do câncer. 

    Causas 

    As causas mais comuns de encefalite são: 

    • Vírus: herpes simplex tipo 1 (o principal), VZV, arbovírus, sarampo, caxumba, rubéola. 
    • Reações autoimunes. 
    • Bactérias, incluindo neurossífilis. 
    • Fungos e parasitas (mais raros). 

    Em muitos casos, mesmo após investigação, a causa permanece indefinida.

    Prevenção 

    Para prevenir a encefalite é preciso mante as vacinas em dia: 

    • Vacina sarampo, caxumba, rubéola, varicela. 
    • Vacina herpes zóster: recomendada a partir de 50 anos, ela reduz significativamente o risco de reativação do vírus varicela-zóster, mas não elimina totalmente. 
    • Vacina antirrábica, em situações de risco. 

    Além disso, é importante adotar medidas como o uso de repelente, o controle de água parada e uma boa higiene das mãos.

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    Sintomas de encefalite 

    No início, o quadro pode se parecer com o de uma gripe, com sintomas como febre, dor de cabeça, dores musculares e cansaço. Mas os sintomas neurológicos graves podem surgir rapidamente. São eles: 

    • Confusão mental, desorientação. 
    • Alterações de comportamento. 
    • Convulsões. 
    • Fraqueza ou dormência em partes do corpo. 
    • Alterações de fala ou audição. 
    • Redução do nível de consciência ou coma. 

    Qual médico procurar? 

    Ao apresentar sintomas suspeitos de encefalite, procure um serviço de emergência imediatamente. O neurologista deve avaliar os danos neurológicos. Já o infectologista investiga agentes infecciosos. 

    Exames que auxiliam no diagnóstico da encefalite 

    Depois da avaliação clínica dos sintomas, o médico solicita uma série de exames. Na punção lombar, uma amostra do líquido cefalorraquidiano (líquor) é retirada para análise. Ele é fundamental para o diagnóstico. 

    Já os de sangue, como o hemograma, avaliam sinais de infecção. E ainda podem ser solicitados: 

    • Tomografia: útil em emergências, ajuda a descartar tumores ou AVC. 
    • Eletroencefalograma: pode mostrar alterações compatíveis com encefalite, especialmente em casos de convulsão.

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    Formas de tratamento para a encefalite 

    O tratamento sempre ocorre no hospital, muitas vezes em UTI. Deve começar mesmo antes da causa estar confirmada, conforme a principal suspeita: 

    • Encefalite viral por HSV (vírus do herpes simples) ou VZV (vírus varicela-zóster): o paciente recebe aciclovir endovenoso imediatamente. 
    • Outros vírus: não há antivirais específicos; o tratamento é de suporte. 
    • Encefalite autoimune: são indicados corticoides, imunoglobulina ou plasmaférese. 
    • Encefalite bacteriana: o tratamento é com antibióticos. 
    • Encefalite fúngica: é tratada com antifúngicos. 

    Além disso, todos os pacientes recebem os chamados cuidados de suporte. E eles incluem controle da febre, hidratação, medicamentos para controlar convulsões e monitoramento da pressão dentro do crânio. 

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