Esteatose hepática: entenda as causas, os sintomas e os tratamentos para a condição
A doença está ligada a obesidade, diabetes e colesterol alto. Conheça os sinais de alerta

Esteatose hepática é o nome técnico para acúmulo de gordura no fígado, uma condição cada vez mais frequente. Um levantamento da Associação Latino-Americana para o Estudo do Fígado (Ale) aponta que quase metade dos adultos na América Latina pode ter o problema.
A condição costuma ser silenciosa e, por isso, muitas pessoas só têm o diagnóstico durante exames de rotina. Siga a leitura e saiba o que causa esse acúmulo de gordura e o que pode ser feito para prevenir e tratar o quadro.
Neste artigo, você vai ler:
Esteatose Hepática: o que é?
A esteatose hepática é o acúmulo excessivo de gordura nas células do fígado. A condição também é conhecida simplesmente por “gordura no fígado“. É normal ter um pouco de gordura nesse órgão, o problema é quando essa quantidade ultrapassa os 5% do peso do fígado.
Esse excesso de gordura pode provocar uma inflamação que, com o tempo, pode levar a quadros mais graves como a fibrose, a cirrose e até o câncer de fígado.
Daí a importância do rastreio da fibrose. Nas fases iniciais, ela ainda pode ser reversível e alertar sobre o risco cardiovascular do paciente, pois essa doença do fígado está correlacionada com maior risco de doenças cardiovasculares. Em graus mais avançados, já é necessário o seguimento com hepatologista, inclusive para o rastreio de câncer de fígado.
Esteatose hepática grau 1
A esteatose hepática grau 1 é a forma mais leve da doença. Nela, o acúmulo de gordura é considerado pequeno, atingindo cerca de 30% das células do fígado. Geralmente, neste estágio, não há inflamação no órgão. Por isso, essa é a fase mais fácil de ser revertida com mudanças no estilo de vida, especialmente a perda de peso.
Esteatose hepática grau 2
No grau 2, o acúmulo de gordura já é maior, afetando até 60% das células do órgão. Nesse estágio, o risco de surgir uma inflamação no fígado aumenta. O tratamento continua focado em mudanças de hábitos, mas o acompanhamento médico se torna ainda mais importante.
Esteatose hepática grau 3
Este é o estágio mais avançado, considerado grave. Mais de 60% das células do fígado estão tomadas pela gordura, e o risco de inflamação e de evolução para fibrose ou cirrose hepática é significativo. O tratamento precisa ser intensificado para evitar danos permanentes ao órgão.
Principais causas para a esteatose hepática
A esteatose hepática associada ao metabolismo ( Metabolic Associated Steatotic Liver Disease- MASLD) está se tornando a causa número um de esteatose hepática em todo o mundo. No passado, este lugar já foi ocupado pela hepatite C.
A esteatose hepática alcóolica ocupa o segundo lugar e pode coexistir com a esteatose metabólica.
Há ainda casos induzidos por medicação, mesmo fitoterápicos, além de causas infecciosas e genéticas.
Prevenção
A prevenção da esteatose hepática passa pela adoção de hábitos saudáveis. E aquela listinha que já conhecemos bem: alimentação equilibrada e a mais natural possível, com pouca gordura e açúcar. A base da dieta deve ser frutas, legumes, verduras e grãos integrais.
A atividade física regular também é essencial. Os exercícios ajudam a controlar o peso e a reduzir a gordura corporal, incluindo a do fígado. Além disso, é importante evitar o consumo de álcool em alguns casos ou pelo menos restringir a quantidade consumida.
Manter o diabetes e o colesterol sob controle com acompanhamento médico também faz parte da prevenção.
Sintomas da esteatose hepática
Na maioria das vezes, a esteatose hepática não costuma apresentar sintomas. Muitas pessoas descobrem a condição por acaso, ao realizar exames de rotina por outros motivos.
Já em um estágio mais avançado da doença, quando há fibrose avançada (cirrose), os sinais mais comuns podem ser:
- Cansaço ou fraqueza sem motivo aparente;
- Dor na parte superior direita do abdômen;
- Perda de apetite;
- Barriga inchada (ascite);
- Cor amarelada na pele e nos olhos (icterícia).
Quando procurar por um médico?
Você deve procurar um médico se tiver fatores de risco para a doença. Pessoas com obesidade, diabetes, colesterol alto ou que consomem álcool com frequência devem fazer exames de rotina. E sintomas como dor abdominal ou cansaço excessivo também merecem investigação médica.
O clínico geral pode fazer a primeira avaliação e, se houver suspeita de problemas no fígado, ele pode encaminhar o paciente a um hepatologista, que é o especialista em doenças deste órgão.
Outros profissionais podem auxiliar no tratamento, como nutricionistas e médicos como endocrinologistas, nutrólogos e cardiologistas.
Exames que auxiliam no diagnóstico da esteatose hepática
Após a consulta, se houver suspeita, o médico solicita um exame de imagem para detectar a esteatose, sendo a ultrassonografia de abdome o mais comum.
O médico também solicita alguns exames para o fígado. Com a dosagem de alguns marcadores indiretos de lesão hepática (TGO, TGP, GGT, plaquetas e albumina), é possível (com ajuda de algum algoritmo matemático simples disponível como uma calculadora online) ver quem tem mais risco de fibrose e, com isso, a necessidade de exames adicionais.
Pode-se também solicitar o ELF, que dosa três marcadores diretos de lesão hepática: ácido hialurônico, peptideo amino terminal pró colágeno III e metaloproteinase I. E, por meio de um algoritmo, ele avalia o risco de fibrose.
Os pacientes de alto risco devem fazer a elastografia hepática, exame que mede a rigidez do fígado, sendo capaz de identificar e classificar a fibrose.
Já a biópsia hepática é solicitada em casos mais específicos, quando há dúvida no diagnóstico ou para avaliar o grau de inflamação e fibrose.
Formas de tratamento
No Brasil, não existe um medicamento específico para tratar a esteatose hepática. Mas os análogos de incretinas (GLP 1, como o Ozempic, GLP1/GIP como o Mounjaro etc) estão se mostrando promissores na esteatose e em fases iniciais da fibrose. O uso ou não deste tipo de terapia deve ser avaliado pelo médico responsável.
Além da parte medicamentosa, uma medida essencial seria a perda de peso, que deve ser feita de forma gradual, com uma alimentação saudável e a prática regular de exercícios físicos.
Também é preciso controlar condições como o diabetes, a pressão alta e os níveis de colesterol – e, muitas vezes, medicações são necessárias nesse tratamento.
Para quem tem a forma da doença mais grave, parar completamente de beber é imprescindível.