Etilismo: o que é e quando é hora de pedir ajuda?
Transtorno pelo consumo excessivo de álcool pode trazer prejuízos físicos e sociais
“A diferença entre o remédio e o veneno está na dose”. Depois de tanto tempo, a frase do médico e alquimista Paracelso (1493-1541) parece mais atual do que nunca. E é ela o ponto de partida para o tema deste texto: o etilismo.
Neste artigo, você vai ler:
Primeiramente, você sabe o que significa esse termo? Juntamente com “dependência de álcool, química, alcoolismo ou alcoolista”, o etilismo é um sinônimo para transtornos por uso do álcool, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Psiquiátrica Americana.
O primeiro passo para saber se a sua relação com a bebida não é saudável, é identificar os seus hábitos alcoólicos e, assim, perceber se o seu consumo é leve, de risco ou com um padrão de dependência.
Se você bebe uma dose de vez em quando, ou seja, com uma frequência irregular e em baixas quantidades, o perigo de você se tornar dependente do álcool é realmente pequeno. Mas se você consome em quantidades maiores, com uma frequência definida, o risco pode ser maior.
Quanto vale uma dose alcoólica?
O que você considera como uma bebida, na verdade, podem ser duas ou três doses de bebida alcoólica (também chamada de unidade alcoólica). Veja como varia a quantidade de cada tipo de bebida:
Isto significa que um copo típico de vinho, por exemplo, é muito menor do que um de chope, mas a quantidade de álcool é equivalente. O vinho tem uma concentração alcoólica de 12% (a cada 100 unidades de volume da bebida, 12 são de álcool puro). A concentração de álcool da cerveja comum é menor: cerca de 5%.
Vale lembrar que a quantidade de bebida para completar a dose varia porque existem diferentes concentrações de álcool. Para saber a concentração alcoólica de cada bebida, basta conferir o rótulo do produto.
Limite x consumo de risco
Para toda ação há uma reação, e com o consumo do álcool não é diferente. Para entender melhor, mostramos a seguir um comparativo entre beber altas doses e baixas semanalmente, de acordo com cada gênero. Isso porque o álcool se dilui mais facilmente no organismo masculino, tornando os homens mais resistentes a concentrações maiores de bebidas.
Como é possível ver na tabela, 21 unidades semanais para os homens e 14 unidades para as mulheres já é considerado um consumo de risco, seja ele feito em um único dia ou suas doses distribuídas em uma semana inteira.
Isso significa que ao atingir esses níveis, o caminho para os problemas físicos e sociais podem estar cada vez mais próximos.
A pessoa que consome a partir de 50 unidades, no caso dos homens, e 35 unidades, no caso das mulheres, já pode ser considerada como dependente do álcool.
Sinais e classificação do etilismo
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5, sigla em inglês), esse são os critérios para a dependência do álcool:
Tratamentos
Interromper a ingestão de bebida alcoólica por etilistas pode não ser uma tarefa fácil. No entanto, existem alguns caminhos para o tratamento. Conheça alguns deles:
Busca por profissionais de saúde: psiquiatras e psicólogos são alguns exemplos de profissionais especializados que podem ser procurados para avaliação e tratamento.
Medicamentos e psicoterapia: os psiquiatras ainda poderão receitar fármacos que auxiliam no tratamento. A psicoterapia é realizada com um psicólogo e visa a mudar os hábitos, estilo de vida e formas de pensar da pessoa com problemas causados pelo uso de álcool. A abordagem terapêutica “cognitiva comportamental” tem se mostrado efetiva para esses casos.
Prática de atividades físicas e sociais: são grandes aliadas na recuperação. A atividade física, por exemplo, alivia o estresse, proporciona uma sensação de prazer e bem-estar. Já os trabalhos sociais proporcionam a ideia de pertencimento e colaboração.
Apoio de clínicas de recuperação: nelas, a pessoa pode resgatar sua rotina, melhorar seu convívio social e, acima de tudo, entender os processos pelos quais está enfrentando. A internação deve ser recomendada, de preferência, por um médico especializado em dependência química.
Grupos de autoajuda: possuem grande impacto não só na vida do dependente, como na de toda a sua família. Um exemplo de grupo de autoajuda é o AA (Alcoólicos Anônimos).
Fontes: Neliana Buzi Figlie, psicóloga especialista em Dependência Química, mestre em Saúde Mental e doutora em Ciências pelo Departamento de Psiquiatria da UNIFESP; Lívia Beraldo, psiquiatra do Hospital Nove de Julho.