É comum perder xixi durante os exercícios?
Exercícios para fortalecer os músculos ajudam a combater o distúrbio
O assunto ainda é tabu, mas não deveria ser. Afinal, trata-se de uma queixa muito comum, especialmente entre as mulheres. No Brasil, cerca de 23% das mulheres perdem urina quando há aumento da pressão abdominal, seja pelo exercício, tosse ou espirro. O problema recebe o nome de incontinência urinária de esforço.
Neste artigo, você vai ler:
Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, a porcentagem aumenta quando a idade avança: chegando a 35% nas mulheres entre 50 anos e 75 anos e, após isso, pode chegar próximo de 50%.
Dentre os esportes, os exercícios de alto impacto são os que aumentam as chances dos escapes de xixi. Corrida, exercícios funcionais, danças que tenham saltos – por menores que eles sejam – entre outros, fazem parte dessa lista.
Causas da incontinência urinária de esforço
A mulher naturalmente tem mais chance de perder urina que o homem, pois anatomicamente têm uma uretra – o canal por onde passa o xixi – mais curta e mais larga, que oferece menos resistência à passagem de urina.
E existem fatores que aumentam a probabilidade de o problema aparecer:
- Gestações, partos vaginais ou traumas durante o parto;
- Constipação intestinal crônica;
- Obesidade;
- Idade avançada;
- Fatores hormonais ligados à menopausa;
- Fatores genéticos, como o histórico familiar;
- Diabetes mellitus – pode estar associada a várias disfunções do assoalho pélvico, incluindo incontinência urinária;
- Tabagismo – é fator de risco para uma série de outras doenças por razões não bem conhecidas, mas que pela presença de toxinas podem influenciar no mecanismo de incontinência urinária.
Prevenção
Faça exercícios regulares. Para mulheres que planejam engravidar e atletas de alto rendimento, a orientação é realizar exercícios combinados para obter o fortalecimento do assoalho pélvico. Lembre-se do acompanhamento por um profissional da área;
Monitore a sua alimentação e se mantenha no peso adequado para a sua altura;
Controle a glicemia;
Evite o tabagismo.
Tratamento
Em relação à incontinência urinária, é o médico urologista que poderá, por meio do histórico e exame físico do paciente, avaliar as condições predisponentes e indicar exames complementares e/ou necessários para um correto diagnóstico clínico e instituição do tratamento adequado.
O fisioterapeuta também tem um papel fundamental nesses casos, como primeira linha de tratamento, além de assistir de perto a evolução de cada paciente.
Além disso, o acompanhamento com um nutricionista associado à prática de atividade física ajuda a controlar outros fatores de risco que podem ocasionar a incontinência urinária. Contudo, o urologista também poderá conduzir o paciente para outros profissionais de saúde.
Exercícios de fortalecimento
No tratamento, especialistas indicam exercícios específicos para o assoalho pélvico, pois assim como outras áreas do nosso corpo, tais como coração, bíceps, coxa e panturrilha, essa região também precisa ser exercitada para fortalecer a musculatura e, assim, evitar a passagem de urina.
Os exercícios de fisioterapia estão entre eles, alguns exemplos são:
Exercício de Kegel:
trata-se de uma técnica que ajuda a fortalecer e ter consciência corporal, ou seja, você começa a entender quais são os músculos do assoalho pélvico.
Para isso, basta imaginar que sua bexiga está bem cheia, como se estivesse com bastante vontade de fazer xixi. Em seguida, contraia o períneo e o ânus por 10 segundos. Descanse por 30 segundos. Depois, faça 10 repetições do exercício.
A orientação é que o paciente realize de 8 a 12 exercícios de contração do músculo do assoalho pélvico três vezes ao dia, por até quatro vezes por semana.
Agachamentos livres:
a prática é similar ao ato de sentar-se e levantar da cadeira, por exemplo. Lembrando sempre de fazer a contração abdominal e manter os pés distantes uns dos outros, na mesma largura dos quadris. Para evitar lesões, os joelhos não podem ultrapassar a linha das pontas dos pés.
A periodicidade irá depender do histórico do paciente e suas condições físicas atuais. É contraindicado nos casos em que o paciente sinta dor e/ou não tenha consciência corporal adequada, sendo então necessário procurar um profissional da área.
Fontes: Alessa Machado, urologista, membro da Disciplina de Urologia Feminina do Departamento de Disfunção Miccional da Sociedade Brasileira de Urologia; Camila Hirsch, treinadora esportiva; Jessica Bittencourt, fisioterapeuta esportiva pelo Centro Traumato – Ortopedia do Esporte (CETE) (UNIFESP).