A relação entre infarto e síndromes gripais
Inflamação causada pela gripe pode afetar os vasos sanguíneos
Síndromes gripais são bem comuns na nossa vida. Embora sejam causadas por diferentes vírus, os sintomas são velhos conhecidos: tosse, espirro, dor de garganta, coriza, febre, dor no corpo e cansaço. O que nem todo mundo imagina é que esses quadros podem aumentar o risco de infarto do miocárdio.
A correlação já é um consenso entre os médicos cardiologistas. Um dos trabalhos tidos como referência na área foi publicado na revista científica The New England Journal of Medicine, em 2018.
Ao longo da pesquisa, cientistas observaram que pacientes infectados pelo vírus da gripe (influenza) apresentaram seis vezes mais chance de infartar, durante a primeira semana após pegar a doença, na comparação com pessoas não contaminadas.
O que explica isso? Basicamente, o processo inflamatório que os vírus são capazes de gerar no nosso organismo.
A inflamação consegue atingir até os vasos sanguíneos, sendo responsável pela formação, progressão e instabilização de placas de gordura na parede das artérias (aterosclerose). Assim, as placas podem se romper, formar coágulos e obstruir o fluxo sanguíneo, desencadeando um ataque cardíaco.
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Atualmente, a associação entre gripe e infarto é evidente para a comunidade científica. Ainda não está claro, porém, se isso se aplica também a outros vírus como, por exemplo, vírus sincicial respiratório, rinovírus, adenovírus e metapneumovírus.
No caso do Sars-CoV-2, causador da Covid-19, também são necessárias mais pesquisas. Mas, de acordo com o que foi observado até o momento, pode-se dizer que há aumento do risco de infarto.
Além da inflamação sistêmica, explicada anteriormente, o coronavírus tem uma peculiaridade: a ação pró-trombótica. Em outras palavras, significa que há uma atividade pró-coagulante e, portanto, um cenário mais favorável ao surgimento de tromboses (tanto venosas como arteriais) e, consequentemente, infarto.
Os grupos populacionais mais suscetíveis a essas complicações são idosos, pessoas com doenças cardiovasculares ou indivíduos que apresentem fatores de risco para doença aterosclerótica (obesidade, sedentarismo, tabagismo, hipertensão, diabetes e dislipidemia).
Mas, seja qual for o seu perfil, não há motivo para pânico. Uma das principais formas de prevenção é a vacinação — contra gripe e contra Covid-19. Aliado à imunização, é importante ter um estilo de vida saudável para evitar os fatores de risco para doenças cardiovasculares.
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Caso você já tenha alguma condição que propicie o infarto do miocárdio, é fundamental mantê-la sob controle. Ou seja, tratar hipertensão, controlar diabetes, dislipidemia e obesidade e interromper o tabagismo. E, claro, sempre manter atividades físicas na rotina.
Fontes: Cristhieni Rodrigues, infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Santa Paula; Eduardo Gomes Lima, cardiologista diarista da UTI cardiovascular do Hospital Nove de Julho e professor colaborador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).