Infarto em jovens: causas, sintomas e tratamentos
Número de internações mais que dobrou nos últimos anos
O número de internações por infarto dos mais jovens de até 39 anos aumentou 59% nos últimos nove anos. Os dados são do Ministério da Saúde, que também indicou uma alta de mortes em 9% neste grupo.
Neste artigo, você vai ler:
“O infarto é uma das principais causas de morte no mundo e acomete mais frequentemente pessoas com idade mais avançada. No entanto, nos últimos anos, temos observado um aumento na incidência de infarto em pessoas mais jovens, com menos de 45 anos”, alerta Marianna Andrade, cardiologista, coordenadora da UTI cardíaca do Hospital da Bahia e presidente do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital da Bahia.
O crescimento vai na contramão do que se observa entre idosos, onde a pesquisa aponta redução de casos e queda na taxa de mortalidade entre pessoas de 60 aos 79 anos. Com isso, o que antes parecia ser uma preocupação quase que exclusivamente dos mais velhos, têm alertado cada vez mais pessoas abaixo dos 40 anos.
Os números são reflexo do aumento de comorbidades em jovens, especialmente doença cardiovascular, hipertensão, obesidade e diabetes.
Além disso, o estilo de vida adotado por muitas dessas pessoas, que somam o sedentarismo, a má alimentação e o estresse ao atual momento de pandemia (fato que afetou ainda mais a nossa saúde mental), também agravam o problema.
E vale lembrar que, embora os casos entre jovens tenha aumentado, de modo geral, tanto os sintomas quanto o risco de morte por infarto são iguais entre eles e os mais velhos.
Causas de infarto em jovens
As causas para o aumento de infarto em jovens são múltiplas. Entre as principais estão:
Doenças associadas ao infarto
Como o infarto acontece devido à interrupção da passagem de sangue para os vasos do coração, muitas doenças que provocam alterações nas artérias estão associadas a ele. Confira as principais delas:
- Aterosclerótica: principal causa do infarto, o desenvolvimento precoce de aterosclerose nos vasos sanguíneos causam entupimento da artéria, impedindo que o sangue irrigue adequadamente o órgão acometido, que pode ser o cérebro, coração ou membros inferiores.
- Hipertensão: quando a pressão arterial está elevada, o coração precisa fazer mais esforço para bombear o sangue, o que pode favorecer a formação de coágulos, que podem provocar o infarto.
- Doenças que afetam a circulação coronariana: (vasos que levam a circulação diretamente ao músculo do coração): trata-se da aterosclerose no coração, que pode culminar com evento agudo (infarto), impedindo parcial ou totalmente a passagem de sangue para as artérias coronárias.
- Diabetes: se não controlado, o excesso de glicose pode danificar a parede dos vasos sanguíneos e acelerar o desenvolvimento da aterosclerose.
- Obesidade: por estar associada ao sedentarismo e alto consumo de gordura e açúcar, a obesidade aumenta o risco de doenças cardiovasculares, como as já mencionadas – diabetes e hipertensão.
- Colesterol alto: o acúmulo de colesterol ruim nas artérias dificulta a circulação sanguínea e pode causar até o entupimento delas, interrompendo o fluxo.
- Embolia: são coágulos que se formam dentro dos vasos ou até mesmo no coração e que se deslocam, obstruindo um vaso à distância.
- Arritmias: pela possibilidade de causar um aumento excessivo de batimentos do coração, as arritmias fazem com que o órgão trabalhe mais, podendo provocar o infarto.
Sintomas de infarto em jovem
Os sintomas de infarto nos jovens não são diferentes de outras faixas etárias. Entre os principais estão:
Um ponto de atenção: a dor no peito por mais de 10 minutos associada aos outros sintomas aqui citados são um sinal de alerta. Portanto, acione o serviço de emergência imediatamente, como o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) pelo 192.
“Os hospitais da Dasa, por exemplo, têm protocolos de avaliação e cuidado que, de forma eficiente e rápida, podem diferenciar os quadros de maior risco de dores de causa não cardíaca”, explica Fabrício Borges Assami, cardiologista do Hospital Santa Paula.
Diagnóstico
Primeiramente, o diagnóstico é feito pelo histórico clínico de cada indivíduo, quando o médico faz a investigação sobre quais são os sintomas de cada paciente.
O histórico familiar de infarto ou AVC (acidente vascular cerebral) em algum parente próximo também deve ser levado em consideração, pois pode pressupor uma tendência genética que indica maior risco.
Além disso podem ser solicitados exames laboratoriais como:
Eletrocardiograma: exame básico e indolor que avalia a atividade elétrica do coração. É feito por meio de eletrodos, pequenos dispositivos que são colocados na pele e conectam o paciente a um monitor para detectar o ritmo e o número de batimentos do coração. Por meio do eletrocardiograma, é possível identificar uma série de problemas cardíacos, como arritmias e infarto.
Marcadores de necrose miocárdica: muito úteis para o diagnóstico precoce do infarto, esses marcadores podem identificar a lesão miocárdica, ou seja, na parede do coração, e são dosados no sangue.
Tratamentos
O tratamento do infarto depende da gravidade e pode variar de acordo com a causa. Alguns que podem ser utilizados são:
Cateterismo: procedimento feito com tubo flexível fino introduzido na artéria do braço ou da perna, que é conduzido até o coração com o objetivo de verificar obstruções nas artérias e avaliar o funcionamento das válvulas e do músculo cardíaco. Dessa forma, é possível ter uma dimensão melhor do problema e traçar uma estratégia.
Angioplastia: feita logo após o cateterismo, a angioplastia é o tratamento mais comum para infarto em todo o mundo e consiste no implante de uma ou mais próteses que recebe o nome de stent, pequeno e expansível tubo, colocado no local onde a artéria está obstruída.
Revascularização do miocárdio: é conhecida popularmente como ponte de safena e tem como objetivo melhorar o fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco. É uma cirurgia de grande porte que pode ser feita com diferentes tipos de enxertos, que são costurados onde estão os pontos obstruídos, levando o sangue e oxigênio para onde precisam ir.
Medicamentos: podem ser utilizados para desobstruir as veias, manter o fluxo de sangue adequado e/ou para melhorar a recuperação do músculo do coração de pessoas que já sofreram um infarto.
Contudo, lembre-se: a prevenção é o melhor remédio. Por isso, mantenha uma vida saudável com bons hábitos alimentares, prática regular de exercícios físicos e visitas regulares ao cardiologista.
“Prevenir é um caminho contínuo e permanente que impacta diretamente no estilo de vida. Por isso, fatores como alimentação, controle dos fatores de risco e atividade física regular e visitar o médico regularmente fazem? parte desta prevenção”, lembra Cláudia Bernoche, cardiologista e coordenadora do pronto-socorro do Hospital Nove de Julho.