Leptospirose: infecção bacteriana requer atenção redobrada em áreas de risco
Causada pela bactéria Leptospira, a doença requer tratamento adequado o mais rápido possível
A Leptospirose representa um sério problema de saúde pública, especialmente em regiões com saneamento básico deficiente e durante períodos de enchentes. A doença pode desencadear desde quadros leves, semelhantes aos da gripe, até mais graves, que podem inclusive levar à morte. Por isso, é fundamental conhecer seus sintomas, formas de transmissão e de prevenção.
Neste artigo, você vai ler:
Leptospirose: o que é?
A leptospirose é uma doença infecciosa provocada por bactérias do gênero Leptospira. O quadro afeta humanos e animais (sendo considerada uma zoonose) e a contaminação para os seres humanos acontece pelo contato com a urina de animais infectados – principalmente de ratos, mas também de bovinos, suínos e cães.
Como ocorre a transmissão da Leptospirose?
A transmissão da leptospirose acontece quando alguém entra em contato com a urina de animais doentes ou com água e solo contaminados por essa urina. O risco dessa exposição ocorrer é mais importante em períodos de enchentes ou inundações.
A bactéria Leptospira entra no corpo humano através da pele, mais facilmente se houver lesões, arranhões ou machucados, mas também pela pele íntegra, se ficar imersa em água contaminada por muito tempo. E a bactéria também pode ser transmitida via contato com mucosas (como olhos, nariz e boca).
Riscos
A leptospirose pode se apresentar de forma leve e até assintomática, mas também evoluir para quadros clínicos severos. A falta de tratamento (ou medidas tardias) pode levar a complicações sérias, incluindo insuficiência renal e hepática, sangramentos, coma e até mesmo morte.
Lembrando que a leptospirose possui alta incidência em áreas com infraestrutura sanitária precária e alta infestação de roedores infectados.
Sintomas da Leptospirose
Os sintomas mais comuns da leptospirose são:
- Febre alta, frequentemente de início abrupto;
- Dor de cabeça intensa;
- Dor muscular (mialgia), sendo um sintoma muito frequente e característico a dor na panturrilha (a chamada “batata da perna”);
- Calafrios;
- Náuseas e vômitos;
- Diarreia;
Após a exposição à bactéria em áreas contaminadas, os sintomas costumam levar de sete a catorze dias para aparecer (mas podem variar de um a 30 dias). À medida que a doença progride, especialmente em casos mais graves (cerca de 15% dos pacientes), podem surgir sinais adicionais como:
- Icterícia (pele e olhos amarelados ou alaranjados)
- Insuficiência renal
- Sangramentos, como hemorragias pulmonares.
Quando procurar por um médico?
Procure um médico imediatamente se houver suspeita de leptospirose, especialmente se você esteve em uma área onde a doença é comum ou se houve exposição a situações de risco, como contato com água de enchentes, lama ou ambientes com provável presença de roedores.
A detecção e o tratamento precoces são fundamentais para evitar complicações graves e reduzir o risco de óbito. São sinais de alerta que exigem avaliação médica urgente:
- Febre alta;
- Dores intensas no corpo (principalmente panturrilhas);
- Dor de cabeça;
- Pele e olhos amarelados;
- Sangramentos;
- Diminuição da urina.
Qual exame auxilia no diagnóstico da Leptospirose?
Como os sintomas da leptospirose podem ser comuns a outras doenças (como dengue, influenza, malária, entre outras), o diagnóstico exige uma avaliação médica cuidadosa. O paciente deve fornecer ao médico informações sobre viagens recentes, riscos ocupacionais (como trabalho em esgotos, agricultura ou veterinária) e qualquerexposição a animais ou água potencialmente contaminados.
Mas, para o diagnóstico definitivo, são necessários exames de sangue para detectar a presença da bactéria Leptospira (por exemplo, através de PCR na fase inicial) ou de anticorpos produzidos pelo sistema imunológico para combatê-la (testes sorológicos, como o ELISA IgM, geralmente positivos a partir da primeira semana de sintomas).
Enquanto aguarda pelo resultado dos testes específicos, outros exames podem ser úteis. Exames como o hemograma, avaliação da função dos rins (ureia e creatinina) e do fígado (bilirrubinas, transaminases), entre outros, ajudam o médico a avaliar a gravidade do quadro e a presença de complicações.
Leptospirose tem cura?
Sim, a leptospirose tem cura, especialmente quando o diagnóstico é feito precocemente e o tratamento com antibióticos é iniciado rapidamente. Dessa forma, é possível prevenir a evolução para formas graves da doença, que podem deixar sequelas e levar a óbito.
Formas de tratamento
O tratamento da leptospirose envolve geralmente o uso de antibióticos, como a doxiciclina ou penicilina (e seus derivados, como amoxicilina), que devem ser prescritos por um médico e iniciados o mais cedo possível, preferencialmente na primeira semana de sintomas.
Nos casos leves, o tratamento pode ser realizado em regime ambulatorial. Já nos casos mais graves, pode ser necessária a hospitalização para administração de antibióticos por via intravenosa e para cuidados intensivos, que incluem monitoramento contínuo e medidas de suporte como:
- Hidratação venosa;
- Controle do volume urinário e da função renal;
- Diálise, em situações de insuficiência renal aguda grave.