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    A importância do Mês do Orgulho LGBTI+

    Entenda o significado da sigla e as principais causas do movimento social

    Por Tiemi OsatoPublicado em 20/06/2022, às 15:31 - Atualizado em 25/05/2023, às 14:39
    Foto: Shutterstock

    Para algumas pessoas pode parecer algo desnecessário. “Para que tanto barulho? Ainda precisamos falar sobre isso?”. Sim, ainda precisamos defender direitos básicos da comunidade LGBTI+. É preciso gritar para todo mundo ouvir.

    Em 2021, foram registradas pelo menos 316 mortes violentas de LGBTI+ no nosso país. Dessas, 285 foram assassinatos e 26 foram suicídios, segundo o Dossiê de Mortes e Violências contra LGBTI+ no Brasil. Na comparação com 2020, houve um aumento de 33,33%.

    Ainda hoje, ano 2022, essas pessoas que não se identificam com os padrões heterossexual e cisgênero são estigmatizadas pela sociedade. Elas são taxadas de pecadoras, criminosas ou até mesmo doentes. Aposto que você já ouviu falar sobre uma tal Cura Gay, certo? E é por tudo isso que precisamos de um mês dedicado às pautas LGBTI+.

    “O que queremos nesse mês é mostrar que a gente pode, sim, ser feliz e viver uma vida digna como qualquer outro ser humano”, afirma o ativista Toni Reis, diretor-presidente da Aliança Nacional LGBTI+ e especialista em sexualidade humana. “Queremos mostrar que temos orgulho de ser quem somos”, complementa.

    Mas o que exatamente significa LGBTI+?

    Vamos por partes. O primeiro trecho da sigla, LGB, está relacionado à orientação sexual, que diz respeito à tendência individual de sentir atração sexual, afetiva e emocional por outras pessoas.

    A heterossexualidade corresponde à atração entre pessoas de gêneros opostos, a homossexualidade refere-se à atração entre pessoas do mesmo gênero e a bissexualidade contempla a atração por ambos os gêneros. Essas são as três orientações predominantes, mas não são as únicas existentes.

    • L: lésbicas; mulheres que se sentem atraídas por mulheres.
    • G: gays; homens que se sentem atraídos por homens.
    • B: bissexuais; pessoas que se sentem atraídas tanto por homens quanto por mulheres.

    Já a segunda parte, TI, remete à identidade de gênero. Aqui é importante entender que, culturalmente, nosso gênero costuma ser designado no nascimento de acordo com o sexo biológico.

    Cisgênero é aquele que se identifica com o gênero que lhe foi imposto no nascimento. Transgênero, por sua vez, é quem não se identifica com o gênero atribuído segundo o órgão genital.

    • T: transgêneros. Uma mulher trans é uma mulher a quem foi atribuído o gênero masculino ao nascer. Um homem trans é um homem a quem foi designado o gênero feminino ao nascer. A palavra trans também inclui pessoas não binárias, ou seja, que não se restringem à binariedade feminino/masculino. São pessoas que podem se reconhecer nos dois gêneros simultaneamente, não se identificar com nenhum desses rótulos ou se sentir fluidas (em certos momentos, homens e, em outras situações, mulheres)
    • I: intersexuais; são pessoas cujas características biológicas não se enquadram nas definições de gênero feminino ou masculino. O conceito pode incluir variações nos cromossomos, nas concentrações hormonais e em características internas e externas. Antigamente, utilizava-se a palavra “hermafrodita”, atualmente rejeitada por ser inadequada e ultrapassada.

    O “+” do final de LGBTI+ engloba dezenas de conceitos. Entre eles, destacamos os que aparecem em LGBTQIAP+, outra versão comum da sigla.

    • Queer: termo aplicado para definir identidades de gênero ou orientações sexuais que não seguem o padrão heteronormativo.
    • Assexuais: pessoas que se encontram em um espectro de orientação sexual no qual pode haver pouca ou nenhuma atração sexual (mesmo assim, pode existir atração romântica ou afetiva).
    • Pansexuais: pessoas que se sentem atraídas de forma romântica, sexual ou afetiva independentemente do gênero e do sexo.

    Vale ressaltar que a sigla LGBTI+ é considerada um termo guarda-chuva, que abrange várias pessoas diferentes. “Há uma diversidade na diversidade”, lembra Toni Reis.

    E por que incluí-las em uma mesma comunidade? Reis explica: por uma questão política. “O que nos une, infelizmente, é a discriminação e a violência”, diz o ativista. “A sigla é para conseguirmos nos organizar e mostrar que precisamos de políticas públicas para que as pessoas tenham livre orientação sexual e identidade e expressão de gênero.”

    Qual o caminho para uma sociedade mais tolerante?

    Foto: Shutterstock

    São muitas as medidas a serem tomadas. É necessário que o respeito e a tolerância sejam incentivados em todos os cantinhos da sociedade por meio da ação de vários agentes, do campo público ao privado. Um bom primeiro passo, nesse sentido, é a educação.

    “Queremos que a escola seja um momento de civilização e que seja ensinado como respeitar o outro”, defende Reis. “A ideia é que as pessoas aprendam a conviver harmonicamente dentro da escola, para assim diminuir o preconceito, a discriminação e a violência”, propõe.

    E é claro que, se você já passou da fase escolar, ainda há muito a fazer. Observe, por exemplo, se seu local de trabalho é inclusivo e reconhece o nome social das pessoas (aquele pelo qual indivíduos trans se identificam, divergindo do nome de registro).

    Também é fundamental respeitar os pronomes pelos quais cada um quer ser chamado. Ficou na dúvida? Pergunte educadamente qual seria a forma apropriada.

    Não feche os olhos para “piadas de mau gosto” contadas por familiares ou amigos. Essas “brincadeiras” são, na verdade, ofensas que contribuem para disseminar o preconceito e a discriminação e devem ser corrigidas.

    Comece mudando a realidade que está mais próxima de você. E não limite essas ações ao mês de junho.

    Referências: Manual de Comunicação LGBTI+, do Grupo Dignidade; LGBTQIA Resource Center Glossary, da Universidade da Califórnia em Davis.

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