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Como ter uma relação mais saudável com a comida?

A reconexão com a alimentação passa por um processo de autoconhecimento

Por Samantha CerquetaniPublicado em 22/04/2022, às 17:05 - Atualizado em 25/05/2023, às 15:44
Foto: Shutterstock

Quem nunca comeu um bombom (ou vários) depois de um dia estressante? A gente sabe que nem sempre a nossa relação com a comida é saudável.

Muitas vezes, os alimentos servem como válvula de escape para as nossas emoções. O problema é quando essa atitude, que parece inofensiva, vira rotina e afeta a nossa saúde.

Com a pandemia, essa relação que já não andava muito saudável, sofreu um impacto. Não é de hoje que diversos estudos demonstram: costumamos comer mais quando estamos tristes, ansiosos ou até mesmo entediados. E, para muita gente, esses sentimentos foram potencializados nesse momento de tantas incertezas.

E, para que a comida deixe de ser usada como recompensa, o primeiro passo é nos conhecermos melhor. E entendermos que todo tipo de alimento pode fazer parte da nossa vida; não existem vilões ou mocinhos. Estabelecer regras muito restritivas e rígidas só piora a nossa relação com os alimentos.

“Todos nós comemos diariamente. Se estivermos em guerra com a comida, o momento de refeição será de muito sofrimento, que se repetirá ao longo dos dias e poderá levar a doenças, como é o caso dos transtornos alimentares”, afirma Vera Salvo, nutricionista e conselheira do CRN-3 (Conselho Regional de Nutricionistas 3ª Região).

Durval Ribas Filho, nutrólogo e presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia) concorda e afirma que os alimentos não servem apenas para a nossa sobrevivência. “A relação que se tem com a comida envolve afetos, lembranças e está dentro de um contexto cultural e social”.

Nós sabemos que não é fácil mudar a rotina de um dia para o outro e nem esperamos que você faça isso. Mas é importante começar!  A seguir, veja 7 dicas para ter uma relação mais saudável com a comida.

Foto: Shutterstock

1. Deixe de lado a mentalidade da dieta

Você sabia que manter dietas restritivas podem comprometer a saúde e até causar transtornos alimentares? Por isso, é importante abandonar a falsa esperança de perder peso de forma rápida e simples, ou seja, sem exercícios físicos regulares e sem uma reeducação alimentar.

Para Débora Palos, nutricionista do Hospital Nove de Julho, as “dietas da moda” estão quase sempre fadadas ao fracasso no médio e longo prazos. “Privar-se exageradamente é uma atitude que não se mantém por muito tempo, logo a pessoa desiste da dieta, o que pode gerar culpa e frustração”, complementa.

Comer menos do que o necessário também deixa o metabolismo mais lento, já que ele passa a poupar energia, ou seja, “viver no modo econômico”. Logo, perder peso vai ficando cada dia mais difícil. Sem contar que podem surgir sintomas como moleza e dor de cabeça, além de eventuais perdas musculares e deficiências nutricionais.

2. Reconheça os sinais de fome e saciedade com a atenção plena

Você consegue perceber quando está satisfeito? Essa atitude é fundamental para evitar os excessos alimentares. A questão da saciedade nas refeições está ligada também à velocidade da ingestão dos alimentos.

“Algumas pessoas comem tão rapidamente que não dá tempo de o corpo liberar substâncias que sinalizam ao cérebro que é hora de parar. É importante separar um tempo para fazer as refeições com tranquilidade, devagar e mastigando muito bem”, afirma Vera Salvo.

Além disso, os especialistas recomendam ter uma atenção plena ao comer, sentindo sabores e texturas dos alimentos. Nada de distrações como televisão ou celular. Senão, a tarefa de perceber quando se está satisfeito fica bem difícil. Muitas vezes, acabamos comendo mais do que precisaríamos sem que a gente perceba.

3. Coma com prazer

Poucas coisas dão mais prazer que dividir uma bela refeição com familiares ou amigos. Fazer as “pazes” com a comida é o caminho para resgatar o prazer desses momentos.

Claro: devemos investir em escolhas alimentares saudáveis e que proporcionem as quantidades calóricas e a qualidade de nutrientes que o corpo precisa. Mas o prazer ao comer é tão importante quanto. Até para você se sentir de fato satisfeito.

4. Tenha um olhar neutro em relação aos alimentos

É provável que você já tenha ouvido falar que determinado alimento é o “vilão” da dieta enquanto outro produz efeitos “milagrosos” no corpo. Muitas vezes, os alimentos são classificados em “bons” e “ruins”, o que atrapalha a nossa boa relação com a comida.

Lembre-se sempre: nenhum alimento sozinho tem o poder de emagrecer ou engordar. Mas, claro, há aqueles em que devemos apostar com mais frequência e aqueles que deveriam ser consumidos com mais parcimônia e consciência.

Manter um olhar neutro sobre a alimentação diminui julgamentos desnecessários. E isso também melhora os hábitos alimentares, já que eles não são usados como castigo ou recompensa. E contribui para cultivarmos uma relação mais harmoniosa e menos conflituosa com a comida e o corpo”, afirma Vera Salvo.

Foto: Shutterstock

5. Aprenda a lidar com as emoções sem usar a comida

Estresse, desânimo, tristeza, ansiedade, insegurança…a lista de sentimentos conflitantes é extensa. Porém, a alimentação não deveria ser um mecanismo para aliviar os problemas emocionais. 

É preciso buscar outras formas de regular as emoções e lidar com as dificuldades do cotidiano. “Vale a pena entender o modo de comer e observar o comportamento e/ou pensamentos e crenças disfuncionais. Identificar quando os sentimentos estão sendo ‘descontados’ na alimentação e como melhorar essa questão”, afirma Débora Palos.

Nesse sentido, um terapeuta pode ser um grande aliado no processo de reconexão com a comida. E pode ajudar a entender quando você tem fome e quando tem apenas vontade de comer.

6. Não julgue seu prato ou o dos outros

Se você tiver vontade de tomar um sorvete, permita-se! Você não precisa ficar justificando o tempo todo suas escolhas alimentares. Por outro lado, evite também julgar as refeições alheias. Comer bem e de forma saudável é um processo que leva tempo e paciência. 

7. Procure ajuda profissional

A relação com a comida é complexa e não deve se ater aos nutrientes e calorias dos alimentos. Se possível, procure nutricionista ou nutrólogo para entender melhor quais são suas necessidades e aprender a fazer as pazes com a comida.

Procure um profissional que respeite sua história de vida e preferências. Que olhe você como um todo, inclusive considerando suas emoções. E fuja daqueles que rotulam a comida e impõem restrições excessivas.

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