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    Tomar remédio para insônia resolve o problema?

    Tratamento mais indicado para o distúrbio é a terapia cognitivo-comportamental

    Por Tiemi OsatoPublicado em 07/06/2022, às 10:14 - Atualizado em 25/05/2023, às 16:12
    Foto: Shutterstock

    Demorar para pegar no sono, acordar no meio da noite, ou então despertar muito antes do planejado e não voltar a dormir: são esses os três tipos de insônia. Recebem o nome, respectivamente, de insônia inicial, de manutenção e terminal. Mas não é só porque você dormiu mal uma ou duas vezes que obrigatoriamente tem algum distúrbio do sono. 

    “Insônia é quando você tem uma oportunidade adequada para o sono, como horário e ambiente ideais, mas tem dificuldade para dormir e isso gera consequências diurnas”, explica Rosa Hasan, coordenadora do Centro de Sono do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e responsável pelo Laboratório de Sono da Faculdade de Medicina do ABC. 

    Seja por causa da qualidade ou da quantidade de sono, noites mal dormidas prejudicam a produtividade, o bem-estar físico, a memória, a atenção e o humor de uma pessoa. Essa situação, para ser diagnosticada como insônia por um profissional especializado, precisa ocorrer ao menos três vezes por semana, durante três meses. 

    E, por mais que pareça prático, tomar um remédio não é sinônimo de solução para a insônia. Isso porque ela pode ter múltiplas causas — muitas das quais estão atreladas a comportamentos e hábitos individuais de cada um. 

    Além disso, há casos em que a insônia não é considerada um distúrbio em si, mas um sintoma. Ela pode ser efeito de transtornos de ansiedade, de um quadro de depressão ou de alguma dor no corpo, por exemplo. 

    Remédio para insônia pode ajudar?

    Depende. Em primeiro lugar, um médico deve fazer uma avaliação e identificar, com precisão, a causa da insônia. “E a gente precisa deixar bem claro que as diretrizes mundiais preconizam que a melhor forma de tratamento da insônia é a terapia cognitivo-comportamental (TCC)”, afirma Márcia Assis, neurofisiologista e vice-presidente da Associação Brasileira do Sono (ABS). 

    A TCC é uma abordagem que, baseada em uma série de técnicas, auxilia o paciente a melhorar os hábitos e a não pensar excessivamente sobre o problema de não dormir (o que pode atrapalhar o sono). “É uma alternativa não medicamentosa, considerada o padrão longo para o tratamento da insônia”, comenta Assis. 

    Há circunstâncias, no entanto, que demandam também o uso de fármacos — e são muitas as opções disponíveis, variando de substâncias fitoterápicas a antidepressivos. Mas nem todos os medicamentos hoje utilizados são recomendados para insônia ou possuem eficácia comprovada cientificamente.  

    +LEIA MAIS: Melatonina: entenda para quê serve e como usar

    Outro ponto de atenção é a especificidade de cada paciente. As insônias inicial, de manutenção e terminal têm suas próprias características. Existem remédios com meia vida mais longa, outros cujo efeito é mais rápido, aqueles que podem acarretar consequências no dia seguinte, os que só podem ser usados por um tempo determinado… Daí a importância de consultar um médico especializado. 

    “Tem que tomar cuidado com qualquer classe desses medicamentos, porque eles são de alto risco”, observa Rosa Hasan. O uso incorreto pode causar dependência, levar à sedação durante o dia, ou até fazer com que o indivíduo acorde no meio da noite e não se lembre do que fez (por exemplo: se sofreu uma queda, comeu ou enviou mensagens). 

    Como dormir melhor?

    Responder a essa pergunta implica entendermos um pouquinho a lógica do nosso organismo. É fundamental ter em mente que nos organizamos em 24 horas — esse mecanismo é chamado, tecnicamente, de ciclo circadiano. 

    “A partir da meia noite até o meio-dia, uma glândula fica liberando cortisona”, exemplifica Luiz Fernando Lobo, do Laboratório do Sono do Hospital Santa Paula. “O corpo vai utilizando aquilo e, quando dá meia noite, a cortisona está zerada. E assim segue o ciclo.” 

    Esse ritmo se aplica a outros hormônios e funcionalidades do corpo. Para que tudo esteja em ordem quando acordamos, o sono deve ocupar, nesse ciclo, um período de seis a oito horas. “Você tem que ter um repouso para poder reorganizar o motor, senão aquece demais”, diz Lobo. 

    O descanso adequado, explica ele, é favorecido por alguns fatores:

    • Um quarto escuro, sem som e sem luz (dessa maneira, o cérebro não recebe impulsos inesperados e não precisa processá-los. Assim, conseguimos relaxar e dormir)
    • Estar exposto à luz do dia pela manhã
    • Suspender a cafeína a partir das 15 horas
    • Ter horários regulares para acordar e dormir
    • Evitar o uso de celular e telas próximo do momento de repouso
    • Não consumir alimentos muito pesados antes de deitar
    • Evitar cigarro e bebidas alcoólicas

    E uma dica extra: a prática regular de exercícios físicos pode ajudar não apenas no relaxamento do corpo como também contribuir para driblar a sensação de uma noite mal dormida.

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