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    Por que rir pode ser bom para o corpo e a mente

    A risada pode mexer com o nosso cérebro, nossos vasos sanguíneos e até nossas relações sociais

    Por Tiemi OsatoPublicado em 06/11/2022, às 10:00 - Atualizado em 25/05/2023, às 19:33
    Imagem: Shutterstock

    Liberação do hormônio da felicidade, diminuição do hormônio do estresse, alívio da tensão e efeitos positivos sobre os sistemas imunológico e cardiovascular. Pesquisadores acreditam que esses são alguns dos benefícios que o ato de rir (por alegria, e não nervosismo ou vergonha) pode desencadear no nosso organismo.

    Vale dizer, no entanto, que a ciência do riso ainda não tem grandes certezas. A risada é difícil de ser estudada, uma vez que pode ser provocada por uma série de motivos e estar inserida em contextos variados.

    Fato é que pesquisadores da biologia, da psicologia e da neurociência têm explorado essa área. E os trabalhos apontam para o potencial da risada de melhorar o nosso bem-estar físico e psicológico.

    Neste 6 de novembro, data em que se comemora o Dia Nacional do Riso, te convidamos a entender um pouco mais sobre o assunto.

    Como a risada afeta o corpo?

    Vamos começar pelo cérebro: rir ativa as mesmas áreas do cérebro responsáveis por controlar as emoções – incluindo o medo e a ansiedade.

    Quando rimos, liberamos substâncias como endorfina (hormônio da felicidade) e dopamina (neurotransmissor do prazer). Já os níveis de cortisol (hormônio do estresse) diminuem. Todo esse pacote contribui para aliviar a tensão.

    Outro fenômeno decorrente do riso é o estímulo à onda cerebral gamma. Ela está relacionada ao processamento das informações, à memória, à lembrança e à função cognitiva.

    E os benefícios não ficam restritos à nossa mente. Rir pode aumentar o fluxo sanguíneo, os batimentos cardíacos e a respiração por um curto período, promovendo uma sensação de relaxamento em seguida. Esses processos seriam similares àqueles que sucedem a realização de um exercício aeróbico, mas em escala menor.

    Rir também pode fazer bem para o sistema cardiovascular, porque libera óxido nítrico. Esse é um gás capaz de relaxar o endotélio (membrana que reveste internamente os vasos sanguíneos) e auxiliar na redução da inflamação vascular.

    Além disso, o riso pode intensificar a atividade de anticorpos e das chamadas células assassinas (NK), favorecendo o sistema imunológico.

    Forçar um sorriso também pode trazer benefícios?

    Essa é uma pergunta sem resposta definitiva. Mas existem alguns estudos sobre a questão. Primeiro, é preciso considerar duas categorias de sorriso estabelecidas por psicólogos sociais: o sorriso de Duchenne e o sorriso fabricado. O primeiro é genuíno, enquanto o segundo é falso.

    Os sorrisos falsos ou fabricados geralmente só usam o músculo próximo aos cantos da boca, chamado zigomático maior. Já os sorrisos de Duchenne utilizam esse músculo e também o músculo orbicular do olho – que não é muito fácil de ser acionado se não houver espontaneidade.

    Pesquisadores acreditam que exercitar os músculos zigomático maior e orbicular do olho pode aumentar nosso bem-estar.

    Isso porque quando nosso cérebro está feliz, sinais neuronais fazem com que os músculos faciais esbocem um sorriso. Quando esses músculos contraem, eles mandam outro sinal para o cérebro, que acaba aumentando a produção de endorfina.

    Os sorrisos de Duchenne também parecem ter um impacto positivo na saúde física. Em um experimento da Universidade do Kansas, nos Estados Unidos, participantes foram divididos em três grupos: os que imitavam o sorriso de Duchenne, os que reproduziam um sorriso fabricado e os que não faziam expressão facial alguma.

    Todos foram submetidos a tarefas estressantes, nas quais o batimento cardíaco aumentou. Os pesquisadores notaram que, após a conclusão das atividades, os integrantes do grupo do sorriso de Duchenne conseguiram voltar a taxas de batimento calmas mais rapidamente do que o restante.

    E rir pode contribuir para a socialização?

    Bastante! Os seres humanos são animais sociais. Por mais que você goste de ficar quietinho no seu canto vez ou outra, interação social te faz bem. E ela pode ser fortalecida por meio da risada.

    Afinal de contas, a risada é um fenômeno altamente social. Sim, você pode rir sozinho. Mas é bem provável que ria com mais frequência e mais intensidade quando está com outra pessoa – principalmente se vocês forem próximos.

    Rir com alguém significa que vocês compartilham, em alguma medida, uma visão de mundo. Isso enfatiza a conexão existente entre dois ou mais indivíduos, contribuindo para a manutenção (e até o surgimento) das relações sociais.

    Referências: Can Laughter be Therapeutic?, da revista Yale Scientific, da Universidade Yale; How Laughter Brings Us Together, da revista Greater Good, da Universidade da Califórnia em Berkeley; Laughter: A fool-proof prescription, da Universidade Loma Linda; Laughter boosts blood-vessel health, da revista científica Nature;  Laughter across the Animal Kingdom, from Rats to Humans, da revista Yale Scientific, da Universidade Yale; Psychological, immunological and physiological effects of a Laughing Qigong Program (LQP) on adolescents, da revista científica Complementary Therapies in Medicine; Robert Provine: the critical human importance of laughter, connections and contagion, da revista Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences; The Healing Benefits of Humor and Laughter, do Departamento dos Assuntos de Veteranos dos Estados Unidos; The Subtle Smile, da revista Yale Scientific; You Asked: Does Laughing Have Real Health Benefits?, de Lee Berk, professor e pesquisador da Universidade Loma Linda.

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