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    Saúde mental da população LGBTQIA+ piorou nos últimos anos

    Ansiedade e depressão aumentaram bastante durante e após a pandemia

    Por Samantha CerquetaniPublicado em 05/09/2022, às 18:01 - Atualizado em 25/05/2023, às 15:51
    Foto: Shutterstock

    Sair de casa e não saber se vai voltar, ser perseguido ou sofrer violência física ou verbal devido a sua orientação sexual. Esta é a realidade de grande parte da população LGBTQIA+.

    O Brasil está na lista dos países que mais mataram pessoas trans em todo o mundo: foram 140 assassinatos de travestis e transexuais em 2021, de acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais.

    Além disso, pesquisas apontam que, com a pandemia, 55% da população LGBTQIA+ teve piora na saúde mental. Entre os motivos, estão as dificuldades financeiras e a perda da rede de apoio provocada pelo distanciamento social, além da falta de políticas públicas de apoio à comunidade.

    Ansiedade e depressão

    Grande parte da população LGBTQIA+ apresenta depressão e ansiedade. Devido ao preconceito, essas pessoas podem desenvolver um transtorno mental por estarem mais vulneráveis a serem vítimas de violência em seu cotidiano.

    Algumas outras questões apontadas pelos especialistas sobre os transtornos mentais na população LGBTQIA+:

    • O fato de não serem aceitos por parte da família. Muitos são expulsos do círculo familiar ou ofendidos constantemente por parentes;
      Estão mais propensos a sofrer conflitos e assédio no trabalho em comparação com seus colegas heterossexuais e cisgêneros. Uma pessoa que é cisgênero tem uma identidade de gênero que corresponde ao sexo que lhe foi atribuído no nascimento;
    • Há maior risco de abuso verbal, físico e sexual em jovens transgêneros em comparação com jovens cisgêneros;
    • Tendem a experimentar maior isolamento social do que a população em geral, o que pode dificultar o acesso a apoio e tratamento;
    • Estão mais suscetíveis ao uso abusivo de drogas, automutilação e uso de álcool e também ao suicídio.

    Vale destacar que, embora os jovens LGBTQIA+ possam estar em risco de desenvolver depressão ou ansiedade por não serem aceitos ou marginalizados por sua identidade, eles também podem desenvolver as condições por outros motivos, assim como qualquer outra pessoa.

    É importante buscar ajuda

    Pode não ser fácil, mas buscar ajuda é fundamental para ter mais qualidade de vida e melhorar a saúde mental.

    Um terapeuta capacitado contribui para que o indivíduo aceite a sua orientação sexual, lide melhor com seu corpo, com os comportamentos discriminatórios, baixa autoestima e o medo da violência.

    Também faz a diferença conversar com alguém de confiança: compartilhar o que está sentindo e as experiências pode ajudar o indivíduo a se sentir melhor.

    Apoio da família e acesso à saúde

    As famílias também desempenham um papel fundamental na prevenção de transtornos mentais da população LGBTQIA+. Eles podem não conseguir controlar a forma como o mundo responde ao seu filho ou filha, mas podem oferecer o apoio de que precisam em casa.

    É fundamental que desde criança a pessoa se sinta acolhida, amada e respeitada. Os pais e cuidadores não devem obrigá-la a ter comportamentos diferentes, usar roupas que não se sintam confortáveis, expor ou questionar sua orientação sexual.

    Além disso, a população LGBTQIA+ deve ter acesso a serviços de saúde de forma integral e os profissionais precisam eliminar a discriminação e o preconceito, contribuindo para a redução das desigualdades e reforçando a inclusão de identidade de gênero e de orientação sexual.

    Fonte: Christiane Ribeiro, psiquiatra e diretora da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

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