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    Sinais de alerta que ajudam a prevenir o suicídio

    São vários os fatores que podem levar ao suicídio, e o apoio profissional é peça-chave na prevenção

    Por Tiemi OsatoPublicado em 09/09/2022, às 11:35 - Atualizado em 25/05/2023, às 15:21
    Foto: Shutterstock

    Não há uma única causa e tampouco um único caminho para lidarmos com o suicídio. Apesar disso, existem alguns indícios aos quais podemos nos atentar e informações que podemos ter em mente para ajudar na prevenção desse problema de saúde pública.

    Em primeiro lugar, é importante entender os dois principais fatores de risco para o suicídio: ter um histórico com tentativa de suicídio e ter algum transtorno mental.

    Pessoas que já tentaram interromper a vida são até seis vezes mais propensas a tentarem novamente, de acordo com a cartilha Suicídio: informando para prevenir, elaborada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

    E a comunidade médica reconhece também que certas doenças mentais apresentam maior relação com o suicídio. É o caso da depressão, do transtorno afetivo bipolar, do alcoolismo, de transtornos de personalidade, da esquizofrenia e da dependência de drogas psicoativas.

    Essa associação foi vista, por exemplo, em um estudo baseado na revisão de 31 trabalhos científicos publicados entre 1959 e 2001. O artigo, disponível na revista médica World Psychiatry, revelou que havia um transtorno mental passível de diagnóstico em 98% dos 15.629 suicídios incluídos nas pesquisas.

    Outros fatores de risco para o suicídio destacados pelo CFM e pela ABP são: doenças clínicas não psiquiátricas, eventos adversos na infância ou na adolescência – como maus tratos e abuso físico ou sexual – e sentimentos de desesperança, desamparo ou desespero.

    “O suicídio é influenciado por questões biológicas, ambientais (as situações particulares que a pessoa tem vivenciado) e sociais, como preconceitos, bullying e até problemas ligados à classe social”, explica Anna Flávia Lima, psicóloga especialista em prevenção do suicídio.

    +LEIA MAIS: Saúde mental da população LGBTQIA+ piorou nos últimos anos

    Sinais de alerta

    Lima também elenca cinco indícios que podem auxiliar na identificação do comportamento suicida:

    1. Isolamento

    A dificuldade para se comunicar com outras pessoas e a falta de vontade de encontrar com amigos ou familiares podem indicar que alguém está tendo pensamentos suicidas.

    Isso pode vir acompanhado de um semblante de tristeza ou choro, mas também pode acontecer com um indivíduo que aparenta estar bem.

    2. Discursos de autoextermínio

    Outro sinal de alerta são falas que demonstram autodesvalorização ou vontade de não existir mais, como “vocês estariam melhores sem mim”, “eu não sou importante para ninguém”, “queria dormir e não acordar mais”, “não aguento mais estar aqui”.

    3. Resolução de pendências

    O indivíduo pode querer resolver uma série de situações sem que haja um motivo claro. Ele pode buscar um desfecho para algum desentendimento antigo, por exemplo, ou começar a procurar informações sobre seguro de vida e plano funerário.

    4. Desapego de coisas importantes

    A pessoa com ideação suicida pode tentar dar um destino a coisas importantes, para que elas não fiquem desamparadas.

    “Às vezes pergunta se alguém não poderia ficar cuidando do bichinho de estimação dela”, exemplifica Anna Flávia Lima. “A pessoa também pode começar a se desfazer das coisas, como um livro que ela gosta muito”, acrescenta.

    5. Sintomas depressivos

    “A depressão não é uma regra para o suicídio, mas acontece muito de pessoas deprimidas terem ideação suicida”, diz Lima.

    Os principais sintomas ligados a esse quadro são tristeza constante, falta de energia, apatia e perda de prazer em fazer coisas que antes eram interessantes para aquele indivíduo.

    Como ajudar na prevenção do suicídio

    Estando na posição de um indivíduo não especializado para lidar com suicídio, você pode tentar conversar com a pessoa que está em risco e se fazer presente o máximo possível, deixando claro que quer dar suporte sempre que necessário.

    Além de sugerir que ela procure ajuda profissional, dê um passo a mais e se junte a ela, de forma ativa, nessa busca por cuidados profissionais.

    E, claro, empatia é a palavra de ordem. “Quando uma pessoa está se afogando, não é hora de ensiná-la a nadar”, afirma Lima. “Em vez de dizer como ela deve mexer os braços e as pernas para sair da água, jogue a boia”, completa a psicóloga.

    Importante lembrar que a melhor boia é a ajuda especializada. Psicólogos e psiquiatras especialistas em suicídio podem ser encontrados em clínicas, universidades que oferecem atendimento gratuito e unidades municipais do Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

    Ligar 188, para o Centro de Valorização da Vida (CVV), também é uma opção, mas para casos emergenciais. “É um acolhimento para a hora do desespero, só que não é um atendimento terapêutico, então não anula a necessidade de buscar um tratamento especializado depois”, ressalta Lima.

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