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Síndrome de Tourette: conheça o transtorno

Saiba mais sobre a doença neurológica que torna os impulsos incontroláveis

Por Raquel RibeiroPublicado em 11/10/2022, às 15:43 - Atualizado em 25/05/2023, às 13:46
Síndrome_TouretteFoto: Shutterstock

Uma síndrome que atinge 0,6% da população e que é caracterizada principalmente por tiques, movimentos e sons involuntários. A falta de conhecimento e compreensão sobre a síndrome de Tourette pode causar muito constrangimento com olhares tortos e risadas que afetam a autoestima da pessoa com a condição.

Muito semelhante à compulsão das pessoas que têm TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), antes da manifestação do tique, a pessoa sente uma necessidade incontrolável que a faz manifestar a ação mesmo consciente da sua inadequação.

Porém, como vamos ver ao longo deste texto, a síndrome de Tourette não representa nenhuma incapacidade psíquica ou social, sendo apenas uma condição que deve ser respeitada e compreendida.

O que é síndrome de Tourette?

A síndrome de Tourette (ST) é caracterizada pela presença de múltiplos tiques motores e pelo menos um tique vocal, cuja duração é maior do que um ano. Afeta os homens três a quatro vezes mais do que as mulheres e os pacientes gravemente afetados geralmente apresentam tiques mais complexos, como imitação de gestos, frases e repetição de palavras e sílabas. 

Causas da síndrome de Tourette

Não existe um consenso sobre a origem da síndrome. O que se sabe é que ela pode ter um fator genético ou ser causada pelo desequilíbrio de informações entre os neurônios. Mas o fato é que ela costuma estar associada aos transtornos ansiosos, como TOC, fobias e outros transtornos de ansiedade

Sintomas

Os primeiros sintomas surgem ainda na infância, mas muitas vezes podem passar despercebidos nessa fase da vida, tanto por conta dos tiques que acontecem em menor intensidade, quanto pela alternância deles, confundido os familiares como se fosse apenas uma mania.

Apesar de ser mais comum na infância, a síndrome pode surgir até antes dos 21 anos de idade. “Muitas vezes é acompanhada por transtornos que afetam o comportamento, o aprendizado e o humor”, explica Amanda Medeiros, médica clínica geral integrativa da Clínica Gravital. Confira outros sintomas comuns:

  • Tiques motores: repetição de gestos obscenos, repetição de movimentos de outras pessoas, piscar os olhos repetidamente;
  • Tiques vocais: repetição de palavras obscenas, reprodução ou imitação de ecos de palavras que a própria pessoa acabou de dizer, gemidos, repetição de palavras ou frases que ouve de outras pessoas, gagueira.

A seguir, esclarecemos as perguntas mais feitas pelos leitores na internet sobre a síndrome de Tourette:

Quem tem síndrome de Tourette diz muitos palavrões?

Um dos sintomas mais perceptíveis, apesar de atingir apenas uma pequena parte das pessoas com a síndrome de Tourette, é a coprolalia, ou seja, ato involuntário de dizer palavras obscenas. A pessoa não consegue segurar, mesmo sabendo que é impróprio, pois se trata de uma reação a um estímulo intenso, como uma coceira. Isso acaba trazendo prejuízos sociais em todos os aspectos da vida.

“Além da coprolalia, também pode acontecer a copropraxia, onde o indivíduo faz gestos obscenos, por exemplo, levantando o dedo do meio, também de forma involuntária”, diz Danielle H. Admoni, psiquiatra geral, preceptora na residência da Escola Paulista de Medicina UNIFESP e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

É importante lembrar que falar muitos palavrões por si só não significa ter transtorno psiquiátrico. Para isso, é necessário se somar a outros sintomas.

Síndrome de Tourette é autismo?

Não. Algumas pessoas fazem essa associação porque um grande número de pessoas com a síndrome de Tourette também são autistas. Estima-se que 85% dos indivíduos com Tourette apresentam também outras condições neuropsíquicas, dentre elas o autismo, de acordo com um relatório do CDC (Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos).

Síndrome de Tourette tem cura?

A síndrome de Tourette é uma desordem que não tem cura. Porém, com a melhora da ansiedade e o eventual uso de antipsicóticos, fármacos usados no tratamento de diversos distúrbios psíquicos, há uma grande melhora dos sintomas e, consequentemente, uma evolução na qualidade de vida dos pacientes.

Tratamento

Foto: Shutterstock

“A abordagem geralmente é multidisciplinar e costuma envolver neurologista, psiquiatra e terapeuta que atua por meio de TCC (terapia cognitiva comportamental)”, diz a psiquiatra. Essa terapia consiste em ajudar o paciente identificando os padrões, hábitos, pensamentos e crenças que influenciam negativamente seu comportamento.

Como os tiques estão, na maioria das vezes, associados com quadros de piora da ansiedade, uma das linhas de tratamento consiste em diminuir os fatores que geram estresse e ansiedade.

“Em alguns casos podem ser tentadas aplicações locais de toxina botulínica para diminuição dos tiques. O uso de antipsicóticos específicos em doses baixas também podem ser recomendados e costumam apresentar um bom resultado”, afirma Amanda Medeiros.

Além disso, esportes, meditação e ioga também podem ser ótimos aliados ao tratamento, pois promovem o relaxamento, diminuem a ansiedade, o estresse e, consequentemente, os tiques.

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